autodefesa / 61/

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Seco as lágrimas, custa acreditar no que escutei do meu tio

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Seco as lágrimas, custa acreditar no que escutei do meu tio. Não posso suportar a ideia de que perdi meu Appa pra sempre, a depressão tem tomado conta de mim desde então e faço o máximo para escondê-la, o máximo para tentar afastar a dor que cresce. Sento-me na mureta do forte, o vento gelado corta meu rosto e as ondas ferozes dançam diante dos meus olhos. É como se o mar compartilhasse a agitação dentro de mim, ecoando os receios e incertezas que me assombram desde que descobri que estava grávida.

Já se passaram poucos dias desde então, mas a confusão dentro de mim permanece. A felicidade de gerar uma vida se mistura com a angústia de não saber se serei capaz de ser uma boa mãe, ainda mais sem meu appa. Minha própria mãe, aquela que deveria ter sido meu porto seguro, me vendeu para um cafetão quando eu era apenas uma criança. A dor e a rejeição que senti naquela época ainda ecoam dentro de mim, deixando cicatrizes profundas que nem o tempo pode apagar.

Não tive uma adolescência comum, cercada de amigos e conselhos maternos. Fui criada pelo amor incondicional de meu pai e meu tio, as únicas verdadeiras referências de família que conheci. Eles me protegeram, me amaram e me ensinaram a ser forte, mesmo quando o mundo ao meu redor desmoronava.

Agora, olho para minha barriga levemente arredondada e sinto o peso da responsabilidade que está por vir. Cada pequeno relevo parece carregar o peso de uma nova vida, e eu me pergunto se estarei à altura desse desafio.

Meu marido está ao meu lado, compartilhando cada momento único e precioso desta jornada. Sua presença traz conforto, mas também aumenta minha preocupação. Será que serei capaz de dar ao nosso filho o amor e a proteção que ele merece?

Os dias têm sido menos ruins nessa parte, sem os enjoos que me assombravam dias atrás. Mas a calmaria traz consigo uma sensação de urgência, a necessidade de enfrentar meus medos e incertezas de frente.

Enquanto eu contemplo o horizonte vazio, perdida em meus próprios pensamentos tumultuados, percebo a figura elegante de Lady Margareth Stanford se aproximando, com sua postura confiante e seus olhos felinos que sempre me intrigaram.

Ela se aproximou com sua habitual elegância, vestida nas suas roupas masculinas impecáveis e modernas, um contraste marcante com o aura sombria do forte. Seu olhar perspicaz parece atravessar minha alma enquanto ela pergunta diretamente:

— Por que está aqui, enfrentando o vento frio e congelando com essa cara de bunda?

— Estou apenas querendo ficar um pouco sozinha — digo, tentando cortar a vergonha e evitar que ela examine mais atentamente minha confusão mental.

Sei que ela está aqui para me ajudar, mesmo que não transpareça evidentemente seu intento. Sua presença imponente e sua voz suave me fazem sentir uma mistura de ansiedade e alívio. Por um lado, eu sempre admirei a confiança e a determinação de Lady Margareth, mas ao mesmo tempo, seus olhos sempre me pareceram perigosos, como se escondessem segredos que eu mal consigo compreender.

LAST of DARKNESS  |  ÚLTIMA DAS TREVAS 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora