Capítulo Cinquenta e Nove

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Mensagem número quatorze

Oi. Eu preciso te contar uma coisa. 一 Pausa para carregar algo pesado. 一 Acho que é melhor que você fique sabendo por mim que por qualquer outra pessoa, então, lá vai 一 Vitor suspirou, cansado 一, eu conheci alguém enquanto estive na Espanha. O nome dela é Miranda, e ela está se hospedando em meu apartamento já a alguns dias. É, eu sei que você deve estar se perguntando o motivo para eu não estar deixando a cidade agora mesmo, só que eu não posso mais fazer isso, Imogen. Não posso mais.

Nos conhecemos no hotel em que eu me hospedei em Barcelona. Ela é linda, e eu acho que você vai gostar muito dela quando a conhecer. E para que fique claro, temos a mesma idade. Eu juro. 一 Ele riu, mas eu não achei graça nenhuma. 一 Ela é realmente alguém muito especial para mim, Imo, e eu adoraria saber que você a aprova; eu não sei o motivo de ainda me importar com o que você pensa, mas tenho certeza de que ainda poderemos ser amigos se eu apenas seguir em frente, sabe, como você mesma disse outro dia. Ela tem estado bastante assustada com as invasões que andam rolando por aqui, mas tenho tentado explicar tudo a ela e acho que estamos nos entendendo. Vamos ficar bem, Imogen. Eu tenho certeza disso.

Como estão você e o bebê? Eu espero que estejam bem, de verdade. Não tenho visto o Edward nos últimos dias, mas imagino que ainda não tenha contado nada a ele, já que estive com o Jamie e a Ruby e ambos não mencionaram nada sobre o assunto. Eu preciso ir agora, mas ainda permaneço na esperança de receber qualquer notícia sua. Até mais.

[...]

Empurrei as portas duplas da emergência e caí de joelhos no piso frio, chamando a atenção de um grupo de enfermeiras que estava reunido no balcão de avisos. Duas delas correram até mim, preocupadas. Fui retirada do chão antes mesmo de ter a chance de capotar para o lado, evitando assim que a queda causasse algo ao bebê.

O mundo parecia girar lenta e infinitamente ao meu redor. O sangue parecia pulsar dentro das minhas veias ao invés de correr como deveria.

一 Moça, o que aconteceu? Você parece prestes a desmaiar 一 uma das enfermeiras disse, ajudando sua companheira a me colocar em uma cadeira de rodas.

一 O meu bebê... 一 falei, cobrindo a barriga como se fosse algo que eu queria manter apenas sob a minha proteção 一 eu acho que estou perdendo o meu bebê!

Elas trocaram olhares, e então eu senti que a velocidade com que a cadeira se movia pelos corredores aumentou, e logo fui colocada sobre uma maca e uma médica foi chamada.

一 Verifique a pressão, Stacey. Ela está ardendo em febre 一 a segunda enfermeira disse. Ao meu redor, havia uma confusão terrível de corpos desconhecidos e rostos preocupados. Todos sabiam o que fazer, menos eu; a mim restou apenas deixar que me atendessem e verificassem o que é que estava errado com o meu bebê. Devo ter apagado duas vezes, e nas duas alguém me trouxe de volta o mais depressa possível, me fazendo sentir como se estivesse sendo arrancada de um sonho.

Minutos depois de ter a minha pressão estabilizada, milagrosamente a silhueta da Dra. Annelise surgiu dentro da sala onde eu estava e um relatório preciso e detalhado sobre a minha situação foi repassado para ela, que se aproximou da cama e sorriu para mim de modo gentil. Só percebi que estava sem as minhas roupas quando ela tocou o meu cotovelo e eu senti os seus dedos frios arrepiarem a minha pele. Pensei no sangue que deveriam ter encontrado; aquele mesmo que havia empapado as minhas roupas de baixo enquanto eu dirigia até lá e fiquei com vergonha no minuto seguinte.

一 Oi, Imogen 一 ela disse, como se fosse um anjo diante de mim 一, como está se sentindo?

一 Como está o meu bebê? 一 perguntei, e ao olhar para o relógio acima dela, percebi que já estava quase amanhecendo. Quanto tempo eu dormi?

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora