51° capítulo

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Sarah.

O dia se estendia conforme eu perdia horas trocando mensagens de áudio com alguns clientes.

Brutus continuava deitado sobre o tapete, bem comportado. Já havia comido a exatas 1:30 e eu, prometendo fazer o mesmo "daqui a pouco", e já se passaram tudo isso e ainda estou aqui.

Resolvo dar uma pausa e aviso a Brutus que estou saindo, pedindo que ele fique lá com sua matinha do homem aranha. Claro, falando com palavras que ele entendesse fácil.

Com sorte, Clare já havia passado em minha sala avisando que trouxe almoço pra mim e que estava na geladeira, assim não precisaria pedir ou ir buscar.

Era uma comidinha com batata frita e eu só esquentei no microondas.

Nesse meio tempo, por obra do destino, claro, Daniel adentrou a cozinha.

Ele deu um sorriso depois de me dar boa tarde, e eu apenas sorri a ele, me segurando para não perguntar sobre Matt, mas não deu muito certo.

— Daniel. — aperto os lábios um no outro.

— fala, baixinha. — eu estava de costas e respirei fundo antes de me virar a ele.

— ele tá bem? — o ódio me tomou conta.

— Matt? — não não, o pateta. — ah, foi pra casa esses dias. — o vejo mexer o seu café com uma colher pequena. — não quer voltar ainda, tá com vergonha de ter que andar de muleta. — riu, como se fosse a maior graça.

— e ele vai voltar? — foda-se o resto, eu só queria saber disso.

Daniel me olhou sério que até seu café parou de mexer.

— ele ainda é sócio também. — não falou como se fosse óbvio, na verdade disse meio receoso a mim.

Eu apenas suspirei ouvindo o microondas aptar na bancada ao lado.

— se te faz se sentir melhor, pode abrir um processo onde diz que ele não pode chegar tão perto e nem se dirigir a você. Posso te ajudar com isso. — eu não me movo até o momento, pensando no futuro quando ele voltar.

Acho que Brutus vai ter que vir trabalhar comigo todos os dias pelo visto.

— não precisa ficar contra o seu amigo. — vou pegar minha comida. — afinal, trabalhamos no mesmo corredor e essa cozinha é de todo mundo, assim como os andares e todo o resto. Acabaria me esbarrando com ele de qualquer maneira.

— eu disse que ele sairia, lembra? — concordo e murmuro, ainda de costas enquanto procuro um garfo específico. — só que ele não quer trocar de empresa e nem vender sua parte. — eu não tive respostas.

Não consigo acreditar que mesmo depois de tudo, ele ainda ache saudável vir trabalhar perto de alguém que sofreu em suas mãos.

E sofreu naquelas né, eu não tive mágoas ou algo do tipo, nem mesmo um trauma gigantesco.

Mas porra, eu acordava dolorida, fui traída por ele quando ele me levou bêbada pra um quarto e me tratou mal sabendo que isso era contra as regras, e depois de tudo eu tive que abortar por causa dele!

— já conversei com ele, o pai dele também. — pego uma garrafinha de água na geladeira, ao qual estava lacrada.

— isso não basta Daniel, e agradeço a sua preocupação e o seu cuidado, mais não basta. — respiro fundo. — ele vai fingir que nada aconteceu, ou se não vai achar que um pedido de desculpas pode fazer tudo voltar a ser como era.

— eu entendo isso. — se aproximou. — ele realmente foi um merda, um babaca. — engulo em seco.

— se hoje estamos separados e a Amber não fala mais comigo e nem com a Clare e vise versa, é por causa dele. — o encaro por dois segundos até que dou a volta e saio da cozinha.

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