Perola Hernandes
Ontem foi um dia bom; eu e Helena fomos ao shopping e conseguimos distrair minha mente. Sem contar que terminei o projeto de cores da casa da Duda. Minhas roupas da Shein chegaram; estava tudo muito tranquilo para ser a minha vida. Bernardo me levou e me buscou, mas não trocamos nenhuma palavra. Isso me incomodou muito, mas ele está agindo como se a conhecesse há muito tempo, e nós não conhecíamos nem metade dela. Cheguei em casa, tomei um banho, fiz uma skin care e fiquei estudando, pois as provas do segundo bimestre estão aí, e não quero ficar de recuperação. Entre pausas para comer ou ir ao banheiro, trocava mensagens com Duda.
{Duda}
14:06
Seu projeto está lindo, preta.14:15
Que bom que gostou, fico feliz.{Duda}
14:21
Vi um lugar à sua cara para te levar, podemos ir neste sábado?14:59
Pagamento adiantado? Mas eu gostei, vamos sim.Voltei a focar nos estudos e fui até a noite. Estava prestando atenção quando bateram na porta e meu pai do outro lado gritou:
— Sou eu, posso entrar? — ele gritou do lado de fora.
— Pode, pai — gritei de dentro do meu quarto. Ele entrou, veio até a minha escrivaninha e me observou do outro lado.
— Eu te admiro muito, meu amor; você é o meu orgulho.
— Obrigada, pai; você é tudo para mim.
— Você faria qualquer coisa para me fazer feliz?
— Qualquer coisa — disse sem pensar; deveria ter pensado antes de falar.
— Quero fazer um jantar em casa, com a sua mãe, e como você disse que faria qualquer coisa... — saí do meu transe, e ele já estava quase na porta.
— Fala sério, pai. Faço qualquer coisa, menos isso. E tenho compromisso nos dois próximos sábados, me desculpe.
— Vai ser no domingo. — ele disse da porta. — Vamos dar uma chance a ela como seu irmão, pode ser? Se depois desse jantar você não gostar dela, pode cortar qualquer relação; eu prometo. Não vai ser mais obrigada a nada.
— Você promete? — disse o olhando fixamente.
— Papai promete; vou pedir para trazerem sua comida aqui. Bons estudos, meu amor. — ele fechou a porta. Eu sabia que isso era armação do Bernardo, mas gostei que foi meu pai que veio falar comigo; ele faz acordos e cumpre a sua parte. Eu sabia que, se não gostasse, ele realmente não me forçaria a nada. Meu pai sempre me entendeu, melhor que ninguém. Me identifico muito com ele, e acredito que Bernardo se identifique mais com Caroline, por isso age no impulso e não sabe como faz mal para os outros à sua volta, e isso é triste.
Dona Teresa trouxe minha comida, mas eu não estava mais estudando. Tomei banho e capotei; meu corpo estava exausto.