NALA
Abro os olhos e Luiza está deitada do meu lado na cama mexendo no celular.
— Oi! Que bom que você acordou!
— Oi! O que faz aqui? — Pergunto ainda sonolenta e me sento na cama.
— Vim te visitar, ontem tu ficou mal pra caramba...
— Minha vó te viu?
— Não só viu como me deu um sermão daqueles. Disse pra eu cuidar de você e ser uma boa amiga.
— Você é uma boa amiga. — Falo coçando meus olhos.
— Eu sei!! — Começamos a rir do jeito que ela falou. — Aliás, Clebin levou um tiro na perna.
— Sério?? — Fico preocupada. — Mas ele tá bem???
— Tá sim, coisa ruim não morre tão fácil não. — Ela ri. — Tá lá na casa dele, Marcão falou pra nois dar uma passada lá... O que tu acha?
— Vamos sim... Vou só me trocar e comer alguma coisa.
— Beleza, mas falaram que vai ter um churrasquinho lá na casa dele.
— Então tá bom... — Sorrio e me levanto.
Abro as cortinas do meu quarto e tá um sol forte.
Olho as horas e já é meio dia.
Tomo um banho rápido, e escolho minha roupa.
É um vestidinho branco meio amarelado com umas flores roxas por todo ele.
Nas costas tem um leve decote e é de alcinha.
Mostro meu look pra Luiza e ela ama o vestido.
Ela também tá usando um, mas todo branquinho, com uns detalhes em azul.
— Vó, estamos saindo. — Aviso.
— Se cuidem viu! Estou de olho em vocês! — Fala dando um beijo nos nossos rostos e nós saimos rindo.
— Onde ele mora?
— É aqui por perto...
Andamos mais um pouco e chegamos na casa.
Uma casa bem simples mas parece ter um terreno grande atrás.
Sinto o cheio de churrasco daqui.
Batemos na porta e acho que a mãe de Clebin atende.
— Viemos ver o Clebin! — Luiza conta e a mulher sorri.
— Ah sim! Claro! Entrem!
Dá espaço pra gente passar e nós entramos.
— Não reparem na bagunça... Eles estão lá trás! — Fala sorrindo e nós vamos até lá.
Vemos Clebin sentado em uma cadeira com a perna enfaixada. Tem alguns meninos conversando com ele, inclusive Marcão.
Tem meninas também, que ficam nos olhando quando entramos.
— Fala manco. — Luiza o cumprimenta e eu também, com um beijo na bochecha.
— Cala a boca Luiza! Como ceis tão?
— Tudo certo, e você? — Digo.
— Pai tá impossível... Mas foi foda!
— Puta merda, já vai começar... — Marcão se aproxima e fica do meu lado. — Eai Nala.
— Oi! — Sorrio e Clebin continua.
— Vou contar pra vocês como que foi viu? Tava lá, eu e o Marcão, avistando as entrada, quando uns dez cop brotou no bagulho.
— Larga de ser mentiroso! — Marcão rebate e começamos a rir.
— Papo reto pô! Tu tava moscando pra outro lado, a bala comeu pra cada um deles! Dai beleza, até aí tudo certo.
Marcão me olha e revira os olhos. Tive que segurar a risada agora.
— Eu tava bem de olho em tudo, focado no processo e na caminhada, chefe fica até orgulhoso de mim ouvindo eu falar desse jeito... Dai tá... Apareceu mais um esquadrão pra me caçar com umas arma gigantesca, não tinha o que fazer.
— Gigantesco igual esse nariz de mentiroso, nem venha.
— PARA DE INTERROMPER O DESGRAÇADO! Dai um deles atirou em mim, quase foi na minha cabeça tá? Escapei por pouco! Se não fosse a minha rapidez, não estaria mais aqui entre vocês!
— Que bom que você foi forte então Clebin. — Falo comovida com a história e ele faz uma cara de "realmente".
— Vai se fuder, se tu for contar essa porra pra todo mundo, eu atiro em tu! Nois tava lá, quase nem tinha cop passando, o primeiro que apareceu já conseguiu pegar a perna do Clebin! Esse burro tava lá distraído, dai fui eu quem meti bala do cop!
— Porra Marcão, desse jeito tu acaba com meu filme pras moças! Tá querendo a moral toda?
Eles começam a discutir e eu e Luiza só rindo.
— Ó, mas até o chefe veio te ver mesmo... — Nós olhamos pra entrada.
Puma aparece com uma camisa preta solta e um shorts preto também.
Tá com pouca corrente hoje, mas consigo ver a marca da arma na cintura.
Fico de olho nas tatuagens dele, todo de preto assim, fica bonito.
Afasto esses pensamentos e ele se aproxima.
— Qual é Clebin, como tá a perna? — Fala fazendo toque só com ele e com Marcão.
— Tranquilo chefe, aguentei firme... Não te contei como foi ainda né??
— Ele levou um tiro bem de boa e agora tá bem, chega de história! Puta merda! — Marcão fala apressado e eu e Luiza caímos na gargalhada.
Puma nos olha e fixa o olhar em mim.
— E tu?
— Tô bem...
— Bem é uma forma de dizer, quase morreu ontem.
Luiza sua boca abertaaaa!
— Ihhh qual é o papo? — Marcão pergunta e agora eles ficam me olhando.
Quero sumir!!!
— Passou mal e tudo a bixinha, quase desmaiou, baixou pressão e tudo.
Puma me olha de cima a baixo procurando algum ferimento e me olha preocupado.
— Tô bem! Não precisa se preocupar. — Falo olhando nos olhos dele.
— Não me preocupo. — Diz indo conversar com outras pessoas.
— Tava mal e não falou nada por quê? — Marcão pergunta.
— Eu já tô melhor...
— Mas qualquer coisa avisa minha joia. — Clebin diz e eu sorrio.
Depois de um tempo, Puma vai embora e eu e Luiza saímos um pouco depois também.
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Mocinha do Chefe
RomancePuma comanda a quebrada tem um tempo, e desde muito novo teve que aprender a se virar. Frio e sem família, sua vida gira em torno de dinheiro, mulher e droga. Ninguém ousa bater de frente com o chefe. Nala é uma garota simpática que faz de tudo para...