Carinho

286 33 9
                                    

Antônio On:
Eu não vi Irene depois do café da manhã. E o mais louco de tudo isso, é que eu sabia que tinha algo de errado. Eu sentia. Passei boa parte do dia bastante atordoado. Mesmo assim, decidi fazer minha caminhada pelos arredores da fazenda. Era angustiante ficar em casa o tempo todo esperando por ela. E quando recebi a ligação de Petra, me explicando detalhadamente o que havia acontecido, corri para encontrá-la.

- Irene?! Gritou, ao subir apressado as escadas. Irenee?! Invadiu o quarto desesperado. O que houve? Que que aconteceu? Se sentou ao lado da mulher, na cama, enquanto uma enfermeira aplicava o soro.
- Você contou pra ele? Encarou a filha. Eu não te disse que não precisava? Revirou os olhos.
- Mas é claro que precisava. Reagiu, incrédulo. Precisava sim. Claro que precisava. Eu sou o pai da menina. Protestou. Disseram que você passou mal. Olha aí, precisou até chamar a médica. Se atentou.
- Tá tudo bem, Antônio. Encarou. Foi só um mal estar. Isso é normal, às vezes eu fico tonta mesmo. A doutora já me examinou, já disse que está tudo bem. Explicou. Calma. Alisou seu rosto, enquanto sorria, admirada com a sua preocupação.
- Mas é o que eu sempre digo. Se levantou, inconformado. Esse negócio de você dirigindo e saindo sozinha pra tudo que é lado não é bom. Reagiu. Já imaginou se você sente essa tontura enquanto estiver dirigindo? Irene?! Você precisa se cuidar melhor. Nem o café da manhã você tomou direito hoje. Lembrou.
- Tá vendo? Observou a filha. Entendeu agora porque é que eu não queria dizer nada a ele? Tá satisfeita?
- Ele só tá preocupado, mãe. Defendeu. Falei com ele porque quero mesmo que ele fique de olho em você.
- Eu já falei pra vocês que gravidez não é doença. Eu já tive outras duas. Sei me cuidar. Sei perfeitamente como funciona.
- Gravidez não é doença, mas precisa de cuidados. Meu pai tem razão, a senhorita não pode ficar saindo sozinha pra cima e pra baixo não. Bom, eu já vou, ainda tenho que analisar algumas plantações. Se despediu do pai, antes de se aproximar da mãe. Cuidadosa. Se cuida dona Irene. Advertiu. Qualquer coisa, me liga. Piscou.

Antônio On:
Eu me sentei na poltrona do quarto e encarei Irene por algum tempo. Ela parecia tranquila, enquanto realizava todos os exames e tomava soro. Até cochilou, por algum tempo. Fiquei pensando se tudo aquilo não era culpa minha. Se a nossa discussão pela manhã e todo o estresse que Irene teve antes de sair de casa, não proporcionaram esse mal estar. Me aproximei dela, enquanto dormia. Toquei seus cabelos, e a admirei. Forte. Serena. Tranquila. E decidi que ficaria do lado dela, até tudo passar.

- Tem certeza que tá tudo bem, doutora? Segurou a receita.
- Fala doutora. Fala pra ele que está tudo bem. Ele não vai acreditar se eu disser. Deu de ombros. Sossega esse homem. Pediu.
- Está sim. A Irene só precisa descansar um pouco. Estava um pouco desidratada mas, com o soro e as vitaminas da receita, ela vai ficar boa logo.
- Pode deixar que eu mandar providenciar isso aqui agora mesmo. Eu te acompanho, te acompanho até a porta. Muito obrigado por ter vindo doutora.

Irene On:
É bom ver Antônio preocupado. Eu reclamo, digo que não queria que contassem nada a ele. Que tudo é um exagero mas... A verdade é que é muito bom sim, ser cuidada por alguém.
O que aconteceu foi que, eu acabei tendo um dia mais agitado do que deveria. Fui a muitos lugares. Fiz muitas coisas. E quando finalmente parei para descansar, visitando Petra e Luigi em sua casa, acabei ficando muito tonta e quase desmaiei. Fui socorrida por eles, mas insisti que já estava bem, e decidi vir pra casa. Mesmo assim, Petra achou por bem chamar uma médica para me examinar e avisou a Antônio sobre o que tinha acontecido. Agora, ele está aqui, cuidando de mim com carinho. Um carinho que eu nunca o vi sentir antes.

- Eu não aguento mais, Antônio. Empurrou o prato. Eu não aguento mais comer.
- Aguenta. Segurou firmemente a colher, enquanto se preparava para alimentar mais uma vez a ex-esposa. Você precisa se alimentar. Precisa ficar boa. Alertou. Toma aqui, tá quase acabando...
- Eu já estou melhor, Antônio. Protestou. Você não pode me matar de comer. Reagiu, enquanto o homem dava mais uma colher do escondidinho de legumes em sua boca. Humm.... Eu tô cheia. Tampou os lábios.
- Tá. Tá bom. Retirou a bandeja do meio da cama. Mas, toma o seu suco. Pediu. É suco de laranja. Vai tomando aí que eu vou pegar as vitaminas. Se levantou, atencioso. Toma, toma aqui. Entregou.
- Obrigada. Reagiu, feliz. Você foi maravilhoso. Elogiou. Vem cá, deita aqui. Chamou. Você tá a tanto tempo nessa poltrona... Deve estar todo dolorido. Reconheceu.
- Eu tô bem. Tocou seu rosto, fascinado. O importante é que foi só um susto né. Tentou sorrir. Eu fiquei tão preocupado...
- Me perdoa. Se deitou rapidamente em seu ombro. Me perdoa ter te deixado assim. Afirmou. E me perdoa ter te tratado tão mal durante o café da manhã. Se desculpou. O que nós temos é tão forte que às vezes me assusta. Desabafou.
- Xiiiu. Cuidou. Fica aqui, quietinha. Você precisa descansar. Entendeu. Teve um dia muito difícil. Muito agitado.
- Antônio?! Chamou. Eu quero tentar. Afirmou. Eu quero tentar retomar o nosso casamento. O deixou boquiaberto. Eu estive pensando e, eu acho que vale a pena.
- Irene... Reagiu, emocionado.
- Com calma. Beijou-lhe rapidamente. Com muita calma. Pediu.
- Com toda a calma do mundo. Carinhou sua testa. Só me importa estar com você. Poder cuidar de você. Declarou.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora