Capítulo Trinta e Quatro

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一 O que faz com o meu colar? 一 perguntei.

Ele enrolou o colar entre os dedos e analisou as pérolas delicadas por alguns instantes, pensativo.

一 Sabe, Imogen, quando você cresce ao lado de uma avó que teve a joia mais cara de sua casa roubada por um desconhecido, você é obrigado a conhecer a diferença entre o que é falso e o que é verdadeiro, é tipo uma obrigação. 一 Ele ergueu os olhos para mim. 一 E eu posso não ter notado antes, por estar distraído demais com você e todas as coisas que te envolvem, mas nunca é tarde para abrir os olhos, não é?

一 Eu posso explicar, Edward.

Ele me olhou com surpresa.

Você pode?

Confirmei, me encolhendo na cadeira.

一 Gostaria de fazer isso aqui?

一 Não. Mas me deixe primeiro ver como está o Vitor, sim?

一 Não está pretendendo fugir de mim, está?

Neguei, percebendo que eu havia chegado ao fim da linha.

一 Ele contou para você, não contou? 一 perguntei.

一 Apenas o básico. Infelizmente é impossível arrancar algo dele sobre você sem que ele sinta que está enfiando uma faca nas suas costas.

Encarei a mesa, desolada.

一 Até onde você sabe?

一 Sei apenas que você costuma roubar para o Dan, e também que você é cleptomaníaca.

Não aguentei segurar a risada. Cleptomania? Vitor ainda insistia naquilo?

一 Eu disse alguma coisa errada? 一 ele perguntou, irritado.

一 Não, é só que... não tem absolutamente nada a ver com cleptomania.

一 Então está me dizendo que você rouba apenas porque gosta?

一 Eu gosto de dinheiro, Edward. E, se roubar é a única coisa que pode me dar o que eu gosto, então é isso o que eu faço.

一 Você precisa de ajuda.

一 Não. Pessoas doentes precisam de ajuda, e eu não estou doente, até onde sei.

Edward parecia perplexo com a naturalidade com a qual eu admitia ser uma ladra.

一 Só que você não percebe, Imogen, que está doente e precisa mesmo de ajuda.

一 Se continuar insistindo nisso, eu vou embora.

一 Tudo bem. Vamos continuar essa conversa em casa, sim?

[...]

Minutos depois, fui liberada para ir até o quarto de Vitor. A mãe dele saiu para buscar roupas e itens de higiene para ele, e enquanto isso eu pude ficar ao seu lado por algum tempo.

A enfermeira que estava no quarto quando entrei, disse que ele havia sido espancado até perder a consciência, e a julgar pelos pontos feitos em seu rosto e pelos hematomas espalhados pelo corpo, aquela não havia sido uma simples briga na qual ele havia levado a pior. Todos já começavam a desconfiar que Vitor havia sido vítima de uma emboscada, e eu também.

Ele estava dormindo quando cheguei; seu sono era agitado e a respiração irregular.

一 Ele vai ficar bem? 一 perguntei a ela, antes que nos deixasse a sós.

一 Vai, sim. Está muito grogue por conta dos remédios, mas logo ele deve se situar sobre o lugar onde está e o que aconteceu antes de vir parar aqui. 一 Ela abriu a porta e sorriu para mim. 一 Tente não agitá-lo demais, está bem? Talvez ele fique um pouco nervoso após perceber que não vai conseguir abrir os olhos durante as próximas horas e dias por conta do inchaço das pálpebras, por isso precisamos situá-los sobre os últimos acontecimentos aos poucos, sem tanta agitação ou comoção.

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora