Capítulo Sessenta e Sete

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A presença de Aria naquele dia havia descortinado dentro do meu peito uma série de preocupações e questionamentos que eu tinha feito questão de ignorar por muito tempo.

A coisa toda havia começado como um ciúme bobo e uma dúvida cruel se a mudança repentina do comportamento de Edward tinha ou não a ver com a presença dela, mas durante aquele almoço e enquanto eu fugia da companhia de todos, comecei a imaginar todas as infinitas possibilidades do que poderia acontecer quando eu estivesse presa.

Assistir Aria trazer à tona lembranças de suas aventuras ao lado e Edward fez com que a minha mente colocasse diante de mim todos os cenários possíveis após a minha partida. Ele acabaria voltando com ela uma hora ou outra, porque apesar de ignorá-la completamente quando eu estava por perto, eu sabia o quanto ele havia sido apaixonado por ela no passado, e eu tinha certeza de que ele não ignoraria a possibilidade de tê-la de volta se pudesse.

Edward poderia muito bem acabar fazendo isso logo que ficasse sabendo sobre a gravidez que eu decidi esconder dele como se não fosse nada. Ele se sentiria traído e injustiçado, o que não era para menos, e aí então Aria ficaria ao seu lado e o consolaria, mesmo que no passado ela tenha feito algo dez vezes pior do que eu fiz.

O filho que eu estava esperando seria dado para a adoção e então não teríamos mais absolutamente nada entre nós dois. Nada em comum. Nada que nos lembrasse do tempo em que estivemos na vida um do outro. Eu seria uma névoa na mente dele; uma área interditada, ignorada completamente, como todas as coisas do passado deveriam e costumam ser.

Edward nunca mais procuraria por mim simplesmente porque me odiava e jamais seria capaz de me perdoar pelo que escondi dele. Eu deixaria a clínica, ou a cadeia, e não teria ninguém para esperar por mim na saída; ninguém estaria realmente interessado na minha vida ou em minha recuperação. No fim, não importaria muito se mudei ou não, se aprendi com os meus erros ou se estava disposta a ser menos cínica e trapaceira como havia sido a vida inteira. Não haveria ninguém realmente interessado nisso, e o melhor seria me adaptar a isso tão logo estivesse finalmente livre.

Todos esses eram cenários hipotéticos, coisas que a minha mente estava criando para justificar o motivo de toda aquela paranóia, e não parecia haver nada capaz de cessar aquele barulho dentro de mim. Eram muitas coisas para pensar e pouquíssimo tempo e sabedoria para administrá-las.

Quando decidi deixar a catedral vazia, dei de cara com a pequena comitiva de Ruby, que estava indo para a igreja acertar os últimos detalhes da cerimônia que aconteceria dali a dois dias.

一 Imogen, onde foi que você se meteu? 一 ela perguntou, saltando na frente de todos. 一 O Edward está que nem um maluco procurando você lá em casa.

Dei uma olhada no pequeno grupo que ela vinha trazendo consigo. Aria não estava lá. Edward também não.

一 Eu estava na igreja. Já estou indo procurar por ele 一 falei, sendo observada por todas aquelas desconhecidas.

一 Está tudo bem com você? 一 uma das amigas de Ruby perguntou, preocupada. 一 Você parece um pouco pálida demais.

一 Eu estou ótima. Só precisava de um pouco de ar, mas obrigada.

一 Talvez seja melhor você pedir ao meu irmão que te leve para casa, pode ser que você precise de algumas boas horas de sono 一 Ruby sugeriu, segurando a minha mão com delicadeza.

Não tive coragem de me esquivar daquele toque. Eu não queria ser rude com ela e tampouco antipática com suas amigas, mas algo dentro de mim dizia que juntar Edward e Aria em um mesmo momento, bem diante dos meus olhos, havia sido ideia dela.

一 Eu vou fazer isso, sim. Obrigada pelo conselho.

Nos separamos e eu subi correndo de volta para a propriedade de Serena, onde pretendia ver com os meus próprios olhos o que estava acontecendo de tão importante lá para impedir que Aria fosse com suas amigas até a igreja.

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora