Imogen - Amor e Vingança

Capítulo Cinquenta e Dois

一 Não vai reclamar por eu ter te deixado sozinho na cama de novo? 一 perguntei, ao notar que Edward estava parado na porta da sacada, me observando em silêncio.

一 Eu não acho que eu esteja em posição de reclamar sobre qualquer coisa com você hoje 一 ele disse, andando em minha direção.

一 Obrigada por estar aqui, Edward.

Ele segurou a minha mão e apertou os meus dedos com cuidado, como se estivesse me dizendo que aquilo não era nada.

一 O que gostaria de fazer hoje? Já tomou o café da manhã?

一 Eu tentei comer, mas estou enjoada demais para conseguir manter algo no estômago 一 falei, dando um espaço para ele na poltrona. 一 Eu gostaria de ir ao hospital hoje.

Edward me encarou, preocupado.

一 Sabe que existe a possibilidade de ela não permitir a sua visita, não sabe?

Confirmei, me inclinando em direção às grades para olhar para baixo.

一 Mesmo assim, eu preciso tentar.

一 Tudo bem, então. Se importa se eu for com você?

一 Eu posso fazer isso sozinha, Edward.

一 Eu sei que pode, mas eu gostaria de ir.

一 E quanto ao seu trabalho? Não pode se ausentar da escola assim, de uma hora para a outra.

一 Eis uma das vantagens em ser o Diretor. 一 Ele deu um sorriso forçado, tentando me dizer que estava tudo bem.

Mensagem número onze

一 Hoje é domingo. Eu acabei de levantar e descobri que tentaram invadir o meu apartamento durante a madrugada. O porteiro acaba de sair daqui; veio me dizer que alguns vizinhos ouviram os barulhos em uma das janelas dos fundos e que o homem que estava tentando entrar se assustou quando foi visto por eles e caiu de volta no pátio. Eu não ouvi nada. Estava tão cansado do trabalho que tivemos que cobrir ontem que cheguei e desmaiei na cama. Eu estou preocupado, Imogen, e tenho quase certeza de que deveria ter ficado fora de Londres mais algum tempo. Isso é uma merda, sabia? Perceber que não estou seguro em minha própria casa é uma grande merda! 一 Uma longa pausa. 一 Eu estou parecendo um covarde, reclamando de estar sendo perseguido e não fazendo absolutamente nada para acabar com isso. Se eu for até a polícia, tenho certeza de que chegarão até você, e isso é tudo o que eu não quero, Imogen. Às vezes me sinto no direito de odiar você por tudo o que está acontecendo. Espero que não se sinta ofendida quando digo isso, é só que... estou temendo pela minha vida, agora mais do que nunca. Não sei porque ainda me sinto na obrigação de proteger você de qualquer coisa que seja, visto que você não se preocupa com nada além de si mesma, e a prova disso é que está a semanas fora de casa e sequer liga para saber como estão as pessoas que realmente importam na sua vida. Quer saber, Imogen? 一 Pausa. 一 Tanto faz.

Me encolhi no banco do carona ao lado de Edward. Ele percebeu que a mensagem que eu havia acabado de ouvir não era boa e me encarou com preocupação.

一 Você está bem?

一 Ainda faltam algumas mensagens, e estou com medo de ouvir qualquer uma delas.

一 Está sendo tão ruim assim? 一 A curiosidade estava estampada no rosto dele.

一 Bem, digamos que antes do acidente o Vitor finalmente havia percebido o quanto eu posso ser egoísta quando quero.

一 Você se acha uma pessoa egoísta?

一 Não vem ao caso o que eu acho sobre mim mesma. Tudo o que sei é que a cada dia que passa eu me odeio ainda mais.