70° capítulo

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John Miller.

— sabe que nem adianta fechar a carta bonitinha desse jeito, não é? — diz, enquanto pega a mesma por debaixo da grade e sobre o balcão, na sala de envio onde também é nossa farmácia.

— o Natal é em dois dias, eu quero que meus filhos recebam a carta até lá. — com sorte, chegaria amanhã.

— hum... E não vai ter nenhum atentado aqui, certo? — ele me olha torto, com aquele rosto fino e olheiras fundas, usando o seu jaleco branco. — e uma carta só? Para todos seus filhos? — dou um sorriso gentil.

— uma está bom, eles estão todos juntos. — dou um sorriso terno, mas ele suspira. — eu não escrevi aquilo, doutor. E você sabe bem. — céus, minha pequena deve estar em apuros, escondida.

Mas eu a criei, ela deve estar mais bem do que qualquer outra pessoa.

— é, eu acredito em você. — o vejo jogar a carta pelo envio dentro da parede, que desliza até o térreo e lá a carta é enviada corretamente. Antes claro, passando pelos policiais. — aqui estão as suas vitaminas. — me entrega um pequeno copo de plástico, ao qual continha quatro comprimidos. — pra cabeça, coração, a sua dor nas costas e...

— minha sanidade mental. — termino a frase, enfiando tudo na boca e engolindo a seco. — é minha droga favorita. — riu negando. — almoço?

— mais tarde, mas guarda um pudim de chocolate pra mim. — aponta o dedo pra mim como um aviso firme e dou um sorriso nobre logo saio andando.

Cumprimento todos os meus conhecidos, evitando os gangster malucos ou os novos que ainda não estão acostumados comigo.

Também faço questão de dar um oi aqueles que temem ao meu nome. Geralmente esses são mais novos.

Já ouvi dizer que seus pais contavam histórias sobre mim, caso eles não terminassem uma refeição ou fossem mal criados. O John Miller sempre voltaria pra puxar seus pés a noite.

Mas não me interesso por crianças, mata-las é sem graça. É triste que criaram esse mito sobre mim.

Pego a minha bandeja com comida e um pudim de chocolate, logo me dirigindo até a mesa cheia de meus amigos.

Somos a gangue mais perigosa da prisão, mas não cometemos crimes aqui, não enquanto estou a um passo da liberdade.

Grande maioria está aqui por assassinato, estupro e tortura. Não me veria bem em outro grupo.

— soube da notícia? — nego enquanto enfio o garfo com aquela gororoba de milho na boca.

— tiraram o Jeff da solitária hoje. — dou de ombros, após outro falar antes do amigo.

— irrelevante. — afirmo, sem interesse.

— sabe o que não é interessante? — pergunta o grandalhão. Entramos juntos, mas ficamos em alas separas.

Enquanto eu não tinha privilégios, ele tinha, mesmo que tenha matado seus dois filhos e três enteados.

— o silêncio que você criou depois que pegou um bom advogado. — todos eles começaram a murmurar e a concordar com o grandalhão.

— foi o estado que me concedeu ele. — alego, concentrando a atenção na comida.

— é, mais você não disse que ele era bom. — disse outro.

— e que trabalha com a Sarinhah. — largo o garfo de plástico sobre a bandeja com força, engolindo a comida de forma rápida.

— não fala dela. — peço segurando a raiva.

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