Forte Demais

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Antônio On:
Acho que nem que eu vivesse mais mil vidas inteiras, conseguiria explicar a sensação de alívio que ver a mulher que eu amo, me trouxe. Mesmo distante, ao fundo da sala de uma delegacia, visivelmente cansada e perdida, ela ainda estava vida, e ter essa certeza sacudiu por inteiro o meu coração.

Irene On:
Meu corpo inteiro parou quando meus olhos puderam encontrar os de Antônio outra vez. Sabia que isso poderia acontecer a qualquer momento, desde que resolvi voltar à Nova Primavera, e enfrentar tudo o que precisava para provar meu amor por Petra. Mas, não sabia que nosso encontro seria tão forte. Eu nunca tive dúvidas sobre o quanto o amava e sobre como a grandeza desse sentimento continua a mesma.

Antônio On:
Ela continua exuberante. Linda... linda como a primeira vez em que meus olhos puderam encontrá-la pela primeira vez, naquele bar que me deu-a de presente. Por um momento, achei que não fosse encontrá-la de novo. E eu nunca pensei o que faria se isso acontecesse. Agora, diante dela, já não me restam dúvidas de que a Irene é o amor da minha vida. Eu só lamento ter feito ela sofrer durante todos esses anos, por achar que eu nunca a amei de verdade.

Irene On:
Enquanto estou gestando mais uma filha sua, meu corpo se apaixona ainda mais por ele. Mas, mesmo com turbilhões de sentimentos, eu tive lucidez suficiente pra entender que não decidi voltar por ele. E se decidisse, estaria louca. Já que, trinta anos vivendo sobre o mesmo teto com alguém que não me ama, já foram humilhantes demais para mim. Não. Mesmo sentindo todo esse furacão que estou sentindo, não posso permitir que ele perceba o quanto ainda me tem nas mãos. Não posso.

- Você voltou? Voltou pra mim? O homem quebrou o silêncio, emocionado.
- Não chega perto Antônio. Pediu. É melhor nós não nos aproximarmos um do outro. Reagiu, com os olhos marejados. Melhor. Reafirmou. Eu não voltei por você. Afirmou.
- Eu sei que eu fui injusto com você Irene. Mas, se não quer me ver... Por que voltou? Indagou, surpreso.
- Pela minha filha. Esclareceu. Pela Petra. Afirmou, enquanto escondia a outra, embaixo de sua bolsa. E também porque, eu quero pagar pelos erros que eu cometi. Surpreendeu. Estes malditos erros que eu cometi, pra não perder você. Foi sincera. E veja só... Do que adiantou né. Desviou o olhar do homem.
- Irene, eu... Tentou se aproximar novamente, mas não pôde concluir.
- Antônio?! Interrompeu. O que está acontecendo aqui? Doutor Silvério, por favor contenha o seu cliente. Como advogado, o senhor deve saber que não se pode invadir a sala de um delegado sem ser chamado. Lembrou.
- É claro, delegado. Me desculpe. Doutor Antônio acabou se excedendo. Mas, já está de saída. Me puxou, enquanto eu fazia o possível para encará-la por mais tempo.
- Irene?! Chamou enquanto deixava a sala, visivelmente abalado. Eu ainda quero conversar com você. Quase gritou. Eu não vou desistir. Não vou. Prometeu.

Irene On:
Eu tive muito medo de cair nos seus braços de novo. Amo tanto esse homem que quase não consegui controlar minha vontade de dizer a ele sobre como somos bons em fazer meninas, e sobre como é bom, apesar de tudo, gerar mais uma parte dele. Minha razão foi mais forte do que a minha emoção dessa vez, e eu não contei toda a verdade. Eu não acho que deva contar. Não ainda.

- Obrigada. Agradeceu. Eu não sabia mais o que dizer a ele. Tentou sorrir, um pouco sem graça.
- Você está melhor Irene? Indagou preocupado. Não precisa agradecer. Eu percebi que não quer que ele saiba sobre o seu filho. Notou. Tem medo que ele tente algo contra você?
- Não. Negou. Não é do Antônio que eu tenho medo. Defendeu. Ele tem muitos defeitos mas... Jamais me machucaria. Não fisicamente. E muito menos, na situação em que eu me encontro, grávida de um filho dele. Esclareceu. Com licença. Deixou a delegacia, como se estivesse fugindo de novo, enquanto o encarava entrar novamente na sala de Ayres, totalmente perplexo.

Antônio On:
O que eu sinto pela mãe de dois dos meus três filhos, é muito forte. E agora eu sei, que meus sentimentos por ela vão muito além da gratidão pela vida que tivemos juntos. Eu não pude negar o quanto fiquei balançado ao reencontrá-la. Não pude disfarçar, enquanto perdia totalmente a postura. O perfume dela ainda está nessa sala. E eu tenho medo que ele vá totalmente embora. Saber que ela está por perto, de alguma forma, me acalma. Mas, eu não pude deixar de notar Irene totalmente arisca, como um bicho acuado. Sinto que ela esconde algum segredo. Talvez um dos motivos que acabou trazendo-a de volta. Mas, eu ainda não posso saber o que, mesmo que queira tanto.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora