Súplica

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Já era madrugada adentro quando Irene finalmente pôde se livrar por algum tempo das loucuras de Damião. Amedrontada e sedenta por ajuda, ela conseguiu uma forma de esconder o celular do sequestrador, depois de mais uma de suas tentativas de se aproximar dela. Sabia o quanto era arriscado ligar para a fazenda. Se fosse pega, isso lhe custaria a própria vida. Mas, ela precisava tentar. Precisava.
- Alô?! Antônio?! Cochichou, enquanto sentia seu rosto molhar com as duras lágrimas de saudade.
O som estridente do telefone cortou o silêncio sufocante da falta de notícias na mansão, fazendo Antônio pular de susto. Seus olhos se arregalaram de terror quando ouviu a voz da esposa ao telefone. Com mãos trêmulas, ele agarrou ainda mais o aparelho e pressionou-o contra a orelha.
- Irene?! Quase gritou. Irene, é você?
- Antônio?! Choramingou enquanto sua voz tremia com o peso do medo. Oh, meu Deus, você precisa me ajudar.
O coração de Antônio deu um salto doloroso ao ouvir a voz frágil de Irene.
- Onde você está? Onde você está Irene? Insistiu, enquanto todos na sala de sua casa, o encaravam, ansiosos por notícias.
- Eu não sei. Eu não conheço esse lugar, Antônio. Não sei onde fica. De onde estou, não posso ver quase nada. Ta tudo tão escuro e... Droga. Ah, não. Não não não não não. Brigou, consigo mesma.

Irene On:
Senti minhas pernas se molharem e meu coração entrar em desespero. Estou em trabalho de parto e ainda não posso acreditar que a minha filha vai nascer aqui, no meio de um cativeiro imundo.
Enquanto a dor crescia em ondas incessantes, cada contração era como uma força da natureza se apoderando de mim, me fazendo sentir simultaneamente frágil, amedrontada e guerreira. Cada respiração era um esforço para manter o controle, enquanto meu corpo se entregava ao inevitável ritmo da vida que estava prestes a trazer ao mundo. E no meio daquela tempestade de sensações, em que eu quase não consigo respirar de medo, uma calmaria interior tomava conta de mim, pois sabia que no final desse turbilhão de dor, haveria a mais pura e bela recompensa: meu bebê. E no fundo, eu acreditava que tudo ficaria bem.

- O que foi? O que aconteceu Irene? Gritou, ao ouvir os lamentos da esposa.
- Estou em trabalho de parto. Anunciou, ainda mais desesperada. Isso não podia ter acontecido Antônio, não podia.

Antônio On:
O telefone quase caiu de minhas mãos enquanto uma onda de choque percorria meu corpo. O meu coração, já acelerado pelo nervosismo, parecia prestes a saltar do peito. O desespero tomou conta de mim, meu estômago se contorceu em agonia enquanto a mente tentava processar a terrível notícia. A mulher que eu amo, prestes a dar à luz a uma filha nossa, estava em trabalho de parto, mas ao mesmo tempo, em perigo. Meu mundo desabou ao perceber que ela estava em mãos desconhecidas, e eu sabia que cada segundo perdido poderia ser fatal. Com as mãos trêmulas e a mente turva de pânico, agarrei as chaves do carro e corri para fora, determinado a encontrá-la, não importa o que aconteça.

- Antônio?! Chamou, enquanto tentava controlar a dor. Antônio, você ainda está ai? Acho que ouvi barulho de água. Acho que estou em uma das suas fazendas. Antônio?! Me responde. Responde por favor. Chamou, mas ele não pôde ouvir.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora