- Você tem mesmo que ir? Comeu mais um pedaço do abacaxi, antes de fechar os olhos, feliz por sentir o sabor azedo da fruta.
- Tenho. Afirmou, enquanto pegava mais uma fatia de mortadela. Quando eu fui julgado, uma das condições para a prisão domiciliar era participar desses cursos sociais. Revirou os olhos. Isso diminui a minha pena. E sinceramente, eu não aguento mais estar preso nessa casa. Desabafou.Antônio On:
Eu escolheria não ir, se pudesse. Antes, aceitava tudo de bom grado, porque precisava de desculpas que me mantivessem fora de casa. Mas, agora, eu só quero estar ao lado de Irene, fazendo qualquer coisa, e isso já me deixa muito satisfeito. O fato é que, eu realmente preciso comparecer aos cursos de reabilitação social. São insuportáveis e chatos, mas ajudam a diminuir a minha pena. Já que, depois de tantos crimes que aterrorizaram a cidade, eu preciso convencer a todos de que não sou mais um perigo para ninguém.- Tá tão ruim assim, ficar preso aqui? Encarou o homem, sensível. Comigo?
- Era muito ruim antes. Alisou seu rosto. Mas, quando você chegou, ficou muito melhor. Declarou. Muito melhor. Repetiu, ao presentear a esposa com um selinho tranquilo. Mas, eu quero poder ser livre outra vez, Irene. Quero sim.
- Bom e, quando você volta? Reagiu curiosa, enquanto tomava o suco de laranja sagrado de todas as manhãs.
- Em dois dias. Afirmou. O curso é na capital. Explicou. Eu não demoro. Volto assim que conseguir me livrar de tudo viu? Se levantou, apressado, assim que ouviu a buzina. Óhhh. Apontou. Preciso ir, se não vou me atrasar. Beijou-lhe, amoroso.
- Eu vou morrer de saudade. Declarou, apaixonada. Não demora. Pediu.
- Eu também meu amor. Beijou mais uma vez. Se cuida. Pediu. Cuida da nossa filha. Alisou a barriga. Não apronta, por favor. A fez rir. Eu não demoro a voltar. Prometeu. Eu juro.Irene On:
Como Antônio, eu também não gosto nem um pouco de estar sozinha. Principalmente agora que retomamos o nosso casamento, e estamos vivendo dias felizes juntos. A prisão domiciliar de Antônio serviu para muitas coisas. Além de uma dura reflexão sobre suas próprias ações, eu senti que ele ficou mais leve. Mais grato. Aprendendo sim, a valorizar um pouco mais a vida.
Bom, o fato é que eu não tinha muito o que fazer aqui, sem ele. Por isso, me dediquei à Aruna e aos preparativos de seu quarto. Ajeitei alguns detalhes, saí para fazer algumas compras e terminei o dia assistindo à um filme no meu quarto. Além de conseguir falar com Antônio ao telefone, o tranquilizando sobre como tudo ia bem.• Tá tudo bem Antônio. Andei pelo quarto. Eu passei o dia colocando o quarto dela no lugar e agora, tô me preparando para dormir um pouco. Revelou, enquanto encarava o espelho. Não. Não tô sentindo nada. Dor nenhuma. Tá tudo normal. Passou um creme na pele, depois de ler o rótulo. Comi. Revirou os olhos. Eu me alimentei sim. Juro. Prometeu. E por aí, tá tudo bem? Se preocupou, enquanto ajeitava os cabelos. Antônio... Antônio... Não seja resistente, por favor. Faz tudo que o Silvério te aconselhar a fazer meu amor. Pediu. Por favor. Tá... Tá bom. Eu também estou. Estou morrendo de saudade. Sorriu, apaixonada. Pode deixar. Pode deixar que eu mando o seu recado sim. Um beijo. Se despediu. •
- Ouviu filha? Ouviu o seu pai? Sussurrou. Ele disse que te ama, que já volta, e que tudo o que ele ta fazendo é por você. Lembrou, feliz, enquanto ela mexia. Eu sei. Sorriu. Eu também amo muito o teu pai. Declarou. Muito.
Irene On:
Tudo o que eu disse a Antônio era verdade. Eu acreditava piamente que tudo ficaria bem. Acreditava que estava segura na minha própria casa. Tinha certeza. Não estava sentindo dores, nem mesmo as de treinamento, que começaram há menos de uma semana. Me sentia sozinha, mas entendia o quão nescessário era que meu marido se ausentasse nesse momento. Não quis chamar Petra e Luigi, porque era orgulhosa demais e acreditava que poderia me virar muito bem sozinha. E eu me virei, durante todo o dia. Achava que conseguiria resistir por mais dois dias. Até acordar de um cochilo no meio da noite e perceber que precisava de muita ajuda. Mais ajuda do que imaginava. Uma ajuda que eu não sei de onde viria, mas comecei a tentar imaginar como e a quem, a pediria.- Damião?! Me assustei ao abrir os olhos e encará-lo no meu quarto, deitado ao meu lado na cama. O que você está fazendo aqui? Encarei, tentando me desvinciliar do medo. O que você tá fazendo na minha casa? Gritou, enquanto se afastava do duro ataque de ter seu pior inimigo dentro de sua própria casa.
- Te admirando. Alisou meu rosto. Não sabia que você ficava tão linda assim, dormindo. Me aterrorizou. Tão linda que, me convenceu a ficar. Por dois dias. Revelou, enquanto tirava os sapatos e se aproximava um pouco mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Antorene: The After
FanfictionE se Irene decidisse fugir da polícia? E se fosse obrigada a deixar Antônio para trás? E se Antônio fosse condenado a pagar por todos os crimes que cometeu, preso dentro de seu próprio império? Sozinho, como sempre temeu estar, até mesmo durante as...