Capítulo Quarenta e Sete

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一 Não toque em nada. 一 Ouvi a voz de alguém dentro do quarto. Me remexi dentro da banheira e deixei o pescoço pender para o outro lado. Tudo doía. 一 Ela ainda deve estar aqui.

Alguém havia invadido o meu quarto. Já havia anoitecido e estava frio dentro do banheiro. Ergui a cabeça. Eu estava sem a minha blusa.

一 Senhorita Northwest? Está tudo bem? 一 uma garota perguntou, empurrando a porta do banheiro lentamente após acender a luz.

Me encolhi dentro da banheira, e só então senti algo perfurar um pouco mais a palma da mão. Cacos de vidro. O copo que eu havia usado para lavar os ferimentos em meus braços horas antes estava estilhaçado ao meu redor. Eu não podia me mexer um centímetro sequer.

一 Ai, meu Deus 一 ela disse, ao me encontrar dentro da banheira. 一 Louis, vá buscar ajuda. Ela está machucada!

A situação não era tão feia assim, se vista de onde eu estava. Pendi a cabeça para trás e olhei para ela.

一 Oi.

A garota se abaixou. O bottom preso em seu colete dizia que seu nome era Ursula. Sorri para ela.

一 Que horas são, Ursula?

一 Duas e meia da manhã, senhorita.

一 O que faz em meu quarto?

一 Recebemos uma ligação dizendo que a senhora poderia estar precisando de ajuda. A política do hotel diz que podemos entrar no quarto sem a permissão dos hóspedes em casos como este.

Ok. Você fez o certo 一 me agarrei nas bordas da banheira 一, pode me ajudar a sair daqui?

Ela confirmou, e então pôs as mãos em minhas costas e me ergueu, preocupada. Tentei não tocar nela com as mãos naquele estado, mas mesmo assim Ursula acabou se sujando com o sangue em meus antebraços e barriga.

Ursula? 一 chamei, vendo o meu reflexo no espelho.

一 Sim, senhorita?

一 Quem ligou para cá?

一 Um homem chamado Edward. Ele se identificou como o seu namorado.

Confirmei, preocupada. Bem, aquela era uma péssima notícia.

一 A quanto tempo isso aconteceu?

一 Bem, ele ligou ontem no início da noite. Disse que estava tentando falar com a senhora em seu celular pessoal, e que estava preocupado pois não estava tendo retorno algum. Decidimos esperar por algumas horas para ver se a senhora atendia à porta, e como isso não aconteceu, fomos autorizados a utilizar a chave reserva.

Deixamos o banheiro, e ao ver o estado em que havia deixado o quarto, eu entrei em choque. Não havia restado absolutamente nada em seu devido lugar. Eu havia colocado o quarto inteiro abaixo, e se estava boa de memória, isso havia sido feito em menos de dez minutos.

Ursula reergueu uma cadeira que estava no canto da janela e me obrigou a sentar. Eu precisava retirar os cacos de vidro da pele antes que perfurassem ainda mais.

一 Você tem kit de primeiros socorros? 一 perguntei, assim que ela largou o telefone de volta na mesinha.

一 Tenho. Mas acho que seria melhor chamarmos uma ambulância para você.

一 Não, Ursula. Isso não vai ser preciso, está bem? 一 rebati, vasculhando a minha necessaire em busca de uma pinça.

一 Senhorita, eu...

一 Ninguém vai chamar ambulância alguma. Eu mesma farei os meus curativos, e depois disso vou pagar pelos estragos que fiz aqui e vou embora.

Ela ainda hesitou por alguns instantes, mas acabou ligando para a recepção e pedindo ao colega que não chamasse mais ninguém.

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora