Perola Hernandes
Ela só sabia chorar e me abraçar, algo muito ruim aconteceu.
- Amor, você precisa me dizer o que houve.-Ela é bem mais velha que eu, mas ainda assim tive forças para sentá-la na cama. "Eu amo você, e preciso saber o que houve para poder te ajudar."
-Eu só tive um sonho ruim.
- Você pode mentir para qualquer um, menos para mim Maria Eduarda, desembucha.
- Podemos falar disso depois? Quero tomar banho.-Tinha algo muito errado com ela, mas a ajudei a tomar banho, e isso a relaxou. Ela estava com a mente distante no banho, e depois que saiu deitou na cama e apagou. Ela estava cansada e isso era nítido. Enquanto ela dormia, eu peguei as garrafas no chão, desci as escadas, peguei uma sacola e as coloquei dentro. Peguei um isqueiro no quarto, o cheiro de maconha era irritante.
Se passaram uma, duas, três, quatro, cinco horas e ela não acordava. Então, enquanto saía do banheiro, ela começou a gritar ainda dormindo:
- EU NÃO TENHO PREÇO, ELA É MINHA NAMORADA!! SUA BRUXA, VOCÊ NÃO VAI ME AFASTAR DELA SÓ PORQUE ELA É SUA FILHA!-Me aproximei dela e notei que ela suava muito, e até tremia. Balancei ela, e quando ela acordou, tentava entender o que estava acontecendo.
- Você vai me contar o que aconteceu, agora.
- Eu tive um pesadelo ontem à noite.
- Não ouse mentir para mim.-Ela parecia assustada, e até mesmo com medo de alguém. -Eu amo você, e só quero te ajudar. Pode confiar em mim.
- Foi a sua mãe.
- O que houve?
-Ela perguntou quanto eu queria para te deixar em paz.-Ela não me olhava nos olhos, e isso era perturbador, mas era pior ainda saber o que aquela bruxa fez.
- Caralho.Eu não sabia o que pensar ou fazer, mas a minha cabeça ainda estava raciocinando -----Aquela filha da puta, por que não me disse?"
- Ela é sua mãe, apesar de tudo.-Ela começou a chorar, parecia que estava revivendo a cena de novo. -E você é filha dela."
-- Mas eu sou a sua namorada, e eu vou resolver isso agora. Mas eu quero que você coma, okay?- Dei um beijo na sua testa e saí, aquela vadia não vai matar a minha garota. Pedi um Uber, que logo chegou, e fui correndo pra casa, já era a hora que geralmente estávamos jantando. Mas a casa estava quieta.
Subi as escadas e fui até o quarto dos meus pais, meu pai deitado na cama mas bem vestido, provavelmente iriam jantar fora.
- Aonde ela tá?
- Que susto meu amor.- Ele pôs a mão no coração. -Sua mãe está tomando banho, está tudo bem?
- Agora vai ficar.-Abri a porta do banheiro, e ela estava se maquiando, passando o batom vermelho nos seus lábios mas quando me viu pelo espelho parou de se maquiar.
- Como foi o almoço na sua tia?
- Eu não fui.
- Então onde estava?-Ela colocava seus brincos, e arrumava o seu cabelo com a chapinha.
- Na minha namorada, que inclusive me disse o que você falou pra ela. Você é cruel, e uma vadia sem vergonha. Nem dinheiro você tem.-Fiquei atrás dela, pelo espelho que parecia ignorar o que eu dizia. -E a quis a comprar, mas falhou; porque ela é diferente de você, não liga pro dinheiro das pessoas como você liga pro do meu pai.
- Tudo que eu fiz pra você foi pelo seu bem, o que você acha que as pessoas podem pensar de você? Da nossa família?-Ela se virou completamente pra mim, e agora me encarava.
- O que você acha que pensaram da gente quando você sumiu?
- Você só tem esse argumento, vê se cresce garota.-Ela me deu as costas e saiu do banheiro indo pro quarto e eu, claro, fui atrás.
- Eu só conheço isso de você, não tenho um elogio pra te fazer. E depois de hoje, eu não ligo mais; você quase matou a Maria Eduarda, e agora vejo que você nem se importa. Me desculpe papai, mas eu não vou continuar morando aqui; não enquanto ela morar.
- O que houve?
- Pergunte a sua esposa, eu preciso ver a minha namorada agora; bom jantar.
Eu peguei uma troca de roupa, e voltei pra casa da Duda; ela já estava bem melhor do que mais cedo, mas ainda estava moida e cansada; isso me doía, mas Caroline vai ter o que é dela, e isso não vai demorar muito.