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NALA

A tarde passou rápido no salão, Mia me ensinou várias coisas sobre fazer unha e deixou que eu treinasse nela.

— Tá melhorando, mas tá meio borrado aqui. — Ela dizia e eu ia arrumando. — Ótimo, até que tu não é tão ruim... — Eu sorrio meio tímida.

— Fala aí Mia. — Entra uma menina linda usando cropped e um shorts curtinho. — Oi. — Diz pra mim e eu faço um sinal com a cabeça. — Tu é nova aqui né não?

— Se mudou hoje, tá trabalhando aqui. A chefa mandou a outra lá embora. — Mia responde e a menina se senta do nosso lado.

— Aquela lá é louca! Sou Luiza, e tu?

— Nala.

— Tímida tu ein Nala, vai pro baile amanhã?

— Baile? — Pergunto sem saber do que se trata.

— Tá sabendo de nada mesmo ein, tu não é da qui mesmo. Amanhã a gente se encontra e depois do trampo nois de arruma na minha casa. Tu vai não vai novinha? — Ela aponta pra mim e eu confirmo.

Luiza sai do salão.

— Ela trabalha aqui? — Pergunto.

— Trabalha quando tem cliente. — Mia me encara de cima a baixo. — Temos que mudar essas suas roupas urgente, ninguém usa moletom e calça por aqui não.

Já estava ficando tarde e então saimos da loja e Mia a fecha.

— Falou, até amanhã, 9 horas.

— Beleza, obrigada! — Respondo e olho em volta. Já era de noite e eu não fazia ideia da onde era a minha casa.

Mia já estava longe então minha única opção era ir andando por aí. Não sabia se minha vó já tinha chegado em casa, então preferi não ligar.

Depois de uns minutos, era óbvio que eu estava perdida.

Entro em um beco e aparece um cara armado na minha frente.

— Princesinha tá perdida? — Por causa de uma luz, consigo ver o rosto dele. Era o mesmo cara que tinha ficado na entrada.

— Não. — Respondo lembrando que minha vó disse pra tomar cuidado com esses caras.

Eu tento passar ao lado dele mas ele segura meu braço.

— Casa da tua vó é do outro lado novata.

— Ata, valeu. — Me viro de novo, mas ele me chama outra vez.

— Calma mulher, eu te acompanho, sabe sei lá quem tu pode encontrar por ai. — Ele me segue mas eu fico em silêncio. — Tu namora? — Eu o encaro.

— Hm... Não... — Ele me olha de cima a baixo com um sorriso malicioso no rosto.

— Tá afim de fica? — Ele sorri e eu travo.

— Sai dessa Clebin, é uma carne nova chegar que você já vai pra cima né? — Luíza chega e o cara revira os olhos.

— Tu tá em todo lugar né garota. — Revira os olhos.

— Sabe como é, sinto cheio de idiota de longeeee. — Ela ri.

— Vai colar amanhã?

— Pode pá.

— E tu vai moreninha? — Ele se refere a mim.

— Acho que sim.

— Ai sim ein... — Ele me encara, da uma piscadinha e vai pro outro lado, se afastando.

— Fica longe dele, esse ai atira pra tudo quanto é lado.

— Pode deixar. E você namora?

— Aqui ou você é solteira e livre, ou tu é casada e leva chifrada. Eu sou a primeira opção, mas a Mia é a segunda.

— Ata. — Quando olho, já estou na frente da casa da minha vó. — É aqui minha casa.

— Fechou, se cuida por ai Nala, que amanhã tem bailão! Já disse que temos que mudar essa tua roupa né?

— Mia já deixou claro isso. — Sorrimos uma para a outra e eu entro em casa.

Minha avó não está aqui, então eu começo a arrumar o meu novo quarto.

Coloco uma música no meu celular, coloco na minha playlist de sertanejo e começa a tocar alguns antigos.

Minha porta se abre.

— Isso sim é que é música minha neta. Não é igual aquela baixaria que esses jovens escutam nos dias de hoje.

— Ah vó, eu consegui um emprego no salão aqui perto aliás.

— Que bom! — Ela sorri e vai pra cozinha, eu a sigo.

— As meninas de lá me convidaram pra ir em um baile amanhã, será que eu posso ir? — Ao falar a palavra "baile", parece que ela teve um infarto.

— Pelo santo Deus, não! Não vá nisso Nala, vai se drogar e beber e se envolver com esses homens... Você não pode ir!

— Tudo bem... Desculpa.

Não retruco minha avó, ela já fez demais por mim e se ela diz que não é um lugar adequado, eu acredito.

— Esses bailes só tem baixaria, e olha o que o mundo se tornou! É uma vergonha! Consigo escutar o que eles chamam de música até daqui!

— É algo muito pesado?

— Só tem drogas, mulheres quase sem roupa e aqueles homens bêbados.

Só de ouvir em homem bêbado já me lembro do meu pai e de tudo que aconteceu.

Dou boa noite para minha vó e vou pro meu quarto.

Penso em tudo o que aconteceu hoje e em como a alguns dias, eu estava em outro lugar e hoje já estou morando com minha avó no morro.

É tudo tão diferente.

Espero me acostumar a tudo que está acontecendo.

Em poucos minutos eu durmo.

Que amanhã seja um bom dia.

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora