Capítulo Dois

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一 Às vezes eu me esqueço de como você fica bonita quando está aí em cima. 一 Ouvi a voz de Vitor ecoar dentro do estúdio, e precisei me agarrar com força aos tecidos após o susto que levei.

Droga, Vitor! 一 xinguei, escorregando até o chão rapidamente. Meus pés afundaram no colchonete e eu o encarei, parado do outro lado da sala. Enxuguei as palmas das mãos em uma toalha e prendi os cabelos.

Ele largou a mochila em um canto e abriu as janelas, deixando que o ar entrasse dentro da sala abafada.

一 Quem te deixou entrar? 一 perguntei, bebendo um pouco d'água.

一 A Cintia me disse que estava aqui, e então eu vim ver como você estava.

一 Já viu. Agora pode ir embora 一 respondi, irritada.

一 Eu sei por que está agindo assim comigo 一 ele falou, sentando-se em uma das poltronas de vime. 一 A minha mãe disse que falou com você esses dias, na fila do restaurante.

一 Ela chamou aquilo de conversa? 一 Vesti o moletom e ri.

一 Você sabe como ela é, Imogen, ainda é difícil para ela...

一 É difícil para a sua mãe aceitar que o filho quis namorar uma mulher dez anos mais velha que ele, ou é difícil aceitar que você é quem terminou comigo quando na verdade deveria ter sido o contrário? 一 Calcei os tênis e esperei que ele dissesse alguma coisa, mas Vitor nunca estava pronto para ser enquadrado daquela maneira, então acabou ficando em silêncio.

一 Eu fiquei sabendo sobre a matéria que iremos fazer na mansão Hawk, o Jamie me disse que a ideia foi sua, mas que foi podada pelo velho ontem 一 ele desconversou.

一 Sim. Aparentemente, eu estou tendo ideias demais e isso incomoda todos aqueles seres improdutivos do escritório 一 falei, chateada.

一 Já sabe quem vai no seu lugar?

Neguei, sem muito interesse.

一 Ainda não descobri. Estou com viagem marcada para Edimburgo bem na semana da matéria, o que limita todas as minhas chances de reverter a decisão dele.

一 Tem algo que eu possa fazer para te ajudar? 一 ele perguntou, tocando os meus joelhos.

一 Não. Acho que desta vez terei de me contentar com Edimburgo mesmo. 一 Me afastei dele, indo até a mesa para pegar as minhas coisas, torcendo para que ele soubesse o que aquele não significava.

一 Vamos almoçar? 一 Ele me acompanhou para fora do estúdio e aguardou até que eu trancasse a porta.

一 O que está querendo, Vitor? 一 Descemos as escadas lado a lado, bem como fazíamos antes do término.

Todas as terças ele me buscava no estúdio de Cintia e me levava para almoçar, mas passar por aquilo sem ser sua namorada era esquisito demais. Talvez ele estivesse sentindo a minha falta, ou pelo menos era o que eu queria achar.

一 Eu encontrei o Lucius esses dias, no centro. Ele disse que você não tem ido visitar a sua mãe nos últimos dias.

一 E desde quando isso é da sua conta, Vitor? 一 perguntei, indignada.

一 Não é da minha conta, mas eu acho estranho que você não esteja indo vê-la com frequência, ainda mais agora, no estado em que ela está.

一 Por que não para de se meter na minha vida? 一 Paramos em meio a calçada e eu toquei o ombro dele, a fim de fazê-lo parar.

Caramba, Imogen! Eu não estou querendo bancar o intrometido, mas é que você nunca deixou de ir vê-la, e você sempre cuidou tão bem dela, sabe, foi muito estranho ver o Lucius falando de você como se você simplesmente não ligasse mais para eles.

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora