A Força de Um Desejo

Capítulo 55 - Entendendo o Adeus

A Força de Um Desejo

Quando a morte sabe que vai te pegar, como será que ela se sente? Bom, essa resposta eu não tenho, apenas posso imaginar que talvez ela se sinta feliz por estar fazendo um bom trabalho ou triste se pensarmos nela de uma forma humanizada, o fato é que nunca saberemos, apenas se que quando ela está perto, assusta quem está em volta e não teve a sentença de morte, aparentemente Adelaide parece estar bem sabendo do diagnóstico.

Foi isso que Luiza escreve no computador quando tenta digerir a notícia que Adelaide iria de fato morrer de câncer, por muito tempo ela pensou que a amiga estava bem e que o tratamento havia funcionado, agora ela percebe que Adelaide a enganou direitinho, claro que ela craque em esconder a verdade ela era adicta e Luiza sabia como era fácil ludibriar as pessoas quando necessário.

-No que está pensando, meu amor? - Valentina pergunta para a esposa que está sentada na mesa da sala em frente ao seu computador, Valentina a abraça lentamente por trás encaixando sua cabeça em seus ombros

Luiza respira

-Não sei, queria escrever um texto sobre a Adelaide...

Um silêncio fica ali por um tempo e Valentina se senta ao lado da esposa.

-Acho que pode ser uma homenagem bonita...

-É..., eu sei que conheci ela a pouco tempo, mas criei uma conexão, sabe? - Luiza diz se lamentando - Ela me disse muitas coisas que me fizeram refletir, o Coiote foi ideia dela - as duas sorriem - Eu fiquei triste que durante o tratamento ninguém foi visitá-la, mas agora os filhos parecem terem perdoado...

-Pelo menos teve um lado positivo..., não estou falando que eu desejava uma morte para ela, mas que bom que os filhos estão conseguindo se despedir...

Agora Luiza olha para a esposa e lhe dá um beijo, era tão bom poder ter Valentina sempre ao seu lado a apoiando.

-Isso me fez pensar sobre nossos filhos... - Luiza fala abertamente pela primeira vez

-Filhos?

-Ué, você quem consultou com uma especialista...

-Sim, mas eu estava pensando em filho, no singular... - Valentina ri da pequena brincadeira

-Ah, você entendeu..., sei lá, não tem como ser uma mãe perfeita

-Eu vou ser - Valentina continua a brincadeira

-Para! - Luiza a empurra de leve sorrindo - Eu estou falando sério aqui...

-Eu sei, amor... - Valentina a acaricia no rosto - Era só para deixar o assunto mais fácil de digerir..., eu sei que me expus e te contei meus medos, mas eu confio em você, se não confiasse eu não teria nem cogitado na possibilidade de aumentarmos a nossa família...

Luiza sorri mais leve e volta a beijar a esposa.

-É tão bom ouvir isso..., eu pensei muito nesses dias e eu estou disposta a enfrentar tudo para que esse nosso desejo seja realizado...

É a vez de Valentina sorri emocionada e beijar a esposa e assim juntas e sincronizadas elas terminam o resto de noite de um meio de semana agitado, tendo a certeza de que cada dia mais elas aprendiam a se comunicarem e se sentirem confortáveis para conversar sobre o que quisessem umas com as outras.

Chega o dia do retorno ao médico e Luiza com toda a certeza estava bem mais nervosa do que Valentina, a morena balança as pernas sem parar e a esposa toca levemente a sua coxa para que ela pare e pede calma de uma maneira inaudível. Não demora para que elas sejam chamadas por uma das secretárias e sejam encaminhadas até a sala da médica que as esperam com um sorriso no rosto.