Meu braço relaxou quando o médico tirou a tala. Uma semana com isso pra mim foi muito tempo , confesso que doeu um pouco acho que por ter ficado muito tempo nessa mesma posição; mas foi um alívio, de certa forma.
— Está doendo? — o doutor me perguntava enquanto esticava o braço. Neguei com a cabeça que estava sentindo dor — Certeza?
— Absoluta!
— Por você ter ficado um tempo consideravel , eu recomendo que você faça fisioterapia; só até a sua movimentação ficar perfeita.
— Tudo bem. — Ele passou alguns remédios, caso eu sinta dor; e depois nos liberou. Maria estava comigo; entramos no carro e fomos direto para o local onde vai ser o meu salão, junto com a Lena; inclusive ela e Benardo já estavam lá.
— Esse lugar é incrível, amiga. — Helena me envolveu em um abraço que transbordava gratidão.
— É lindo mesmo, você viu como as poltronas são lindas?
— Eu vi, são todas rosas. Eu amei. — O lugar estava lindo, pronto para ser aberto; e faríamos isso segunda-feira que vem. Eu e Helena bancamos tudo, fizemos alguns empréstimos, mas não queríamos nenhuma ajuda dos nossos pais. Depois de deixar tudo arrumado, resolvemos pedir marmitar de chinês em nosso restaurante preferido e aproveitar para fazer um anúncio.
— Temos uma notícia para dar a vocês. — Maria disse animada.
— Perola está grávida??? — Bernardo fez uma cara de surpresa, enquanto ria ao mesmo tempo.
— Meu Deus, maninho, como descobriu!!!! — Isso fez com que Helena risse, mas Duda não.
— Idiota, queríamos convidar vocês para sermos nossos padrinhos de casamento!!!!.
— AAAAAAAHHHHH — Helena pulava e gritava ao mesmo tempo — Estava esperando por esse convite há semanas!!!! Eu amo vocês... — ela nos abraçou, e nos beijou.
— Caralho, vocês vão CASAR. — Dessa vez foi Ber quem tomou voz, ele me abraçou e depois foi a vez de Maria. Eles tentaram disfarçar, mas os dois choravam, era inevitável; nós nos amávamos muito, mais do que pensávamos.
{....}
Chegamos em casa; vamos abrir o salão amanhã, e bom, tudo precisa estar perfeito. Várias caixas pela casa; Caroline vai voltar para seu apartamento, ela ficou sumida durante duas semanas e quando voltou, disse que iria embora, mas pelo menos dessa vez estaria "perto", ela não aguentou nem três meses com sua família; meu pai é o que mais está sofrendo, por motivos óbvios.
— Boa noite, Dona Ana, o que faz aqui até essa hora? — Ela estava arrumando minha cama; o que não era o trabalho dela, mas ela fazia mesmo assim.
— Seu pai está um caco; fiquei com medo dele surtar aqui, ou beber até cair como tem feito. Mas ele foi trabalhar na parte da tarde ,está animado para sua inauguração , assim como eu; chamei as garotas do meu bairro, elas disseram que vão.
— Fala sério, você é um anjo — a abracei, e beijei sua testa. — Você é a minha mãe de verdade, Dona Ana. Mas eu preciso que você esteja descansada, então vá para casa; do meu pai eu cuido, pode ser?
— Tudo bem, meu amor! Boa noite.
Ela saiu do meu quarto, e logo em seguida fui até o banheiro, tirei toda minha roupa, lavei meu cabelo, tomei um banho muito purificador, coloquei meu pijama e assim que desci ouvi o barulho do carro do meu pai chegando; ele estava bebendo muito, e trabalhando o dobro. Quando ele abriu a porta, bufou, estava cabisbaixo, mas assim que me viu, abriu um de seus melhores sorrisos.
— Meu amor, tirou a tala. — Ele deixou sua pasta no sofá e veio de braços abertos para me abraçar, eu retribuí o seu abraço e o cheiro de uísque veio; não estava forte, mas estava reconhecível.
— Como foi seu dia?
— Bom, meu amor, um pouco agitado, mas bom, eu vou tomar banho para podermos jantar. Pode ser?
— Pode sim, Bernardo vai jantar na Helena.
— Seremos só você e eu então? — Ele estava subindo as escadas enquanto me olhava.
— Acho que sim.
— Que pena! — Ele ria do topo da escada, mas assim que viu que não retribuí, ele parou. — Daqui cinco minutos desço.
— Vou contar ein. — Ele gargalhou de novo e foi em direção ao seu quarto; depois bateu a porta; eu me joguei no sofá e liguei a TV; deixei em qualquer canal só para que pudesse passar o tempo.