Maria Eduarda
O almoço estava incrível, apesar dos problemas no começo; o resto foi muito melhor. A comida estava incrível, a harmonia entre as famílias. Mas Bernardo mostrava a sua felicidade pela irmã, porém o seu rosto não era um dos melhores.
-Você me ama, Eduarda? - ela beijava meu pescoço, ela estava um pouco alta então vim com ela pro banheiro.
-Talvez.
-Talvez? Tá maluca?- a indignação na voz e o som irônico me fizeram rir.
-Vou casar com você por dinheiro.- ela se levantou, se secou, lavou as mãos e me beijou; ela meio bêbada ficava soltinha e muito safada.
-Estamos na casa da sua tia.
-Foda-se.- ela continuou me beijando, e por alguns instantes me imaginei transando com ela na pia do banheiro e acho que ela pensou mesmo.
-Vamos voltar, pretinha. - dei um selinho e ela bufou, saí do banheiro e depois ela veio atrás; de relance vi Thiago e Bernardo no quarto; não vi direito mas tive a impressão de que Bernardo estava pronto pra cheirar cocaína; ele já cheirou algumas vezes, e isso sempre me preocupou mas como sempre ele era o dono da razão.
Voltamos pro quintal, e o clima estava agradável; churrasco, pagodinho e algumas pessoas sambando no meio do quintal; a pretinha até tentou, mas não levava jeito mas era divertido vê-la tentando. Vi que seu irmão estava na churrasqueira e então fui até lá.
-Está bem? - dei um gole na minha coquinha, alguém tinha que não beber nessa família.
-Muito melhor agora, Dudinha.- ele estava com o olhar mais vazio.
-Cuidado, ein, cocaína não é brincadeira.
-Você fala como se fosse santa, né Maria Eduarda.- ele estava pior do que pensava; sua voz arrastada, e falta de forças pra terminar a frase.
-Não fode, ein, é o noivado da sua irmã; vê se não estraga isso.
-Não fode você, cuzona do caralho. - preferi não ouvir seu último xingamento, aproveitei a minha ida à churrasqueira e peguei alguns pedaços de carne pra mim e Pérola. Quando me sentei, ela se sentou no meu colo, selou nossos lábios e por um instante ficamos em silêncio, uma admirando a outra.Ela se levantou e me conduziu aonde todos também estavam dançando.
-Eu não sei dançar, amor. - tentei resmungar, mas foi inútil.
-Eu te ensino.-ela não sabia nada, acredito que sabia menos que eu. Mas foi divertido, por um instante eu achei que só tinha eu e ela ali; era como se não existisse mais ninguém ali e nem no mundo; só eu e a minha pretinha.