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Capítulo cento e dezesseis: o difícil é tentar entender.Por: Andrew DeLuca
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Se existe algum consolo na tragédia de perder alguém que amamos tanto, é a esperança, sempre necessária, de que talvez tenha sido melhor assim.
Eu durmo e acordo com essa certeza...("A Bruxa de Portobello")
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Meredith passou dez dias no hospital, acho que nunca fiquei tão cansado na vida, os dez dias ali ela se recusou a receber visitas, preferia ficar sozinha, ainda não conversamos sobre o acidente, agora estavamos voltando pra casa, ainda sugeri ficar uns dias na casa dela ou na minha, teríamos ajuda, eu sinceramente precisava de ajuda, mas outra vez ela se negou.
- vamos precisar de alguém pra te ajudar, Vincent me deu duas semanas de folga, mas você ainda vai precisar de ajuda depois.
- vamos achar alguém - Meredith falou baixo.
- a mamãe falou que pode ajudar - falei em um tom sugestivo.
- não - ela virou o rosto para o lado da janela do carro, meu lado egoísta e rude ficava irritado com isso, queria brigar e mandar ela parar de ser birrenta.
- Meredith?
- oi! - ela não me olhou.
- por que está agindo assim? Está afastando nossa família, está me afastando... Você diz que me ama, mas também não fala comigo.
- não quero falar.
- precisamos... Eu também perdi nosso filho.
- não me tortura... Não posso falar dele - a voz dela saiu embargada - eu sei que perdeu, mas não sou capaz de falar.
- sou eu... Sou a pessoa que confiou.
- só me dá mais um tempo - Meredith virou o rosto e me fitou - por favor.
- então deixa eles te verem, todos te amam - pedi.
- não...
Ela encerrou o assunto, voltou a olhar para fora do carro, estava cada vez com mais medo de perder Meredith para sua mente, se a minha estava cheia, imaginava como estaria a dela.
- o que decidiu sobre o Apolo? Teve tempo de pensar - tentei mudar de assunto.
- não pensei na verdade... Eu não pensei - a dor na voz dela ficou evidente.
- posso comprar a mesa do notebook... Aquelas para cama.
- talvez.
- não quer escrever?
- talvez.
Respirei devagar, estava ficando difícil conversar com Meredith. Seguimos em silêncio até em casa, a ajudei a sair do carro e entrar em casa, quando chegou nas escadas ela me encarou com medo, não perguntei, só a peguei em meus braços, tive uma pequena esperança que isso a faria rir, me enganei, seu suspiro foi de alívio e não de satisfação, a porta do nosso quarto estava aberta, só a desci ali.
- me ajuda no banho?
- ajudo - concordei.
Andamos juntos para o banheiro, ajudei com as roupas, Meredith se olhou no espelho, a cicatriz da cirurgia ainda era perceptível, uma lembrança permanente de um momento triste, conhecia a sensação, eu carregava a minha, a ajudei no banho no sentido literal da palavra, lavei seus cabelos e seu copo, depois tomei um banho rápido e saímos juntos, também ajudei com as roupas e a deitar.