Nelson Hernandes
A minha história com Caroline começou há 25 anos, éramos jovens tentando vencer na vida. Logo, ela engravidou do Bernardo, mas encaramos isso como uma dádiva e realmente foi. Depois disso, tudo na minha vida jurídica melhorou. Eu nunca a esqueci e me culpo por não ter ido visitá-la.
Sábado, 16:00 PM
-Eu senti falta disso - Carol estava deitada em meu peito, analisando todo o meu corpo.
-Eu também, meu amor - dei um beijo em sua testa.
-Será que a nossa filha vai me odiar para sempre?
-Ela é mais resistente, só está magoada. Ela se sentiu abandonada por muito tempo.
-Por uma mentira que você contou. Então isso é mais culpa sua do que minha. - Ela se levantou furiosa. - Levanta, se troca e sai. Não quero mais você aqui.
-Mas que merda, ein. - A obedeci, peguei tudo que me pertencia e fui para casa. Eu e a mãe dos meus filhos não éramos o casal perfeito, mas tentávamos.
Domingo, 13:00 PM
Caroline Soares
Bernardo não parava de falar do seu trabalho, da sua vida, enquanto Pérola ficava quieta, não falava nada sobre sua vida, só prestava atenção na sua comida.
-Mas e você, Pérola, trabalha? - Ela ergueu a cabeça e começou a prestar atenção na conversa.
-Ainda não, só estudo mesmo.
-E você quer fazer o que quando sair da escola?
-Sinceramente não sei, estou com muitas dúvidas. - Ela sorriu, finalmente, mas voltou a prestar atenção na comida, apesar de nem ter comido nada.
-Mãe, você quer ir na igreja conosco? - Bernardo disse tão animado, e eu não tinha o porquê de não ir.
-Quero ir sim, meu amor.
-A gente passa na sua casa mais tarde. - O almoço não foi tão ruim, como havia pensado. Minha filha estava quieta, mas participava das conversas bem pouco. Eu sentia que esse era o seu melhor esforço.
-Carol, vem me ajudar a pegar a sobremesa - Fui até a cozinha e assim que bati os olhos, Nelson estava com uma cara de preocupação.
-Você não pode ir para a igreja, sua mãe e sua irmã vão lá.
-está falando sério?
-Muito. Fala que você vai se arrumar em casa e depois fala que teve um mal-estar e não pode ir.
-Eu não quero mais mentir para eles. - Nelson veio até mim, segurou em meus braços como se fosse me abraçar.
-Eu entendo, mas já já tudo isso acaba. Eu te prometo. - Para fechar com chave de ouro, ele me deu um beijo na testa. Algumas lágrimas escorreram, mas eu peguei o doce e levei até a sala. Bernardo estava super animado, Pérola ria em algumas vezes e me olhava com curiosidade, não mais como julgamento. Quando foi ficando para o final da tarde, fui para casa, e como combinado, disse que tive um mal-estar e que não iria. Pude sentir o desapontamento do meu filho em suas mensagens, mas não tinha o que eu podia fazer. Apesar de tudo aquela igreja me trazia memórias boas.
1998 - 23 anos atrás.
-Você aceita Nelson Hernandes como o seu legítimo esposo?
-Aceito.
Éramos jovens, tínhamos apenas 19 anos, mas acho que a nossa idade só contribuiu para esse desastre.