53° capítulo

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Sarah.

Jay estava quieto, não falava nada e parecia pensativo.

Também o meu feijão estava quase ficando pronto e eu já havia dado início ao arroz, deixando por último a carne. 

As coisas tendem a ficar frias e tensas quando tocamos no nome do John, mesmo que rapidamente como fizemos. Já não sabia se ele tinha raiva por Matt ou pelo que falei.

Talvez qualquer pessoa fique assim quando lê algo sobre o monstro do Miller ou comenta com outra pessoa.

Esse é o mal que dá falar sobre John.

— Jay! — solto de repente largando a faca com força sobre o balcão, me incomodando muito.

Ele me olha de imediato mas não se assusta com meus movimentos inesperados. Fechou os olhos e respiro bem fundo.

— nova regra. — agora o encaro, sentado ao balcão mas bem ao canto. — enquanto estivermos juntos, não vamos mais falar do John, a não ser que seja extremamente necessário. — Jay continua me encarando até concordar e murmurar, todo durão. — e a sua tarefa na janta de hoje é cortar o alface pra nossa salada e os tomates também.

Após isso eu segui até a bancada onde estava meu vinho, bem ao lado do microondas por algum motivo.

Encho a taça deixando um dedo antes de derramar e logo viro em minha boca, tomando tudo em menos de 2 segundos.

— chega. — Jay aparece do nada e levo um susto. Disse tão firme a mim, mas eu nem ouvi ele vindo.

— eu preciso. Não sei se vai rolar algo entre a gente hoje. — ele nega fraquinho, querendo dizer algo.

— eu não tô preocupado com isso, só quero que termine a noite sóbria. — levo a taça ao balcão mas no mesmo instante um raio se estende pelo céu inteiro, causando um clarão enorme.

O trovão não esperou nem um segundos para aparecer, tornando o silêncio algo atormentante e fazendo as luzes de repente apagarem.

Não deu tempo de largar a taça sobre o mármore. Minha reação foi mais rápida.

— AAAAAAAAAAAAAAH!!! — eu saí pulando para o colo de Jay, sentindo nitidamente algo rasgar a minha pele como uma faca.

Não havia ouvido o som da taça se quebrando no chão, mas logo percebi que era ela.

A dor era imensa e parecia cada vez doer mais.

— meu pé, meu pé... Aaaaii meu pé! — Jay me tirou do chão no mesmo instante, me segurando forte enquanto eu só enxergava o escuro.

Ele logo se afastou dos cacos e eu fechei os olhos não conseguindo me tranquilizar.

— a Mia, pega a Mia, Jay, você vai pisar nela! — mesmo com dor, eu fiquei mais preocupada ainda pela gatinha.

— calma! Fica quieta! — briga.

Estava tudo tão escuro, eu não via nada mas ouvia a gata miar, enquanto Brutus latia perto de nós.

— Brutus, pra sala, vai. — fecho os olhos abraçando Jay fortemente enquanto o sinto se distanciar pra algum canto. Seu ombro é molhado com minhas lágrimas e ele parecia não se incomodar com isso.

Logo meu corpo sente a superfície de algo macio e soube no mesmo instante que era o meu sofá.

— onde vai? — não o solto, ficando pendurada nele mesmo que já sentada no estofado.

— pegar a gata e uma lanterna. — o soltei, sentindo Brutus passar ao meu lado.

— que dor... Aaaah. — deixo o pé levantando enquanto não abro os olhos por obséquio algum.

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