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NALA

Eu fico simplesmente em choque quando Puma me dá um tapa no rosto.

Minha vontade é de chorar, fico olhando pro chão torcendo que ele saia e vá embora e é exatamente o que ele faz.

Me sento no chão, com os joelhos perto do peito e começo a chorar baixinho.

Algo nele me dá gatilho, como se ele me tratasse igual meu pai me tratava e tratava minha mãe.

Tem um nível de raiva, de violência que eu quero longe de mim.

Quando pensei que fosse morar com minha vó, não pensei que tudo isso aconteceria comigo.

Claro que no morro tem pessoas boas e eu também fui me meter justamente com o cara que comanda tudo isso.

Sou muito burra mesmo!

Seco minhas lágrimas e volto pra onde as meninas tavam. Agora tinham vários homens por lá também.

— Tudo bem?? — Mia pergunta olhando meu rosto e eu dou um sorriso meio falso.

— Tá sim. Cadê a Lu?

— Deve tá se agarrando com um doido por ai, ela desceu lá embaixo... Nala, já volto. — Mia comenta e eu olho pra onde ela tá olhando.

Natan está de olho e ela vai até ele.

Depois, me viro pra olhar pras pessoas que estão em baixo. É muita gente.

Tento achar a Luiza, mas não consigo.

Acho legal ficar vendo as pessoas até alguém tocar na minha cintura.

Me viro na hora super assustada.

— Nossa gata, nunca te vi por esses lados. — Um homem que nunca vi na vida se aproxima de mim e segura minha cintura.

— Por favor, se afasta. — Falo já não aguentando mais ficar naquele lugar.

— Duvido que você vai recusar uma tentação dessa! — Ele tenta me beijar e eu o empurro.

Eu nunca ia vencer, o cara era quase o dobro do meu tamanho. Todos os homens aqui são.

O empurro mas não consigo. Quando ele vai se aproximar, sinto seu toque se afastar.

Meu corpo treme de medo mas dou graças a Deus que ele me soltou.

Quando abro os olhos, o cara está no chão e Marcão na minha frente massageando a mão.

— Tá de boa Nala?? — Me pergunta conferindo como estou.

Eu faço "sim" com a cabeça.

Do nada, Clebin chega que nem um furacão onde nós estamos e dá um grande chute na barriga do cara.

— Eai cuzão, acha dahora mexer com a mina dos outros é? Mete o pé!

— Atrasado como sempre, para de passar vergonha cara!

— Chatooo! — Clebin fala manhoso e logo sai de perto batendo o pé de brincadeira.

— Quer vazar? Te levo pra casa. — Marcão convida e eu aceito o convite.

Começamos a caminhar pelo morro em silêncio e quando a música do pagode fica mais baixinha, começamos a conversar.

— Obrigada. — Falo um pouco envergonhada e ele sorri.

— Faria por qualquer uma... Mas de nada.

— Achei que não ia conseguir escapar... Ele era muito maior do que eu.

— Como se fosse muito difícil.

Eu faço uma cara brava pro Marcão e ele já volta no que disse.

— Tô brincando, tô brincando, você é pequena, mas é grande.

— Como assim?

— Olhei tu conversando com o Guizin...

— Ata... Só acho errado uma criança já ter toda essa responsabilidade, e ele me disse que ninguém cuida muito dele.

— Aqui muita gente e muito adolescente se cuida sozinho. Os queridinhos do governo invadem e sempre matam gente inocente.

— Isso é horrível.

— É... Mas é a realidade. Se meter com Puma por causa disso vai te trazer um puta de um problema. Tu já trampa com ele todo dia, tá aguentando até demais.

— Faz tempo que ele comanda aqui?

— Uns anos. Sempre comandou bem e faz de tudo pra nossa segurança, mas é o típico sangue quente.

— Tô percebendo.

— Cuidado com ele, porque se fizer algo pra tu, não posso te proteger. — Ele alerta me olhando nos olhos.

— Tudo bem...

Andamos mais um pouquinho e logo chegamos na frente da minha casa.

— Tá entregue princesa.

— Obrigada, e obrigada de novo por aquilo...

— Imagina. — Marcão se aproxima devagarzinho...

Eu tava fechando os olhos enquanto ele se aproximava do meu rosto.

Quase nos beijamos, se não fosse um barulho que minha vó fez tentando abrir a porta.

— Nala, é você??

— Você tem que ir rápido! Ela acha que eu sai com a Luiza! — Sussurro pro Marcão e ele dá risada.

Me dá um beijo na bochecha e sai rapidinho.

Arrumo minha postura e minha vó abre a porta.

— Sou eu sim vó.

— Onde você se meteu menina? — Ela dá um tapinha na minha cabeça quando eu passo pela porta.

— Ai!

— É noite já! E cadê a tua amiga?

— Foi pra um pagodinho.

— Hmm, bom mesmo você não ter ido, o perigo nesses lugares é maior ainda. Só estamos seguros em casa e olhe lá!

Conversamos mais um pouco sobre nosso dia.

Ela me perguntou como foi e eu falei que tudo bem, que só fico na casa limpando e contei sobre a Leidy.

Minha vó ficou mais segura que ela tá lá pra me proteger e comentou de qualquer dia tomarmos um café todas juntas.

Depois disso, vou pro banheiro, tomo um banho bem quente, coloco um pijaminha e me deito.

Já era tarde e eu tinha que acordar cedo.

E que amanhã seja um dia melhor!

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora