Capítulo 32.

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                            Zaiden Goldman

— Essa casa está abandonada a anos, algum pirralho deve ter feito isso — avalio olhando a horrível cena que se passava bem em minha frente.

Já fui um adolescente rebelde e entrei muito nesta casa junto a Kenai, então sei que é abandonada a anos e de certa forma, me intrigava o fato de ela ainda estar de pé daquele jeito. Bom, não mais...

Meus olhos automaticamente vão até Alya quando sinto um movimento junto ao barulho ofegante ao meu lado. Estanco no lugar com o que vejo.

— Alya! — chamo enquanto me aproximo dela rapidamente.

Sua respiração estava pesada, o peito descendo e subindo cada vez mais rápido como se não conseguisse respirar. O rosto branco feito o papel, já encharcado com suas lágrimas e as unhas fincadas no banco, parecendo querer se agarrar a algo real.

— Alya!! — tento outra vez chamar sua atenção para mim, mas ela não parecia escutar o que eu dizia. Ela estava totalmente inerte.

Porra.

Eu sabia o que aquela expressão no rosto dela significava.

Alya estava tendo um ataque de pânico, bem aqui, bem agora.

Seguro seu rosto com as suas mãos, o virando para mim.

— Ei, Aly — tento soar firme e calmo, mas a verdade é que estava desesperado com a cena que se passava à minha frente — Olha pra mim!

Seus olhos cheios de lágrimas estavam fixos em outro lugar, como se estivesse perdida, como se não conseguisse voltar à realidade. Eu sabia o que era aquilo, já passei pela mesma coisa mais vezes do que gostaria de admitir. No entanto, ver a cena ocorrer com ela e bem diante de mim, era angustiante.

Eu queria tirar aquela expressão de desespero dos olhos dela, queria que o que é que tivesse levado Alya aquela situação, sumisse.

Percebo que seus olhos estavam fixos para a cena que ocorria atrás de mim. Olho naquela direção. Fogo. Era a casa em chamas.

Porra, só podia ser aquilo.

Sem esperar mais um segundo, ligo o carro e nos levo para longe daquele tumulto todo, para longe do fogo e das ambulâncias. Em seguida, encosto o carro de qualquer jeito em uma rua tranquila e solto meu cinto, me aproximando dela novamente.

— Girassol — seguro seu rosto o trazendo para mim enquanto acaricio sua bochecha, dando o conforto que ela precisava no momento. Sua respiração ainda frenética e o olhar preso no mesmo lugar, como se a casa em chamas ainda estivesse ali, bem na sua frente — Respira devagar, você tem que tentar fazer isso — As lágrimas caem mais — Por favor!! Olha pra mim.

E então, finalmente os olhos amarelos brilhantes encontram os meus e uma sensação que nunca senti antes me atinge em cheio, eu queria abraçá-la, cuidar dela e fazer a dor em seus olhos, sumir e nunca mais voltar.

— Isso — minha voz sai como um alívio — Agora inspira e expira devagar — faço o mesmo, para que ela imitasse.

Alya inspira, os olhos em mim a procura de ajuda, ela estava tentando, tentando sair de qual seja a escuridão que ela estivesse no momento.

— Agora expira — Ela o faz.

Uma.

Duas.

Três vezes.

Alya começa a se acalmar enquanto finalmente parece conseguir respirar de novo. Mas então, depois que tudo passa, ela coloca as mãos no rosto e desaba a chorar.

Esqueça as Chamas e a Tempestade (Livro 1 da série: Herdeiros) Onde histórias criam vida. Descubra agora