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PUMA

Faz tempo que não escuto esse nome... Por que ele apareceu? E ainda mais agora?

— Manda subir pra cá.

— Tu conhece mesmo? — Paiva me olha confuso.

— Conheço pô, manda subir. — Digo apreensivo e Paiva manda uma mensagem pra alguém.

— Mandei, já já ele consta.

— Jae, pode ir, o papo é particular. — Aviso e Paiva já sai do quarto.

Que que ele tá fazendo aqui?

Que merda que deu?

Fico esperando e levanto da cama.

Vou até a varanda e logo o muleque aparece.

— Henrique! — Ele me olha feliz e eu já fecho a porta com medo de alguém ouvir.

— Que porra de Henrique caralho tá maluco?! Aqui é Puma ô vacilão! — Tranco a porta e olho pro mano.

Nos abraçamos.

— Saudades irmão. — Ele diz e soltamos o abraço.

— E que porra tu tá fazendo aqui? Achei que estaria com o teu amigo, morando sei lá onde...

— É... Tenho muita coisa pra te fala.

— O bagulho ficou feio né? Pode dizer. Que merda tu fez?

— Eu tava morando com aquele meu amigo naquele morro lembra?

— Aham, vai falando...

— E tava tudo certo... Até que colocaram nois pra vender as drogas.

Eu já o interrompo.

— Não venha de papo pra cima de mim Leandro! Sei muito bem que essas porra não funcionam do jeito que tu tá falando! Não tem essa de "colocaram nois pra vender droga", seis que se meteram nisso.

— Tá! A gente se meteu, dava mais dinheiro!

— Que porra de mais dinheiro caralho! Teu irmão é a porra do dono dessa quebrada! Como que tu se mete numa porra dessa?

— Me afundei Henrique, não deu...

— Que que rolou depois?

— Uns caras, roubaram mercadoria nossa... E o dono deu a ideia de nois ir e fuder com o morro desses cara.

— Puta merda, que que tu fez porra?

— Botei fogo em uns bagulhos do morro dos cara... Eles roubaram nossa mercadoria!

— Tu é idiota caralho? Porra Leandro! — Falo alto mas sem gritar.

Não quero que ninguém escute essa conversa.

— Eu errei Henrique...

— Óbvio caralho, e que erro da porra!

— Agora eu tô com uma puta dívida com eles...

— Imaginei mesmo, gente ruim só aparece quando tá precisando do malote né. Tu é muito cara de pau mesmo!

— Desculpa... Mas eu não tinha mais pra onde correr! É muita grana!

— Quanto que tu precisa? — Pergunto e depois de ouvir a resposta... Me arrependo de ter perguntado. — TU TÁ DE SACANAGEM?

— Não tô! Eu queimei tudo Henrique! Eles tão putos! Disseram que se eu não pagar até amanhã, vão atrás de mim e me matar!

— Puta merda! — Coloco minhas mãos na cabeça e fico pensando.

Eu não tenho todo esse dinheiro!

E mesmo se tivesse, é foda ter tudo em nota, não vai dar certo.

— Caralho Leandro! Olha a merda que você se meteu filho da puta! — Dou um tapa na cabeça dele.

— Desculpa... Se não tiver como pagar, tudo bem... Eu não tenho nada mesmo, só você de família e minha vida já não vale muito...

— Cala a boca e deixa eu pensar!

Ficamos em silêncio.

Esse idiota do meu irmão, depois que eu me tornei o chefe daqui, quis ir embora. Falou que iria morar com um amigo e que não voltaria.

Faz anos que não nos vemos, anos sem conversar.

Às vezes eu pensava nele e em como ele tava... Mas nada muito sério também.

Saber que ele se meteu nessas merdas me dá um ódio do cacete, porque eu não sei se vou conseguir resolver essa cagada.

Mas vou fazer o possível pra ajudar.

Ele é do mesmo sangue que eu... Não vou virar as costas.

E eu não vou deixar meu irmão morrer em qualquer vala por ai sem nem ao menos tentar.

Fico pensando em quem posso ligar, no que posso vender, em quem falar, pra quem contar.

Ninguém sabe que Leandro é meu irmão, isso tudo por segurança.

Eu não contei pra ninguém... Ninguém exceto...

— Já sei caralho! — Falo lembrando.

— Vai conseguir me ajudar??? — Pergunta esperançoso e eu sorrio pra ele.

— Tu tá falando com teu irmão mais velho porra! Vou limpar essa tua merda! Mas depois você vaza pra bem longe viu muleque? — Ele sorri.

Essa é a forma que a gente demonstra o amor de irmãos.

Eu pego meu celular e começo a rolar pelos contatos.

— Com quem você vai falar?

— Um amigo antigo...

O celular toca e toca...

Mas ninguém atende.

Que que tá rolando?

— Não deu certo?

— Espera, daqui a pouco eu ligo de novo.

Fico pensando se anotei o número errado... Ou se esse mano já mudou de número.

Uns minutos depois, recebo uma ligação.

É ele!

— Leandro, vai lá pra baixo! — Ele me olha confuso e sai do quarto.

Escuto ele descendo as escadas enquanto eu vou pra varanda e atendo.

— Se me ligou é porque fez merda né diz ai? — O cara fala e eu sorrio animado.

— Kevin? Quanto tempo meu mano!

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora