o começo da guerra /60/

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O velório de Kang aconteceu há poucos dias

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O velório de Kang aconteceu há poucos dias. Foi uma cerimônia rápida, sem firulas, fechada e sem envolvimento da mídia — fiz o máximo para mantê-los longe. Afirmo que foi a cerimônia fúnebre mais tranquila da minha vida. O corpo do meu irmão foi levado para a gaveta pertencente à nossa família, enterrado ao lado de Sayore e Sakura, sua esposa e filha. Tirando Poppy, não há herdeiros, tudo está em minhas mãos. Em vida, Kang praticamente entrou no celibato, sequer teve outra mulher depois de Sayore. Foi Poppy quem mudou seu coração... Primeiro um homem forte e imbatível e depois um pai babão, sem tempo para terceiros, completamente entregue à sua garotinha.

E qual homem não se renderia a ela...?

Suspiro, liberando a fumaça do cigarro. Relaxo os ombros e as costas no encosto da poltrona e com a mão livre roço os dedos na gargantilha de diamantes guardada na caixa de veludo preto. A única joia que restou de Harin reluz com o brilho dos raios de sol que entram pelas persianas do escritório. Essa gargantilha tem tantos significados...Só de piscar os olhos, posso retroceder ao tempo em que ela era uma adolescente, bela e viva. Posso sentir seu cheiro de crisântemo, materializar sua pele de marfim, os lindos cabelos longos e caramelizados e seus olhos negros por trás dos óculos de grau enquanto lia livros de fantasia nos jardins. Minha irmã era tão jovem, tão linda, delicada e inteligente. Ela era perfeita, mais que perfeita! Até mesmo no seu sono de morte, sua beleza era descomunal, praticamente uma princesa mergulhada no sono eterno. Tudo foi rápido demais, breve demais. Eu merecia mais tempo, mas não foi possível.

Olhar para esse colar de diamantes, girá-lo entre os dedos, me dá energia, uma força descomunal para resgatar Poppy e lhe dar sua herança por direito. Esse colar deve ser dela, e eu preciso colocá-lo em seu pescoço e mostrar parte do que sou, revelar o que podemos ter em nosso futuro.

Cometi um erro, a perdi no processo do plano para matar aquele dálmata imundo, tive até que vê-la se casar com ele e agora ele sabe de tudo! Preciso de mais tempo com minha sobrinha, preciso encontrá-la. Não permitirei que esse Jiral dos diabos a remova permanentemente da minha vida.

Eu fumo, alheio aos gritos estridentes, aos grunhidos intermitentes daquela trequinho esquisita que, toda vez que se liberta das mordaças, só sabe gritar e ofender com a língua afiada. Todos os dias reprimo a vontade de desmembrá-la com minha Katana, embora devo confessar que às vezes dou boas risadas de suas exigências e provocações ultrajantes aos meus homens. Acredito, tanto quanto eu, que eles estão ansiosos para arrancar as entranhas da vagabunda.

Fecho a caixinha da joia e guardo dentro do cofre embutido na gaveta da mesa executiva. Cruzo as pernas dando pequenos chutes no ar enquanto fumo. Já se passaram alguns dias desde que Poppy ligou para meu número secreto, disse apenas meu nome e encerrou a ligação em segundos. Desde aquele dia montei um esquema, uma equipe especializada para fazer o rastreio onde ela está, caso tente me contatar outra vez. Sei que o Marquês não teria sido tão tolo a ponto de deixá-la me ligar ou colocar um telefone por perto para poder entrar em contato comigo. De duas coisas, uma é certa, ou o telefone segue alta criptografia de inibição por satélite,  ou ela ligou de algum lugar distante que ele não tinha conhecimento.

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