Esqueça as Chamas e a Tempestade (Livro 1 da série: Herdeiros)

Capitulo 2

Eu nunca me importei de acordar cedo, mas depois de ontem, eu apenas queria dormir mais um pouco, pelo menos mais algumas horas na cama macia e aconchegante. Entretanto, aqui estou eu, de pé bem cedo para entregar currículos.

Decidi nem tomar café da manhã em casa, deixando pra fazer isso em alguma padaria por perto. Precisava arrumar um emprego até o fim dessa semana e também conhecer um pouco do bairro, onde será minha casa pelos próximos anos.

Depois de horas finalmente consegui conhecer as ruas, lojas e alguns restaurantes. Inclusive, parei em uma papelaria para imprimir meu currículo e logo em seguida, sai entregando para os lugares que havia gostado e que sabia que se futuramente eu fosse contratada, me daria super bem.

Percebi que as ruas onde meu apartamento estava localizado, era bem movimentadas e isso me deixava tranquila. Tinha algumas empresas por perto, shopping e uma praça enorme a seis minutos da minha casa, podia caminhar lá quando quisesse, o que me deixou muito feliz pois gostava de correr para espairecer a cabeça.

Quando não estava com preguiça...

Já era quase a hora do almoço quando parei em uma lanchonete maravilhosa perto de casa, e pedi um pão com doce de leite que eu era apaixonada e sempre comia em Boston. A lanchonete é muito receptiva e os funcionários andavam de patins o que deixava tudo bem mais divertido e criativo.

- Olha por onde anda!! - Um homem chama a atenção de uma das atendentes de patins depois de ele esbarrar nela, fazendo o café nas mãos do cara, entornar na blusa do mesmo. Percebo que algumas pessoas pararam de comer, para prestar atenção no que havia acontecido, assim como eu.

- Desculpe, senhor! - A moça ruiva, abaixa a cabeça envergonhada pela situação constrangedora.

Desculpas?? Foi ele quem esbarrou nela!

- Onde já se viu, sair caindo nos clientes?? - brada, parecendo furioso.

- Desculpe, senhor! - repete como um robô, ela parecia acostumada demais a dizer aquelas palavras. Porém, o homem que não parecia ser muito mais velho que ela a encara, como se ela fosse o mosquito que pousou em sua maldita bebida.

- Desculpas? Isso não vai resolver nada, olha o que você fez! - Encara seu blazer sujo de café, e a vejo se encolher com seu tom de voz.

- Não foi minha intenção, senhor.

- Sabe o valor desse terno, garota? - ele se aproxima e a vejo recuar um passo - Você vai pagar de alguma forma - mais um passo - Nem que seja com o salariozinho de merda que você ganha nesse muquifo.

Uma raiva enorme me atinge, e sem pensar duas vezes, já estou andando a passos largos até eles.

- Eii - brado, entrando na frente da ruiva, e ficando entre os dois - Não fala assim com ela!

Ele me olha de cima a baixo, um sorriso amarelo brota em seus lábios.

- O que foi? Vai pagar no lugar dela? - Ele encara a garota atrás de mim.

- Ninguém aqui vai pagar nada! - afirmo, e ele fica indignado, dando um passo a frente. Dava pra ver que o cara tinha dinheiro para comprar mais desse blazer feio, o babaca só queria menosprezar e humilhar a garota atrás de mim.

Ah, mas se o idiota esperava algo, ele ia cair do cavalo.

- Ou pagam ou...

- Ou o que? - me aproximo e ele estanca no lugar, surpreso com minha ousadia. Suas roupas mostravam o quão playboyzinho ele era. Deveria ser algum filhinho de papai, mau humorado com a vida e todos que estraguem seu "lindo" visual caro.