Raio de Sol

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ALGUMAS SEMANAS DEPOIS...

Irene On:
Os dias têm sido muito difíceis. Desde a noite em que quase nos amamos na varanda, eu e Antônio estivemos juntos por mais algumas vezes. Eu não posso e não consigo resistir todos os dias aos seus beijos. Eu cedo algumas vezes. E tenho sido muito forte pra não permitir que o desejo que sentimos um pelo outro fale mais alto e ele va parar na minha cama, de novo. Apesar de tudo, as 25 semanas de gestação chegaram. Apesar de tudo, comemorei cada uma delas. E quando encaro o meu corpo, entendendo todas as mudanças pelas quais ele vêm passando por ela, ainda acho muito pequeno imaginar que 15 semanas me separam da morte. Eu ainda lamento não poder vê-la crescer. Ainda me machuca não ter a chance de ver Antônio embalar mais um de nossos filhos nos braços. Ainda me dói saber que não poderei amamentar ou cuidar das cólicas dela no meio da noite. Não poder ver ela correr pela casa, fazer quinze anos, escolher uma profissão ou se casar. Ainda é triste não poder ver com quem ela irá se parecer ao longo dos anos ou quais serão seus hobbys preferidos. Ainda dói. Dói muito. E mesmo sabendo que a cada semana que passa eu estou mais perto e mais distante dela, eu sou mãe o suficiente pra comemorar a sua vida e o nosso laço.

- Seu coração tá excelente hoje filha. Sorriu enquanto ouvia mais uma vez os batimentos através dos fones de ouvido que não largava mais. Como você é guerreira, menina. Elogiou, enquanto se deliciava com os chutes da filha. Tão envolvida, quem nem foi capaz de ver Antônio chegar.

Antônio On:
Ela usava um vestido de seda. Não sei muito sobre cores. Mas, sei que o tal vestido deixava os ombros de fora e marcava a bela barriga de 6 meses dela. Seus cabelos quase louros, ondulados, e perfeitamente penteados, estavam jogados para trás, e seus olhos fechados, enquanto ouvia os batimentos de nossa filha, como se fosse uma música. A que ela mais gostava de ouvir. Ela sempre foi linda. E assim, ficava ainda mais.

- Antônio?! Retirou os fones, um pouco sem graça. Tá aí há muito tempo? Sorriu, enquanto os guardava. Eu nem vi você chegar...
- Eu cheguei agora. Mentiu. Você tava aí tão distante e envolvida que eu não quis atrapalhar. Se sentou ao lado da mulher, enquanto reparava no tamanho de sua barriga. Ela tá crescendo igual chuchu. Afirmou, bem humorado.
- Na verdade, igual abóbora. Mostrou o aplicativo do celular. Ela já não tem mais o tamanho de um chuchu. Explicou. Tá um pouco maior. Encarou o homem. E pesada. Franziu a testa, sorridente.
- 6 meses. Afirmou, contente. Passou tão rápido... Tocou o ventre da mulher, que abraçou sua mão com sua própria palma. Eu tive pensando que... A gente nem escolheu um nome ainda pra ela.
- A gente ainda tem tempo. Deu de ombros.
- Você sabe o quanto eu gosto de chamar os meus filhos pelo nome. Lembrou. Acho tão estranho me referir a ela como ela, filha ou "a bebê"... Alisou. Mas, eu não faço a menor ideia de que nome devemos dar a ela.
- Eu estive pensando em alguns. Revelou. Mas, eu tenho um preferido. Um nome que me agradou muito, principalmente pelo significado.
- Ah é?! E que nome é esse em? Melhor, que significado é esse? A abraçou, enquanto a mulher se sentava completamente no sofá, se aconchegando em seus braços.
- Algo que remete ao nascer do sol e representa a aurora e a luz que surge no início de um novo dia. Revelou, pensativa. Esse nome tem uma conexão muito bonita com a natureza e simboliza renascimento, esperança e energia positiva. Destacou.
- Renascimento? Se envolveu. Acho que é exatamente isso que a nossa filha vem trazendo, pra nós dois. Observou, enquanto beijava seu rosto. Carinhoso. Mas, que nome é esse? Fala logo Irene. Fala pra mim. Reagiu curioso.
- Aruna. O encarou, ainda aproveitando seu aconchego.
- Aruna. Repetiu. Tá aí. Que nome bonito. Elogiou. Nome bonito mesmo. Diferente como o de Petra. Lembrou. Aruna La Selva. Fez Irene sorrir. Combinou, não combinou?
- Muito. Positivou a cabeça.
- Bom, então a nossa filha já tem um nome. Decidiu. Um nome lindo, delicado e muito especial. Cheirou seus cabelos. Acha que essa nossa decisão merece uma comemoração?
- Comemoração? Reagiu curiosa. Que tipo de comemoração, Antônio?
- Um jantar. Concluiu. Um jantar pra nós dois. Opaa... Segurou a barriga de Irene, mais uma vez. Nós dois não. Nós três. Eu, você e a Aruna. Abraçou mãe e filha, apertado.
Irene pensou não aceitar. Tinha medo do que poderia acontecer nesse jantar. Mas, achou que merecia uma noite como essa. Diante de tantos acontecimentos ruins e inesperados, Antônio tinha mesmo razão, Aruna era o melhor motivo para uma comemoração.
- Ta bom. Cedeu. A gente janta. Aceitou.
- Que bom. Sorriu. Que bom que você aceitou. Vou pedir para a Neide preparar uma boa comida e um bom suco. Irene?!
- Hummm?! Reagiu, enquanto se mantinha calada e de olhos fechados.
- Eu sei que tem muita coisa ainda pra resolver. Compreendeu. Sei que você tá com medo e eu também tô. Admitiu. Mas, eu tenho que confessar que eu tô feliz demais. Cedeu. Feliz com você, com a Aruna...
- Antônio, eu...
- Eu sei. Eu sei que nós não estamos juntos. Sei que você não acha que nós devemos ficar juntos. Eu sei. Eu sei de tudo isso. Mas, nós nunca deixaremos de ser uma família, Irene. Nunca. Afirmou, enquanto a mulher se permitia mais um pouco dessa paz que só os braços do homem que amava poderia lhe trazer.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora