Capítulo Cinquenta

25 2 175
                                    

Antes

一 Edward? 一 chamei, com Eros embolado em meus braços, enquanto eu o assistia preparar o jantar.

一 Sim? 一 ele respondeu, parecendo distante.

Desde que havíamos chegado em casa após o nosso voo, não havíamos conversado muito. Era como se estívessemos protegendo um ao outro de algo que tinha a necessidade de permanecer escondido.

一 O que quer pelos seus pensamentos? 一 perguntei, curiosa.

Ele se agachou em frente ao forno e acendeu a luz, a fim de conferir a travessa que havia colocado lá dentro minutos antes.

一 Não vai querer pagar pelo que tenho guardado aqui dentro nas últimas semanas 一 foi tudo o que ele respondeu.

一 É tão ruim assim?

Ruim é apelido. 一 Ele voltou para junto da bancada onde eu estava sentada e largou o pano colorido que mantinha no ombro enquanto cozinhava ao meu lado.

一 Você quer me contar o que é que tem guardado aí dentro? Talvez falar sobre ajude em alguma coisa.

一 Por acaso já colocou o seu celular para carregar desde que chegamos? 一 ele desconversou, servindo um pouco de água gelada em um copo longo.

一 Eu sequer desfiz as malas, Edward. Não sei nem onde está o meu carregador de celular, para começo de conversa.

Ele concordou, consternado.

一 Parece que durante a sua estadia em Bruxelas, ele deixou de ser um item importante na sua vida, hein?

一 Por que isso é um problema? Eu não estou te entendendo.

一 Esqueça isso, vamos comer.

Organizei a mesa e fiquei um bom tempo sentada sozinha na sala de jantar, esperando que ele finalmente aparecesse com o que havia cozinhado para a gente naquela noite. Estava um clima horrível dentro daquele apartamento, como se dois desconhecidos estivessem sendo obrigados a interagir contra a sua vontade. Dez minutos se passaram enquanto eu esperava por ele; aquilo já estava se tornando esquisito além do necessário.

Havia silêncio na cozinha. Eros havia sumido dentro de um dos quartos e eu estava sozinha na sala de jantar. O barulho com panelas e travessas havia cessado, como se Edward e todo o resto dos moradores daquele bairro tivessem sido abduzidos, menos eu.

一 Ninguém nunca te disse que é deselegante deixar alguém esperando na sala de jantar? 一 perguntei, entrando na cozinha bem a tempo de vê-lo com os braços escorados na bancada e a cabeça pendendo para a frente, como se estivesse prestes a desgrudar do pescoço.

Me aproximei dele e parei ao seu lado, percebendo o estresse com o qual ele parecia lidar naquele momento.

一 Me desculpe, eu só... 一 Pareceu desconfortável por alguns segundos. 一 Eu estou bem. Vamos jantar.

一 Mas é claro que não 一 rebati, segurando o braço dele. 一 Vamos ficar aqui e vamos falar sobre isso.

一 Imogen...

一 Edward, o que é que está acontecendo?

Ele olhou para mim e não disse mais nada por um longo tempo.

一 Você está estranho desde que apareceu no hotel em que eu estava hospedada em Bruxelas; mal formula as frases direito, e quando decide falar, é sempre algo enigmático, ou algo que eu não sou capaz de entender completamente. O quanto mais vou precisar pedir que você se abra comigo de uma vez por todas, Edward?

Imogen - Amor e VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora