Tenho percepções que me reviram o estômago sobre o quão suja estou por dentro. Não é possível estar digna para alguém ao ter consciência de tudo que passei, com tantos homens e velhos nojentos que me fragmentaram. Este lugar não ajuda em nada, a não ser à fortificar meus medos. Quantas vezes pensei em contar a verdade para o homem que amo, mas nunca tive coragem. Tantas. Agora sou Poppy, não sou mais Siena, não estou pronta para deixá-la emergir das cinzas. Relutante em pensar que finalmente chegou a hora e não posso mais adiar, relutante em pensar que, mesmo sendo Poppy, ainda fui estuprada, talvez diversas vezes quando estava na minha casa na Coreia, na proteção do meu appa e do meu samchon.
Choro me vendo cercada e tensa com o coração preso na garganta, é assustador, aterrorizante e mortal, não consigo manter os meus traumas escondidos dentro de mim. Quem sou eu de verdade? Uma fraude? Não consigo lidar com meus demônios. As chamas nas velas soltam estalidos devido a umidade, e esse som simples me assusta. Respiro fundo, dando um passo para trás, talvez este seja o momento de liberar a dor e a revolta presas em meu âmago, mas tenho medo.
Medo, medo, medo de morrer é a única coisa que sinto e vem de todos os lugares. Tenho medo porque quando olho para a tumba de mármore parece que os ossos abaixo estão me olhando de volta, estou sendo vista por almas penadas, por monstros, por todo esse lugar assustador que deseja um hospedeiro e minha alma.Roselyn, não queria ser assim, me perdoa... Dale....
— E-me d-desculpe...
Não dou tempo para que me segure, quando viro meu olhar para ele sinto meu sangue congelar, o máximo que ele faz, empunhando a adaga com a lâmina afiada pingando nosso sangue, é apertar o maxilar, e me fitar de um jeito analisador. Eu absorvo essa energia maligna nos circulando. Estou tremendo, meu coração bate tão alto que posso escutá-lo, meus pés, tocando à poeira do chão, agem por conta própria, mais dois passos para trás e guiada pelo medo batucando na minha cabeça, em um último olhar, saio correndo em disparada da cripta, indo para os túneis, bem longe, querendo fôlego e proteção, correndo para escapar do terror.
— POPPY!!!! VOLTE AQUI!!! — A voz dele reverbera como um trovão, um rugido de leão.
***
Avanço em direção às paredes de ossos, abraçando-me com as mãos trêmulas para esconder o corpo praticamente nu agarrado aos trapos que sobraram da saia e blusa azuis, ao menos ainda uso a calcinha branca. Por algum estimulo de proteção tento caminhar no meio do corredor sem me aproximar das ossadas, não me atrevo a olhar ou tocá-las. Mesmo sem sentir frio, não tem como a espinha não arrepiar só de pensar que todos os crânios incrustados e empilhados formando extensas paredes de ossos são humanos! Eles não são falsos, pertenciam a alguém, mesmo que estejam aqui por algum propósito sagrado. Esgueiro-me em um novo corredor escuro, suspirando e procurando o portão, arrependida por ter agido num impulso, busco às luzes para encontrar a saída.
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LAST of DARKNESS | ÚLTIMA DAS TREVAS 🔞
RomanceROMANCE DARK PESADO +21 Os filhos das trevas jamais reconhecerão a luz do bem, pois estão acostumados com a escuridão podre e perversa que habita no submundo da almas forjadas no inferno. - Poppy, Pequena Poppy... quem ela é? - Eu não sei, não sei...