PUMA
Tô sem saco pra aguentar baile hoje. Fico só olhando as pessoas e não uso nem a droga que tinha pedido pro Marcão trazer.
Patrícia já veio aqui me atazanar, mas já mandei a puta embora. Tava cheia de maquiagem e toda empiriquitada pra mim, mas hoje não tô com cabeça.
— Tô vazando. — Aviso o Paiva e ele me encara.
— Ué, mas já?
— Aham. — Saio indo pra casa.
Hoje só quero ficar susse.
Quando tô passando perto de uns becos de atalho, escuto umas vozes de uns caras e vou ver que que tá rolando.
Apareço na entrada do beco e vejo três homens com aquela mina.
Tinha que ser ela mesmo jogada nesse beco, ô mulher idiota puta merda!
A salvo ou deixo ela se foder? Querendo ou não, ela não é da minha conta.
Foda-se.
Me aproximo dos cara.
— Deixa ela quieta caralho! — Falo alto e eles se assustam.
Quando me veem, já se afastam.
— Foi mal chefe. — Dizem e correm dali.
Eu reviro os olhos e vejo a mina sentada no chão chorando.
— Que mina descuidada do caralho, sabe que não pode ficar jogada no beco ainda mais essas horas — Falo e ela chora mais ainda.
Ela se abraça com as pernas e fica tão pequenininha desse jeito...
Algo em mim fica com dó.
Me aproximo para levantá-la mas ela vira pro lado e começa a vomitar no chão.
— Só pode ser brincadeira! — Murmurro e seguro rápido o cabelo dela, que já ia ficar todo gorfado.
Ela vomita mais e eu me arrependo de ter a encontrado.
Ela para de vomitar e quase deita no chão.
— Consegue levantar? — Pergunto, mas tô com raiva ainda de ter que ficar aqui.
O "sim" com a cabeça dela confirma e eu puxo suas mãos, a levantando.
Ela cambaleia que nem uma bêbada, nem andar essa infeliz consegue.
Reviro os olhos novamente e pego ela no colo, com a cabeça pra um lado e as pernas para o outro.
— O que tá...
— Cala a boca!
Era só o que me faltava, sinceramente.
Caminho mais um pouco e chegamos em casa.
Subo as escadas e sério, que menina leve.
Ela fica quietinha o tempo inteiro, parece estar cansada.
Eu a levo pro quarto de hóspedes e a largo na cama.
— Óbvio que tu tava bêbada, já bebeu alguma vez na tua vida? — Pergunto e ela nega com a cabeça. — Tu é muito irresponsável, deu sorte de eu estar passando por aquele beco, eles iam te...
— Para! — Ela começa a chorar muito.
Eu sei lá o que fazer, nunca vi uma mina chorar tanto assim.
— Ou! Para de chorar. — Digo mas ela não para.
Eu tentei...
— Fiquei com medo! Se você não tivesse chegado... — Ela se encolhe e fica pequenininha de novo.
— Tu me ajudou com o mano que roubou as arma, agora eu te ajudei. Certo pelo certo.
— Se eu não tivesse dedurado ele, ele ainda estaria vivo. — Ela deixa as lágrimas cairem mais ainda.
Que mina sentimental, meu caralho.
— Ele morreria de qualquer jeito, fica susse. — Me levanto.
— Onde você vai?
Saio do quarto deixando a porta aberta e entro no meu.
Pego uma camiseta preta básica e volto pro quarto que ela tá.
Jogo a camisa do lado dela.
— Que isso? — Ela se senta de pernas cruzadas e limpa as lágrimas com as mãos.
Devo admitir, achei bem fofo as bochechas vermelinhas.
Mas fico com cara fechada pra ela.
— Tá cega? Uma camisa porra. Tua roupa tá suja.
Ela se olha e vê que tá meio suja mesmo.
— Pode virar? — Eu a encaro. — Por favor... — Eu viro e cruzo os braços. — Pronto. — Me desviro.
Vejo ela só com minha camiseta, que ficou gigante nela.
Me sento do seu lado e fico prestando atenção em seu rosto.
Caralho, essa mina é muito linda.
Com essa carinha meio inchada de chorar então...
Vejo que ela fica toda envergonhada com meu olhar e fica olhando pra baixo.
— Acho que... Vou pra casa. — Ela se levanta. Mina baixinha da porra.
Eu coloco meus braços pra trás enquanto ela tá de pé na minha frente.
Abro mais minhas pernas e ela fica mais nervosa.
— Dorme aqui. — Falo vendo seu rosto voltar a ficar vermelho.
Eu amo isso e seguro a risada.
— Não! Tenho que ir...
— E vai sozinha? E se algum cara te agarrar na rua, quem que vai te proteger?
— Pode me levar então? — Ela pede com jeitinho.
Eu finjo pensar na situação.
— Não. — Respondo sorrindo e ela faz cara de brava.
Filha da puta, ela brava assim é mais gata ainda.
— Dorme aí, já mandei!
— Tá! — Se senta na cama de novo.
Eu dou mais uma olhada nela e me levanto.
— Tô vazando então.
— Tá... Puma! — Chama quando vou sair do quarto. — Obrigada. Obrigada mesmo. — Diz e eu fico puto porque fico com vontade de sorrir.
— Suave. — Respondo e fecho a porta.
Vou pro meu quarto e me deito.
Nada faz eu conseguir tirar da minha mente ela só com a minha camisa no corpo.
Essa mina tem alguma coisa...
VOCÊ ESTÁ LENDO
Mocinha do Chefe
RomancePuma comanda a quebrada tem um tempo, e desde muito novo teve que aprender a se virar. Frio e sem família, sua vida gira em torno de dinheiro, mulher e droga. Ninguém ousa bater de frente com o chefe. Nala é uma garota simpática que faz de tudo para...