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Capítulo cento e trinta e oito: Medo.

Por: Andrew DeLuca.

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Falar sem aspas, amar sem interrogação, sonhar com reticências, viver sem ponto final.

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Entrei em casa de uma vez, sem bater, sem tentar ser discreto, era eu sendo eu, como fazia quando ali era realmente minha casa e não apenas a dos meus pais — será que um dia eu perderia essa sensação de pertencimento? De que mesmo agora  casado, aquela ainda era minha casa? Não sei — que me olharam assustados ao me ver romper porta a dentro.

- vocês não me disseram que casamento era tão complicado - comecei reclamando, tive uma sensação de déjà vi quando me joguei no sofá. Fazia um longo tempo desde a última conversa que tivemos assim, "assim" era o termo para eu me sentindo perdido.

- culpados? - Bernardo questionou em um tom de zombaria.

- o que aconteceu filho? - Elise perguntou preocupada. Diferente do meu pai, sua pergunta era preocupada.

- Meredith está pronta para tentar outra vez - minha voz era frustrada.

- e isso não é bom porquê? - meu pai quis saber.

- é bom, é maravilhoso, é o que eu queria - suspirei alto e me deitei mais no sofá, lá estava eu me sentindo perdido outra vez, totalmente sem rumo e sem chão.

- então qual o problema?

- me ligaram... querem que eu viaje para Los Angeles para acompanhar a gravação do filme - contei, mas não esperei eles comentarem, continuei meu desabafo - não quero imaginar Meredith grávida e eu longe, perder momentos únicos, não posso fazer isso com ela, então eu tive que a convencer a esperar, mas eu não queria isso, e...

Olhei meu pais, depois escondi meu rosto com as mãos, era difícil tentar ser as duas coisas, ter um equilíbrio entre o marido e o homem de negócios, ri mentalmente do termo que usei.

- ela estava frágil, eu não podia pedir pra ela querer um filho... mas, não pedi, foi desejo dela e... quando acontece isso, eu tenho que ir pra longe.

- filho - ouvi o tom doce de Elise muito perto, depois a senti sentar, levantei e me arrastei até estar com minha cabeça em sua perna - primeiro você está com medo, apenas isso... e não precisa.

- não tô, eu tô preocupado.

- não, está com medo de ir e durante esse período Meredith mudar de ideia... com medo de deixar ela aqui.

Minha mãe estava certa, eu realmente estava com medo, não só de deixar ela aqui, ou ir, ou Meredith mudar de ideia, era um medo de fracassar também.

- você é bom no que faz Andrew, muito bom... não precisa ter medo de fracassar.

Virei meu rosto e encarei Elise.

- como?

- ah, meu amor, eu te carreguei em meu ventre, te vi nascer, vi cada momento da sua vida bem de perto, você se descobrindo como homem, aprendendo com seus erros, se apaixonando, descobrindo o amor... eu conheço você.

Love story IIOnde histórias criam vida. Descubra agora