[• Corumbá (MS), 2023 •]
- Fala mãe. Pressionou. Fala de uma vez porque você decidiu fugir. Ainda por cima, grávida. Alterou a voz.
- Eu acho melhor nós conversarmos lá dentro. As pessoas podem nos ouvir... É arriscado. Olhou ao redor, amedrontada. Entra. Chamou.
Ela ainda pensava no que diria. Não tinha explicações concretas sobre suas decisões. Na verdade, sim... Sua gravidez era a maior motivação de todas essas mudanças. Mas, ela ainda não se sentia pronta para encarar ninguém. Muito menos Petra, sua filha.
- O Luigi não tinha esse direito. Reagiu, incrédula, enquanto se sentia traída. Eu confiei nele. Se sentou no sofá, apreensiva. Pedi pra ele não contar a ninguém sobre nada disso. A encarou.
- Não mãe, o Luigi não me disse nada. Andou por toda a casa, enquanto largava a bolsa no sofá, antes de se sentar ao lado da mãe. Eu descobri sozinha. Meu carro quebrou e eu acabei tendo que pegar o carro dele emprestado. Explicou. Quando fui acessar o histórico do carro para ligar o trajeto automático, eu vi esse endereço. Fiquei curiosa porque o histórico apontava muitas vindas aqui nas últimas duas semanas. Achei que o Luigi estivesse me traindo. Mas, pelo visto não estava. Ou, não como eu pensava.
- Petra, ele não teve culpa. Fui eu quem pedi que o Luigi não dissesse nada. Eu implorei pra ele. Tentou sorrir. É muito bom saber o quanto ele foi leal, não contando nem mesmo pra você, que é a mulher que ele ama.
- Mãe, eu nem sabia que você estava viva. A encarou, emocionada. Pode imaginar como eu me senti todos os dias? Mãe, eu me senti tão culpada por ter ajudado o Caio a denunciar os seus crimes e...
- Filha... Interrompeu. Eu não quero ter que falar disso. Pediu. Pelo menos não agora. Alisou a barriga, enquanto voltava a se recostar.
- Esse filho... É do meu pai? Foi direta.
- Sim. Balançou a cabeça em total confirmação. A menina que eu espero, é filha do teu pai, sim. Mas, filha... Eu não quero que ele saiba. Eu te imploro, por favor, eu não quero.
- Eu não tenho como contar mãe. Não o vejo desde que eu e Caio fomos até a fazenda contar tudo. Lembrou. Eu... Eu não consegui me reaproximar do papai depois de tudo o que ele fez, a tanta gente.
Irene encarava Petra, com certo orgulho. Sabia que a filha era correta e que tinha razão em cada uma de suas decisões. Ela e Antônio, haviam errado. Sua ambição desenfreada e todas as tentativas de manter tudo às escondidas, a fizeram chegar até aqui.
- Ele... Se referiu ao ex marido. Ele está bem?
- Está. Confirmou. Quer dizer, acabou perdendo algumas fazendas e pegou uma prisão domiciliar. Resumiu. Está preso lá em ca... Na nossa antiga casa. Corrigiu. Mas, o que eu não entendo é você mãe. Por que? Por que o Luigi e não eu?
- Filha?! A encarou, decidida. O que eu pedi ao Luigi, também tem a ver com você. Eu... Relutou. Eu não posso te dar detalhes do que aconteceu, mas... Eu vou morrer. A encarou, sincera.
- Vai morrer? Como assim? Você parece tão bem... A sua gravidez é de risco?
- Não. Negou com a cabeça. Não é a gravidez... É... São as cobranças, dos meus erros do passado. Meus e do seu pai. Me juraram de morte Petra. Revelou, enquanto mantinha a identidade de Damião. Eu morro assim que a sua irmã nascer. E... Eu chamei o Luigi aqui porque... Porque quero que vocês cuidem dela. Tentou sorrir, emocionada. Quero que ela fique bem e é só nisso que eu penso, todos os dias. Foi sincera.
- Quem fez isso com você? Você precisa denunciar e...
- Não. Negou. Eu não posso. Tem gente muito perigosa envolvida e... Eu não posso colocar mais ninguém em risco.
- Mãe?! Que lugar é esse? Porque você veio pra essa cidade? Eu me lembro de ouvir esse nome antes, mas, não sei onde...
- Corumbá. Lembrou. Essa é a cidade onde eu nasci. Encarou toda a casa. Eu vivi nessa casa por toda a minha infância e adolescência. Revelou. Eu... Eu não consegui pensar em um outro lugar para ir. Na verdade, eu não sei se você viu os jornais, mas... Eu nem queria viver.
- Eu vi. Eu imaginei que você tinha tentado mesmo um suicídio. Mas, mãe...
- Filha, eu sei que você já não me olha mais com a mesma admiração de antes. Sei que eu nunca mais vou conseguir reconquistar a sua confiança. E tudo bem, eu acho que mereço mesmo isso. Mas... Mesmo tendo cometido tantos erros, eu sei amar Petra. Eu fugi porque amo você, e queria que você tivesse uma boa vida, sem que eu estivesse por perto, pra estragar tudo outra vez. Eu fugi porque acho que seu pai, apesar de tudo, merece uma chance de mudar. E... Eu fugi porque ela, apontou. Ela não tem culpa de nada. Fechou os olhos, emotiva. Nada do que eu fiz. Vim pra cá, tentei seguir com a minha vida, depois de me salvarem e descobrirem a existência dela. Mas, eu não poderia fugir das consequências pra sempre. Lembrou. O momento do acerto de contas chegou muito mais rápido do que eu pensava. Deu de ombros, como se não se importasse com o próprio destino.
- Você disse que me ama... Encarou a mãe.
- E eu amo minha filha. Muito. Muito mesmo.
- Então, prova mãe. Prova que a minha vida inteira não foi uma mentira. Pediu. Prova que eu não me iludi a vida inteira com uma mãe que eu sempre achei a melhor do mundo.
- Como é que eu vou fazer isso, minha filha? Como eu vou provar que...
- Volta para Nova Primavera e se entrega para a polícia mãe. Confessa de uma vez todos os crimes que você cometeu. Pediu.
- Mas, Petra... Eu... Reagiu desesperada.
- É a prova de amor que eu estou te pedindo. Voltou a encará-la. Decidida. Se você fizer isso, eu juro que fico do teu lado mãe. Eu fico do teu lado até o fim.
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Antorene: The After
FanficE se Irene decidisse fugir da polícia? E se fosse obrigada a deixar Antônio para trás? E se Antônio fosse condenado a pagar por todos os crimes que cometeu, preso dentro de seu próprio império? Sozinho, como sempre temeu estar, até mesmo durante as...