Eduarda Alves
O convite de aniversário de Bernardo chegou em casa, e devo admitir que o convite era lindo, fazia jus à grana que ele tinha, que eu garanto a vocês não era pouca; parecia até de casamento.
— Pode levar a sua prima — ele ria enquanto me olhava sério.
— Agora que eu não a levo.
— Se você chegar sem ela, não entra. Mas eu preciso te apresentar uma pessoa, vou te ajudar a desencalhar.
— Coitado, quem precisa de ajuda é você, não eu.
— Seja um doce, dona Eduarda. — Estávamos na pista, só eu e ele; sempre era assim, nós dois, um pouco de bebida, um beck e dois skates; essa pista não ia muita gente, era bem escondida.
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— Você vai ter que entrar de vestido no meu casório e da sua prima, vai ser minha madrinha. — Bernardo já falava meio embolado, mas não o suficiente pra estar caindo no chão.
— Sonha, parceiro. Só no seu melhor sonho, gatinho. — Ele riu com o adjetivo.
— Meu pai quer que eu vá na igreja amanhã, mas não tô afim, porém não posso furar, senão ele me mata.
— Vai sim, vai que você para de ser um encosto. E outra, vamos embora? Já são 22:00 da noite, tô de moto. Acha que você consegue ir sem cair?
— Só se eu segurar em você, gostosa. — Ele bêbado ou chapado era engraçado, muito engraçado. Ele subiu na minha moto com certa dificuldade, mas já estava melhor que Pérola. Ele foi o caminho todo, me segurando em alguns momentos que não conseguia se controlar, e eu ria.
A sua casa estava quieta, mas parecia estar harmônica.
— Vou te ajudar a entrar, pode ser? Mas por favor, não fale muito e não faça contato visual. — Respirei fundo e abri a porta; não havia ninguém na parte de baixo. Subimos, e eu o deixei no seu quarto. — Se cuida, mano, por favor. — Desci as escadas o mais rápido possível, mas foi inevitável.
— O que tá fazendo aqui, Eduarda? Estava com saudades? — Me virei, vendo seu corpo em uma camisola preta e super decotada, seus cabelos grandes e cacheados em um rabo de cabelo frouxo.
— Temos uma coincidência, Bernardo é meu melhor amigo e vim trazer ele. — Ela veio descendo as escadas lentamente sem perder o contato visual.
— Você que deixa ele locão? — Estávamos muito próximas.
— Não, ele estava meio mal, não bebemos muito, seu irmão é mente fraca, mas eu cuido dele muito bem, fique tranquila, dona. — Terminei de descer as escadas, e quando estava na porta antes de abri-la, olhei para trás, e ela ainda estava lá, imóvel mas com um sorriso que me intriga muito. Preferi retribuí-lo e sair; sei que ela está enlouquecendo junto comigo, mas não posso ser tão fácil assim.