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MIA

Talvez ninguém saiba, talvez ninguém fale muito sobre ou talvez só eu fui burra demais pra continuar em um relacionamento agressivo assim.

Natan é importante pra mim, no começo, me tratou tão bem e foi gentil, mas com o tempo, tudo muda, as pessoas mudam e o jeito que elas te tratam também.

Eu queria um amor para sempre, um felizes para sempre, mas aqui no morro sabe... Depois que eu percebi que eu não viveria isso, fiquei em choque...

Mas tudo bem! O que era um tapa? O que era isso perto de todo o amor que eu sentia por aquele homem, aquele homem que poxa... Será que me amava de verdade?

Era amor?

Era! Porque eu sei o que senti, mas sei o que me sinto hoje me vendo nessa situação.

Precisei desabafar com alguém e falei com Nala, que eu nem conhecia!

Quando falei pra Luiza ontem, e elas me falaram sobre terminar com ele... Eu falei que sim só pra elas não se preocuparem...

A verdade, é que eu não quero aceitar que deu errado, não quero acreditar que tô passando por isso e ficando calada.

Eu tenho medo, tenho medo de falar, de mostrar, de algo acontecer comigo, dele me matar, como tantas vezes disse que faria.

Eu tô cansada dele dizer que vai mudar e não muda, cansada dele beber todo dia e descontar em mim...

Eu mereço isso?

Fico a tarde toda pensando no que fazer e que preciso encarar a realidade.

Nem que eu acabe em um beco qualquer jogada por ai, morta, eu não quero viver nem mais um dia presa nisso!

Vou pra casa, tomo um longo banho e coloco literalmente qualquer roupa que acho no meu guarda roupa.

Vou pro baile.

Subo pro camarote e eu tô determinada.

Chego nele e sinto minhas pernas falharem e uma vontade imensa de chorar, mas aguento firme.

Tenho que aguentar, é por mim que eu tô fazendo isso.

Força Mia!

— Natan. — O chamo e ele me encara com aqueles olhos vermelhos. — Temos que terminar... — Falo de uma vez e ele ri.

— Terminar porra nenhuma, tu tá indo na onda daquelas suas amiguinhas e tu vai se fuder! — Ele aponta o dedo pra mim.

— Por favor! Não aguento mais isso! Por favor me libera Natan! Me deixa! — Falo com as lágrimas escorrendo.

Isso não significa nada pra ele.

— Foda-se, dorme que amanhã é outro dia! Vai ficar comigo e não vai terminar poha nenhuma! — Ele aperta meu braço forte e eu sinto a dor.

— Para! — Falo alto e ele dá um tapa na minha cara.

— Cala a boca! Tu é minha mulher! Me respeita caralho!

Sinto o outro tapa queimar no meu rosto.

Vejo Nala se enfiar no meio da gente.

— NÃO É PRA VOCÊ ENCOSTAR MAIS NENHUM DEDO NELA! — Diz alto e as pessoas começam a notar.

Eu sinto estar ali, mas sinto não estar também...

A real é que, eu não tenho mais forças...

Eu não consigo fazer mais isso sozinha...

PUMA

Eu tava de boa fumando um baseado, até que vejo alguma porra acontecendo ali na frente.

Olho pra Nala e ela tá encarando o Natan com a mina dele.

Fico de olho.

Quando vejo, ela parte pra cima dos dois e fica no meio entre eles.

— Que que essa louca tá aprontando? — Falo baixo mas IG escuta e olha na mesma direção que eu.

— NÃO É PRA VOCÊ ENCOSTAR MAIS NENHUM DEDO NELA! — Nala grita e puta merda.

Essa mina tá mais pra pitbull do que pinscher! Ela quer morrer mesmo!

Quando vejo a reação de Natan, eu chego até lá em um segundo.

Vou ter que defender a mocinha, não tem jeito.

NALA

Eu não tô mais nem ai!

Vejo a mão dele levantar pra cima de mim e já espero sentir o tapa e fecho os olhos.

Quando os abro, Puma tá segurando o braço do Natan.

Respiro fundo e fico encarando ele.

— Se tu bater nela tá fudido Natan! Para com essa merda! — Puma diz firme e fica por isso.

A mas não vai ficar por isso nada!

— PUMA! CARALHO! — Grito e ele me encara puto. — Ele bate nela porra, você não vai fazer nada??

— Eu não tenho nada a ver com essa merda!

— O MORRO É TEU PUMA! VAI DEIXAR ISSO ACONTECER E FECHAR OS OLHOS OU TU VAI FAZER ALGUMA COISA? — Ele me encara como se eu fosse uma louca.

Então tá!

Me viro pra Mia.

— Posso? — Pergunto sobre levantar a camisa e ela deixa. Eu a levanto e as marcas roxas aparecem. — Tá vendo ou tu é cego Puma?

Puma se aproxima de mim.

— Se tu falar comigo desse jeito de novo, eu te mato. — Diz e se vira pro Natan.

Puma dá um puta soco na cara dele, que faz ele cair no chão.

Eu até me assusto com o soco e dou um passo pra trás.

Puma continua os socos e eu vejo aquele rosto se deformar e o sangue esconder tudo.

Não parava de sair sangue.

Luiza abraça Mia enquanto isso.

— Puma... — Sussurro mas Puma não para.

Ele continua e já tá todo mundo olhando.

Olho para os homens amigos dele, mas eles tão de braços cruzados sem fazer nada.

Meu Deus!

Depois, Puma levanta com a mão cheia de sangue e me olha.

— O filho da puta não vai nunca mais incomodar a tua amiga. — Fala com a voz grossa e tentando recuperar o fôlego.

Seus olhos estão com uma expressão de raiva que me assusta...

Ele sai indo pro canto que ele sempre fica e começa a fumar um cigarro.

— Nala... Vamos... — Luiza diz e eu concordo.

Dou mais uma olhada em Puma antes de sair e ele tá de braços cruzados com cara séria olhando pra mim.

Eu faço um sinal com a cabeça, como se tivesse agradecendo e desço o camarote.

Digo para Luiza e Mia dormirem na minha casa e elas aceitam.

Arrumo as coisas e como minha cama é de casal, cabe nois três ali.

Deixamos ela no meio e a abraçamos.

Ela tá chorando baixinho ainda e isso quebra meu coração.

— Desculpa Mia... Não sei se fiz o certo ou o que você queria... — Falo também com lágrimas nos olhos agora.

— Você me salvou Nala... Obrigado... — Fala baixinho e adormece.

Não consigo nem pensar em tudo o que ela já passou com aquele cara...

Quero ver ela feliz e bem... Ela merece isso!

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora