Pai ⁴

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- Eu sou o pai? Reagi incrédulo. Você está me dizendo que mentiu e eu sou o pai do bebê? Encarou.
- Você deveria saber desde o primeiro momento Antônio. Mas, como sempre acredita na possibilidade de que eu seja uma vagabunda, enganadora e traidora, não te passou pela cabeça em nenhum momento que eu só estava sendo resistente. Reagiu, enquanto entrava um pouco mais em casa, sem deixar de observar tudo.

Antônio On:
É verdade. Irene deu todos os sinais de que esse filho não poderia ser de outra pessoa. As pernas trêmulas, o choro, os pedidos constantes para que eu fosse embora e a voz inconstante. Eu sou pai. Sou pai pela quarta vez. E mesmo sonhando com a possibilidade irreal de que esse filho fosse meu, eu simplesmente não sei bem como reagir a isso, agora. Enquanto encaro Irene ao fundo da sala, buscando uma reação que a fizesse feliz, ainda tentava entender toda a chuva de informações que havia acabado de receber. É como se a minha vida retornasse novamente, ao alcance de minhas mãos. Como se, eu ainda tivesse vontade de viver, como se jamais a tivesse perdido. E tudo o que eu queria agora, era não perder mais tempo.

- Eu tenho a impressão de que você não se lembra que eu sou cardíaco. A fez sorrir, enquanto se aproximava, emocionado. Eu posso? Pediu passagem, antes que a mulher confirmasse, chorosa, ao se sentar. Quanto tempo? Indagou curioso.
- Estou entrando na 18° semana. Foi sucinta.
- Irene...
- Ahhh... Me desculpa, eu esqueci completamente que você não sabe contar gravidez por semana. Gargalhou, ainda em lágrimas. São 4 meses. Resumiu.
- Que loucura !!! Afirmou, enquanto ela concordava. Você já está aí com um bucho grande. A fez rir novamente. Você sempre ficou barriguda muito rápido né. A fez concordar novamente. Quando você soube? Ainda estávamos casados?

Irene On:
É verdade. Nós não somos mais casados. E eu juro que por alguns momentos, eu não pude deixar de pensar em como seria viver esse momento assim, caso ainda estivéssemos juntos. Enquanto Antônio cobria a minha barriga de carinho e lágrimas, eu não pude deixar de me lembrar do quanto ele era carinhoso comigo, enquanto gestava. Sempre preocupado e muito atento, me dando uma enorme vontade de viver tudo isso outra vez. Mas, a razão mais uma vez sobrepôs a emoção e eu fui submetida a um choque de realidade, rapidamente.

- Não. Se afastou, rapidamente, levantando bruscamente. Eu só descobri depois do acidente. Esclareceu. No hospital. Na época eu só estava com 7 semanas. Tentou sorrir novamente. O que aconteceu depois é uma longa história. Eu... Acabei voltando para Corumbá e estava fazendo a vida por lá.
- Corumbá? Sua cidade natal? Por que? Reagiu incrédulo.
- Eu... Eu não sei. Eu já vou indo. Pegou a bolsa. Vim te contar e já vou.
- Não, Irene. Quase gritou. Espera, eu acabei de descobrir que vou ter um filho. Espera por favor. Você... Você disse que é uma menina? Deixou mais lágrimas escorrerem.
- Sim. Confirmou. É uma menina. E isso eu descobri a pouquíssimo tempo.
- E como você está com isso? Se preocupou. Quero dizer, quando você descobriu a gravidez da Petra...
- Eu não pude deixar de me lembrar disso. Sorriu. Eu fiquei desesperada mais uma vez Antônio. Confirmou. A diferença é que, eu precisei me acalmar sozinha. E... Passado o susto inicial. Eu me acostumei com a ideia. Explicou. Não foi fácil pra mim aceitar que eu estava grávida de um filho seu. Mas, também não foi difícil começar a amar esse bebê. Você sabe... Eu nunca demorei a me conectar.
- É verdade, você sempre cantava para os nossos filhos, ainda na barriga. Lembrou. Irene...
- Não precisa ter medo. Eu não vou mais te afastar da sua filha Antônio. Resumiu, quando já quase podia alcançar a porta novamente. Eu te prometo. Se essa fosse a minha intenção não viria até aqui.
- Na verdade eu... Eu ia te pedir outra coisa. Se aproximou, fechando a porta atrás da mulher. Irene, por favor, fica. Fica nessa casa comigo.
- Eu não vou voltar pra você Antônio. Não faz sentido nós ficarmos juntos de novo.
- Eu sei. Você nunca me perdoaria por eu ter te abandonado. Mas, essa criança é o meu mundo Irene. O mundo da qual, eu acabei de descobrir que ainda faço parte. Não me afasta da minha filha. Eu, quero estar por perto... Quero te proteger, proteger a nossa filha...

Irene On:
É. Proteger é uma boa ideia. Partindo do princípio de que eu continuo na mira de um assassino sanguinário por sua causa. Mas, eu não posso aceitar Antônio. Não posso imaginar a ideia de ter você tão perto e tão distante do alcance de minhas mãos. Eu não posso voltar a essa casa com a única condição de que serei a mãe da sua filha. Não posso. Isso me machucaria tanto... Tanto... Mais do que você imagina.

- Eu quero acompanhar a evolução da sua barriga. Quero sentir os movimentos da nossa filha e... Tentou se aproximar, enquanto Irene voltava a se afastar.

Irene On:
Agora ele não está mais falando dela. Ele se aproxima de mim, e me encosta nessa porta como quem busca um beijo. Um beijo desesperado e saudoso. Meu Deus do céu, se isso acontecer eu não vou mais conseguir ir embora. Vou voltar a ser dependente do Antônio e aos poucos serei novamente a Irene de antes. Eu preciso ir. Preciso sair dessa casa, agora.

- Eu continuo na minha casa e você na sua Antônio. Isso não vai mudar. Fugiu, levando o mundo do homem novamente, rodeado de suas veias e coberto por seu sangue. E ela continua com ele nas mãos. Agora, mais que antes.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora