Bernardo Hernandes
Pérola era a única que não aceitava a nossa mãe, que não a respeitava. Eu vi o quanto ela ficava triste; isso era ridículo, ela não era mais uma criança. Ia conversar com ela depois da nossa mãe ter ido embora, mas vi que ela estava dormindo, preferi não incomodar. Mas assim que ela desceu, para poder tomar café, e não deu bom dia nem para mim nem para o meu pai, foi o meu limite.
— Você tem quantos anos? 5?
— Bernardo, cuida da sua vida. Se você consegue ignorar tudo que aconteceu ao longo desses anos, tudo bem. Mas não exija o mesmo de mim, somos pessoas diferentes e eu não sou obrigada a lidar com os meus sentimentos como você.
— Ela tentando se aproximar da gente e o que você faz? A trata como um bicho.
— E não foi isso que ela fez com a gente ao longo desses anos? Pelo amor de Deus, não fode.
— NADA DE PALAVRÃO NESSA MESA. - Meu pai parecia um pimentão de tão vermelho, sim, ele é branco, puxamos a melanina da nossa mãe.
— Desculpa, pai, mas eu não quero me aproximar dela. Não agora. Pai, posso ir almoçar com a Helena? - Meu pai concordou com a cabeça. - Muito obrigado, qualquer coisa estou lá em cima.
— Por isso que ela faz o que quer, você nunca coloca limites nela.
— Menos, Bernardo, é tudo muito novo pra ela. E eu gostei dessas meninas, vou para o meu escritório. Bom dia, filho. - E eu? Fui para a piscina, precisava pensar em algo para minha mãe se aproximar da Pérola.