Capitulo 77

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Eduarda Alves

Quando Perola bateu a porta, meu coração doeu; não pensei duas vezes, saí de casa e apertei o botão do elevador várias vezes, mas ele não funcionou. Esperei por uns cinco minutos. No desespero, desci as escadas, eram dez andares. Tentei ser rápida, mas quando cheguei na recepção, já vi ambulâncias e a polícia na esquina. Fui até uma senhora que estava na rua e perguntei:

— O que houve?

— A coitadinha não viu o caminhão, e pelo que vi ela chorava muito. Uma pretinha tão linda. — Na mesma hora minha cabeça latejou, puta que pariu; minha Perola. Fui correndo, e lá estava ela desacordada; com os paramédicos dando choque nela, e ela não reagindo.

— SALVEM A MINHA NAMORADA, PELO AMOR DE DEUS SENHOR. — Não sou muito religiosa, mas também tenho muita fé.

— Você é o que dela moça? — Uma das paramédicas que aparentava ter mais de cinquenta anos se aproximou, sua voz era doce e me acalmou um pouco. Mas meus pensamentos, foram pro céu;Por favor Senhor,não a leve

— ELA VOLTOU!!! — O enfermeiro gritou, e me tirou dos meus pensamentos.

— Vai ficar tudo bem querida, vem vamos. — Ela entrou comigo e ficou segurando a minha mão e eu segurava a de Perola; ela estava toda machucada, seus batimentos eram fracos e ela um pouco pálida, dez minutos se tornaram horas naquela ambulância. Assim que chegamos no hospital, ela foi direto para a sala de cirurgia; e eu fiquei ligando para as pessoas e isso foi um inferno.

— Boa noite senhor Nelson, tudo bem?

— Feliz ano novo Maria.-até tinha me esquecido dessa porra. — Que voz é essa? Aconteceu algo?

— Aconteceu...

{...}

Todos já estavam na recepção, Bernardo, Nelson, Caroline, tia Larissa, Lena, minha tia; todos me disseram que não foi culpa minha, mas está claro na minha mente que isso era a minha culpa, o jeito que a vi com as roupas rasgadas pelos bombeiros, vários machucados e ela praticamente sem vida, esse pensamento me atormentava.

— Responsáveis por Perola Hernandes? — Quando o médico disse isso, Nelson e Larissa se levantaram, e eles que foram até a sala do médico, isso só me atormentou mais; e quando eles voltaram com caras de choro; e Larissa me olhou e soltou a pior notícia que eu já havia ouvido na minha vida.

— Ela está em coma, não tem previsão que ela acorde; teve que raspar o cabelo pelo aparelho no sistema nervoso, o médico disse que ela está estável, mas sem data pra que ela acorde — isso foi como um soco no estômago, então desabei no colo de Lena. Foi aí que Caroline sussurrou; mas eu tive o desprazer de ouvir.

— Tudo que é anormal na visão de Deus, não tem frutos bons. — E isso foi o inferno na terra pra mim, levantei e saí dela; fui pra fora e percebi que Bernardo veio atrás; fui até meu carro, peguei o meu baseado, abri as janelas e comecei a fumar.

Ber fez o mesmo, e dividimos em silêncios; ambos sabíamos o quão estava doendo, mas não queríamos falar sobre isso e não tínhamos obrigação de nos comunicar sobre isso, mas só dele estar ali comigo; já era um grande conforto.

vicianteOnde histórias criam vida. Descubra agora