- Foi você que saiu com a Maria ontem, né? - Helena parece que estava olhando a minha alma.
-Foi sim, por quê?
-Ela não queria me dizer, mas tinha certeza que tinha sido você. E é questão de tempo até vocês se beijarem. - Eu gargalhei, Helena estava louca.
-Você é louca, de verdade.
-Vamos logo, a professora de Biologia é uma cobra, é bom você prestar atenção na aula de hoje.
-Por que?
-Aula de sexologia, meu bem. Vai que você aprende algo e aí a Maria deixa de ser um saco. - Não consegui conter a minha risada.
Eduarda Alves
Já era o meu segundo apartamento visitado. Estou pensando em morar sozinha há algum tempo. Minha mãe vai ficar louca quando souber, mas acho que sou grandinha demais para morar com a mamãe
-É muito bom fazer negócios com você - um homem gordinho, baixinho, branco - apertava minha mão com um sorriso imenso; provavelmente sua comissão seria alta. - Essas são as suas chaves, fique à vontade. - Ele me entregou um molho de chaves e saiu; o prejuízo que vai ser para a imobiliária é enorme. Vou falir, isso já é um fato.
{...}
-Se mudar? Por que? Não gosta de morar aqui? - Minha tia\mãe quase estava chorando; me criou desde pequena me considera a filha dela, e isso provavelmente será muito difícil para ela.
-Estarei sempre por perto. Não vou me mudar por agora; preciso comprar móveis.
-Eu entendo você e te apoio, mas não deixe de vir almoçar aqui.
-Pode deixar, dona Rosa...
Meu celular começou a tocar; tirei-o do bolso e atendi a ligação.
"E aí, Duda,é o Bernardo teria como você me buscar?"
Sua voz estava toda enrolada; provavelmente ele havia bebido muito.
"Claro, onde você está?"
"Na pista."
Desliguei; eram 10 da manhã para ele estar bêbado desse jeito e na pista, algo havia acontecido. Fui até a frente de casa e peguei meu carro, fui o mais rápido que pude. E assim que cheguei, ele estava estirado no meio; a sorte é que não tinha ninguém lá, primeiro porque eram 10 da manhã e, segundo, porque está fazendo um calor do caramba em São Paulo.
-Que isso, por que fez isso?
-Ela voltou!!!
-Quem voltou?
-Minha mãe.
-Se apoia em mim, tudo bem? - Ajudei ele a se levantar; apesar dele ser maior que eu fisicamente, temos a mesma altura. Coloquei ele no banco de trás. E dei partida no carro; não sabia para onde levá-lo, até porque só sabia que ele tinha ido morar com o pai.
- Onde você está morando? Qual o endereço?
-Rua Lincoln, 87. Conhecia esse lugar, mas não me lembrava de onde. Assim que fomos chegando, consegui me lembrar da casa da Pérola. Puxa vida.
- Como chama a sua irmã?
-Pérola. -Puxa vida mesmo, mas precisava ajudá-lo primeiro; tirei ele do carro, abri a porta com as chaves que ele me deu e subimos as escadas. Ajudei ele no banho, troquei-o de roupa e deixei ele na cama, pois ele estava quase capotado. Desci as escadas e me deparei com uma foto imensa dos três. Como eu não reparei nessa foto quando vim aqui? Realmente, ela me encantou. Fui até o meu carro e fui embora. Meu Deus, esse mundo é minúsculo.