Zona de Perigo

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- Então quer dizer que vocês reataram o casamento? Olhou com deboche.
- Sim, reatamos. Continuou ajeitando as coisas da caçula, dentro dos armários, distraída.
- Parece que eu ouvi alguém dizer que não iria ceder... Que não queria voltar a ser uma La Selva e tal... Se aproximou, implicante.
- É verdade. Encarou a filha. Eu falei tudo isso mesmo. Mas, você sabe Petra... Eu nunca escondi que continuo amando o teu pai. Confessou. Desde o início, foi muito difícil não ceder a ele e todo esse amor. Mas, é forte, filha. É muito forte. São mais de trinta anos. É um sentimento que está enraizado em mim. Defendeu. Sai atropelando tudo, sem permissão.
- Eu sei mãe. Entendeu. Eu sei que é difícil. Imagina, vocês tem uma vida inteira juntos. Vão ter mais uma filha... Você sempre amou muito o papai né.
- Sim. Sempre. Confessou, com os olhos brilhando. Eu amo mesmo aquele turrão. Ontem mesmo, quando nós estamos dançando lá embaixo, eu tive ainda mais certeza disso... Sorriu.
- Olha os olhinhos dela brilhando. Apontou. Quer dizer que até dançarino o meu pai virou, pra te conquistar de novo?
- Você acha que é errado? Encarou. Acha que eu fiz mal de ter dado uma chance? Acha que eu não deveria ter voltado? Se você quiser, eu posso...
- Não mãe. Não pode e não deve. Se aproximou, companheira. Eu acho que vocês dois mudaram muito. E eu tô muito orgulhosa disso. Acho sim, que vocês se amam de verdade e merecem uma nova chance de viver esse amor. Viver uma nova família. Sorriu. Eu tô feliz por vocês mãe. Feliz por você ter seguido o meu conselho de ser feliz. Abraçou.
- Que bom filha. Que bom ouvir isso. Retribuiu o abraço. Sua aprovação é muito importante, viu?
- Eu sei mãe. Alisou os cabelos claros da matriarca. Eu sei, mas... Eu tô te sentindo um pouco afoita. Sei lá, tá ansiosa. Se eu bem te conheço, como eu sei que conheço, não é só felicidade que você tá sentindo não... Tem a ver com o tal Damião, não tem? Ele continua te ameaçando?

Irene On:
Tem. Tem a ver com o terror que é ter que viver assim. O tempo todo com medo. É enlouquecedor ter a vida nas mãos de outra pessoa. Alguém que se sente capaz de decidir o seu destino. Que pode e quer, te matar a qualquer momento. E quando eu penso nisso... Penso em tudo que pode acontecer, eu perco metade da plenitude dessa felicidade que eu sinto ao lado do Antônio.

- Continua. Foi sincera. Continua me ameaçando todos os dias. Às vezes uma ligação, uma mensagem... Não adianta trocar o número porque ele sempre descobre o novo. Confessou. Não digo nada ao Antônio porque não quero que ele faça uma besteira. Mas, cada vez que eu penso em tudo o que esse homem pode tirar de mim, eu sinto a minha cabeça enlouquecer, Petra. Alisou a barriga.
- Mãe, você tem que entregar esse cara pra polícia. Quase gritou. Tem que falar com o delegado Ayres sobre todas essas ameaças que você vem sofrendo. Você está em uma zona de risco. Damião conhece muito bem a fazenda, já foi peão daqui. Lembrou. Ele sabe de cada espaço dessa casa. Encarou.
- Eu sei. Andou pelo quarto, enquanto cheirava uma das colônias de Aruna. Sei disso. E eu tenho pensado muito no que fazer. E eu já decidi Petra. Você tem razão. Eu vou mesmo chamar a polícia quando me sentir ameaçada. Cochichou. Não posso fazer isso agora, porque posso colocar a vida das pessoas que eu amo em risco. Explicou. Mas, quando chegar a hora, eu vou acionar o delegado. E eu tenho esperança de que ele conseguirá me ajudar. Tenho fé que tudo dará certo. Tentou sorrir novamente. Eu sei que vai. Encarou a janela, confiante.
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- Então quer dizer que a Irene voltou mesmo a ser sua esposa? Reagiu, feliz. Que explendido dottor Antônio. Mieus sogros, novamente casados. Abraçou, empolgado.
- É... É... Menos italiano. Se afastou, depois de bater nas costas do genro. Bem menos aí. Eu não sei como é que funciona lá na terra do mama mia, mas aqui na minha cidade, quem é macho como eu, só abraça assim a esposa. Advertiu.
- Cierto. Só estava sendo um hombre coloroso. Explicou.
- Pode guardar esse seu calor todo pra minha filha. Reagiu. É a ela que você precisa esquentar.
- É cierto que si, dottor Antônio. Mas, e o tal Damião? Simplesmente sumiu? Parou de vez de incomodar a Irene? Provou um pouco do tereré, e largou de lado, assim que constatou que realmente não conseguiria apreciar a tal bebida tanto quanto o sogro.
- Antes tivesse evaporado. Socou a mesa. Podia sim, ter explodido, em qualquer buraco, por aí. Mas, ele continua cercando a Irene. Continua mandando mensagem, fazendo umas ligações e amedrontando ela. Andou pelo escritório. Ela acha que eu não sei, mas, eu tô sabendo tudo. Se sentou, finalmente.
- E o que o senhor pretende fazer?
- O que qualquer homem faria no meu lugar, Luigi. Encarou. A Irene não quer que eu faça nada disso. Não quer mais que eu seja radical nas minhas atitudes. Mas, eu não vejo outra solução não. Eu vou ter que mandar apagar de novo esse imprestável. Vou ter que pegar aí, um matador do bom, pra matar e não deixar vestígio.
- E quando o Senhor planeja fazer isso?
- Daqui a algumas semanas. Afirmou.
- E a sua pena? Não acha que deveria falar com o delegado sobre isso?
- Italiano, quem manda na minha casa sou eu. Encarou. Tem delegado nenhum não. Não vou confiar a vida da minha mulher na mão desses enfardados, metidos a soldados não. Não vou mesmo. Vou mandar passar fogo nesse infeliz e acabou. Fez o sinal com as mãos, enquanto se ajeitava na cadeira.

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