pressentimento ruim /55/

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Abro as pálpebras, leves como penas flutuando ao vento

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Abro as pálpebras, leves como penas flutuando ao vento. Acordo de um sono profundo. Quantas horas eu dormi? Não sei, mas provavelmente muitas horas, porque sonhos cheios de pássaros, água corrente, risos e cores levaram embora todo o cansaço, toda a angústia e mágoa. Me espreguiço esticando os braços na cama, abraçando-a, sorrindo, sem dúvida um dos melhores sonos que já tive!!!

Nossa, se eu dormisse assim todas as noites não haveria problemas que pudessem me derrubar, eu mereço mais noites de sono como essa. Me sinto uma nova Poppy, quase... Renovada.

Pisco os olhos e suspiro, tentando enxergar além da escuridão do quarto. Movo meu corpo um pouco desconfortável com o suor que desce pelas costas, nem sequer mudei de posição durante o sono! Seja o que for que James fez, eu tenho que obrigá-lo a me fazer dormir sempre!

Depois de alguns minutos tentando lembrar dos sonhos e sem força para da cama, sento-me, lutando para colocar os pés descalços no chão acarpetado, faço isso a contragosto. Caminho até a janela, abro as cortinas e recebo uma brisa leve e gostosa em meus volumosos cabelos, minha pele se arrepia, resplandece ao brilho da lua cheia, prateada como uma joia que enriquece o horizonte, banhando-se no imenso mar azul, um azul tão escuro, limpo, imprevisível e cheio de segredos. Minha imaginação pode me levar a uma época em que Roselyn e Aidan navegaram através deste oceano para chegar a esta fortaleza, que outras histórias eles tiveram aqui? Mal posso esperar para perguntar a Dale.

Fecho a janela e deixo a imaginação de lado, acendendo a luz e verificando a hora no relógio de cuco preso ao papel de parede ros com pétalas brancas esculpidas. São 22h. Meu estômago está roncando de fome, dormi demais! E Dale não me acordou, se é que voltou para o quarto depois do que aconteceu...

O silêncio vil, os olhos congestionados de tanta raiva que ele sentiu naquele momento volta a me atingir em cheio.

Recuso-me a sentir esses sentimentos ruins, sobre o nojo, a desaprovação e aversão que ele sentiu quando lhe contei a verdade. Meu Deus eu não vou aguentar se ele me odiar! Se ele me odiar e me recusar eu não sei o que será de mim!

Vamos Poppy, seja corajosa ao menos uma vez na vida e enfrente-o! Preciso exigir toda a verdade do que ele sente e então aceitarei ou me renderei a esta dor visceral.

Pensando nisso e criando coragem, vou até o guarda-roupa em busca de um casaco para cobrir meu corpo com essa camisola de seda vaporosa. Entre os suéteres, moletons e casacos de pele e couro, destaca-se um lindo cardigã cor de damasco! Ao retirar a peça do cabide, ouço um estampido baixo, o diário de couro com folhas gastas e manchadas pelo tempo que havia escondido! Cai aberto, às páginas se viram como se fossem movidas por mãos invisíveis e param em uma folha com rabiscos, desenhos estranhos, símbolos druidas, uma das figuras ocupa metade da folha; uma cegonha um tanto macabra, com braços humanos, pés humanos e asas de anjo...

Sinto um calafrio.

Mordo o lábio, sei que a figura, assim como metade dos monstros, anomalias e instrumentos de torturar que foram desenhadas e mencionadas pelo meu marido, numa época em que sua caligrafia era redonda, quase um garrancho de como é hoje, foi desenhada e escrita com tanta profundidade ou raiva que causara rasuras no papel pardo.

LAST of DARKNESS  |  ÚLTIMA DAS TREVAS 🔞Onde histórias criam vida. Descubra agora