Maria Eduarda Alves
Eu e minha gata fomos ao McDonald's. Toda segunda-feira almoçávamos juntas, e quase sempre íamos para o McDonald's.
—Eu tô tão feliz com o cruzeiro, você não tem noção,- ela vinha me contando há algumas semanas sobre. -Nove dias em alto mar, você tem ideia disso?
—Deve ter sido terrivelmente caro, vocês são podres de ricos mesmo.
—Foi um pouco, mas faz parte. Você já foi ver a sua matrícula na faculdade?- Bom, eu havia começado a fazer faculdade, precisamente em Educação Física, mas saí depois que o restaurante bombou. No entanto, a gatinha na minha frente quer que eu volte.
— Ainda não, mas eu vou.- Ela sorriu para mim e voltou a focar nas suas batatas e no seu guaraná. Meu celular começou a tocar; era Helena.
—A Nice, tia da Dayane, teve um infarto e faleceu. Mamãe está bem chateada e queria que você viesse. Consegue?"
—Claro, tô indo.
Helena nem se despediu; as coisas realmente não estavam boas.
—O que foi?- Seus olhos eram interrogativos, seus grandes olhos de avelã.
—Uma amiga da minha mãe acabou de falecer, Helena pediu pra ir pra casa, mas te espero comer.
—Se tá louca? Sua tia tá mal, vamos, eu como depois.- Ela pegou suas coisas, pagou tudo que tinha que ser pago, e fomos embora. Tentei ir o mais rápido possível, tia Nice era incrível; ela era melhor amiga da minha tia.
—Você tem certeza que quer ir comigo?-A encarava com o sinal fechado.
—Lógico.- Ela me deu um selinho, e eu arranquei o carro pra casa da minha tia. O muvuco já estava montado; todos na rua, polícia, ambulância, os caralho a quatro. Pérola vinha atrás de mim me segurando pela cintura. Assim que a minha tia me viu, me abraçou. Muito forte, e chorava no meio do braço.
—Que bom que você veio, meu amor. -Ela soluçava muito.
—Vamos pra casa? Tomar uma água, ficar calma? Vem!! Eu te levo. Nós quatro entramos, minha tia se acalmou, graças a Deus.
—Vocês estão juntas mesmo?- Ela não tirava os olhos da Pérola. —Helena havia me dito, mas você é tão princesinha que nunca havia desconfiado.
—Saiba que muitos também, mas tudo bem, não há problemas. —Minha tia ficou elogiando Pérola, e graças a Deus isso a distraiu por um tempo.
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Estava indo pegar meu carro e levar a pretinha embora, quando Dayane veio se aproximando correndo mesmo, e me abraçou no maior cinismo já existente.
—Que bom que veio me ver, Dudinha.— Sua voz era irritante, mas ela havia perdido a sua tia, a mais legal da família dela. Não dei muita confiança, mas assim que Pérola revirou os olhos, me afastei.
—Meus pêsames, mas eu preciso ir. Melhoras aí.-Destravei o carro, minha gata entrou, e depois eu. Liguei o carro, e até eu sair da rua, a garota se manteve parada ali, até sairmos do campo de visão.
—Ela é louca por você, dá até ânsia.- Ela colocou um dedo em sua boca, em sinal de vômito.
—Pode até ser, mas sou doida por uma outra pessoa.