meu amigo demônio /65/

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Abro os olhos pesados sentindo meu corpo parcialmente gelado e dormente, as bochechas rasgando com o vento frio

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Abro os olhos pesados sentindo meu corpo parcialmente gelado e dormente, as bochechas rasgando com o vento frio. 

Que merda? — resmungo desorientado. Olho ao redor e vejo que estou entre a porta do pátio e o salão de armas. A neve encobre parte das minhas pernas, e sinto minha pele formigar. — Como caí aqui? — pergunto-me ainda zonzo. 

A sensação de secura na boca e dor extrema na cabeça cria um alerta agudo.

— SIENA! — Grito, rolando de lado, ignorando o formigamento dos meus membros que poderiam muito bem estar entrando em processo de hipotermia. Troco as pernas, o ar está mais condensado, não se trata mais de vinte e duas horas, estamos na madrugada. Fui apagado, e o único pensamento plausível consome meu cérebro.

Ainda tropeçando, corro até o quarto pela ala leste, mas ao entrar só encontro o vazio e escuridão, cadê toda festa? Reviro os cômodos aos berros, os soldados não estão em parte alguma. Que porra está acontecendo? Onde estão todos?

Quando corro para o salão principal, meus berros ecoam no grande forte. 

— SIENAAAAAAA!!!!! PAPOULAAAAA!!!! ONDE VOCÊ ESTÁ?? — Ninguém me responde além do eco ensurdecedor da minha própria voz. Algo denso e louco está atingindo meus pensamentos, um pressentimento horrível. Por mais que eu evite acreditar, eu sei, desde que acordei na neve. Ela não está aqui.

Corro como um maluco derrapando nos corredores para a parte norte do forte até que tropeço e caio sobre um corpo gordo. 

— PUTA QUE PARIU!!!

Uma das copeiras está estirada no chão como se estivesse em coma dopado. Mais à frente, vejo dois dos meus soldados caídos. Reflito de imediato que fomos envenenados.

Confiro os cômodos, e quando chego ao corredor sul, vejo um corpo estendido na tapeçaria persa. Ao me aproximar, vejo que é Margareth, sacudo seus ombros e, por um milagre, a vejo gemer.

O forte parece que não tem uma alma consciente, mas preciso de ajuda para escavar cada buraco, e ainda não achei James caído em nenhum lugar. Ela desperta e me olha assustada, sua recuperação é mais rápida que a minha. Seus olhos de rapina escaneiam tudo, e como se o local estivesse despertando de algum feitiço, as pessoas começam a gemer e se mexer.

Confiro meus bolsos e encontro meu celular. Desde que estava falando com James no pátio, já se passaram duas horas. Que porra!

Tanto eu quanto Margareth batemos os cômodos do forte, enquanto peço a um dos soldados para encontrar o chefe de segurança da armada. Após alguns minutos, o rádio de um dos soldados apita, e a voz do outro lado afirma que nem o chefe de segurança nem duas cozinheiras estão entre os demais funcionários do castelo. Meu sangue sobe, troco um olhar com Standford; foram esses desgraçados.

Estamos seguindo para a sala de monitoramento quando algo chama minha atenção: o tapete está remexido no corredor oeste, e isso aperta meu peito, pois, em minha pressa, não chequei a biblioteca. Corro e quase tropeço algumas vezes até chegar à porta, mas ao me aproximar, meu sangue gela.

LAST of DARKNESS  |  ÚLTIMA DAS TREVAS 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora