Noite Sombria

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Irene On:
Eu não me lembro de muitos detalhes, do que aconteceu. E se eu me forço a lembrar, sinto uma dor de cabeça fora do comum, aquecer todos os meus miolos. Eu não sei de muitas coisas, mas, sei que senti alguém segurar firmemente o meu braço quando tentei seguir Antônio e impedir que ele cometesse novos erros. Depois disso, eu senti um cheiro forte de álcool e a força do meu corpo se perdeu. Só pude acordar agora. Deitada sobre um colchão imundo, enquanto ouço vozes estranhas. Ou, não tão estranhas assim.
Eu não me lembro de ter visto uma noite tão sombria antes. Enquanto a cidade dormia, embalada por um silêncio calmo, sereno e tranquilo, eu pensava a todo momento em uma forma de pedir socorro. Algo que não fosse capaz de colocar em risco o que mais me preocupa: Aruna.
Estou apavorada, mas jamais deixarei que ele saiba disso, se divertindo com o meu desespero. Tenho certeza que Antônio irá varrer cada canto da cidade e me encontrará. Eu sei disso. Mas, o olhar de Damião e todas as loucuras que ele diz, minuto após minuto, me deixam um pouco mais desesperada a cada segundo.

- Olha aí, a bela adormecida acordou. Se aproximou da mulher, sínico. Já jantou? Sussurrou. Quer alguma coisa, meu amor? Fez Irene estremecer.
- Eu quero ir pra casa. Enfrentou. Você pode me levar de volta, por favor? Insistiu.
- Hum cum hum. Negou. Suponho que nós tínhamos um combinado. Lembra?
- Lembro. Quase gritou. Um combinado que não inclua você me sequestrar, ainda grávida, Damião. Não era pra ser assim. Gritou. Eu te disse que queria a minha filha fora disso.
- Ah, mas, eu pensei melhor e, cheguei a conclusão de que, não tinha como deixar a nossa filha para trás. Sorriu, macabro.
- Nossa filha? Reagiu, incrédula.
- A nossa Letícia. Demonstrou loucura. Acha mesmo que eu vou deixar aquele Antônio La Selva, criar a minha filha? Segurou firmemente seu rosto. Acha pouco ele ter roubado a minha mulher?

Irene On:
Letícia? Mulher dele? Filha dele? Meu Deus. Ele enlouqueceu. Eu tinha razão. Ele não quer e nunca quis me matar. Pelo contrário, quer a mim. Quer a minha filha. Quer uma vida que não é a dele. Quer a vida de Antônio. Meu Deus, isso é pior que tudo o que eu imaginei para esse dia. Imaginei que minha morte seria lenta e dolorosa. Imaginei todo tipo de tortura. Mas, nunca imaginei algo assim. Nunca. Eu preciso sair daqui. Preciso fugir. Preciso proteger Aruna. Eu preciso pensar em alguma coisa.

- Que mulher, Damião? Gritou, assustada. Que filha? Meu Deus, você está completamente louco. Reagiu. Não sou sua mulher, essa filha não é sua. E não se chama Letícia. Negou. Você precisa se tratar. Eu posso te ajudar. Damião, eu posso te ajudar a fugir daqui. Posso te dar um bom dinheiro e te ajudar a reconstruir sua vida, em outro lugar. Tentou convencer.
- É exatamente o que eu quero, meu amor.
- O Antônio nunca vai permitir isso. Damião, ele vai matar você. Ele vai vir atrás de mim. Você sabe que ele não vai descansar até conseguir me encontrar.
- Eu sei. Sorriu. É por isso que eu resolvi acabar logo com isso. Não dava pra esperar a menina nascer. Eu preciso que aquele idiota do teu ex marido venha até aqui.
- Damião...
- Fica calma, meu amor, depois que eu conseguir o que eu quero, nós podemos morar onde você quiser. Eu, você e a nossa menina. Sonhou.
- E o que você quer? Indagou, ainda, perplexa.
- Eu quero Antônio La Selva. A encarou. Morto. Completou.

Antorene: The After Onde histórias criam vida. Descubra agora