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NALA

Puma meteu um soco na cara do Bernardo, que aliás, foi muito legal com a gente.

Ele brincou com as criancinhas e elas o adoraram.

Enfim, meteu um soco nele e depois foi a vez do Marcão.

Sendo que Marcão tava até que meio longinho...

— Ihh! Acho que tem a ver contigo viu? — Luiza comenta e eu a olho confusa e volto o olhar pro campo pra ver o que acontece.

Puma sai da quadra puto da cara e entra em um banheiro, que acho que é um vestiário, sei lá.

Vejo a galera tentar se acalmar e Bernardo e Marcão ficam sem entender nada.

Eles decidem voltar com o jogo e deixar Puma de lado.

Com total razão né.

Ninguém segura mais a fera.

— Onde você tá indo? — Luiza pergunta vendo eu andando.

— Já volto! — Falo e sigo exatamente pra onde Puma entrou.

Ando mais um pouquinho e vejo Puma sentado encarando a mão dele.

Consigo ouvir sua respiração pesada daqui.

Ele escuta eu me aproximar e me encara e depois volta a olhar pra sua mão.

Eu me sento do lado dele e cruzo as pernas no banco.

Ficamos em silêncio até eu falar.

— Deixa eu ver... — Digo tentando pegar sua mão e pra minha surpresa, ele realmente deixa.

Encosto nela com cuidado. Ele já lavou, saiu um pouco do sangue mas ainda tá bem machucada no lugar dos ossinhos.

Eu fico observando os machucados com atenção.

— Vai precisar de um curativo... — Digo.

— Não precisa, já melhora.

— Com um curativo melhora mais rápido... E talvez te impeça de bater em todo mundo...  — Puma me olha bravo.

— Você não sabe de nada.

— Por que bateu neles?

— Porque eu quis!

— Marcão nem fez nada.

— Então porque você não vai lá ver como a porra da cara dele tá? — Ele se levanta nervoso e eu me levanto também.

— Você... Você tá com ciúmes Puma? — Ele fica me olhando como se eu tivesse descoberto algo, então coça o cabelo meio desconfortável.

— Que porra de ciúmes o que! Não tenho essa merda não!

— Aé? Eu acho que é ciúmes, porque pensa, primeiro foi o Marcão que me beijou dai você brigou com ele e dai o Bernardo se aproxima e...

Puma me beija.

Meu Deus! Ele me beija.

Foi só um selinho demorado... E ele se afasta.

— Tu não cala a porra da boca nunca, já percebeu? E só não te agarro aqui, porque se alguém entrar, vão achar que tu é minha fiel.

— Nunca serei.

— Tomara mesmo, tu só é problema.

— É, bom que uma hora você me xinga e outra hora tá me beijando né? Se decida. — Ele revira os olhos e sai andando.

Esse cara é doido.

PUMA

Meu sangue ferve, meu coração bate rápido, a vontade de socar uma parede é grande!

Tudo isso passa.

Tudo o que era raiva, se tranforma em outra parada quando eu beijo ela.

Não é amor, óbvio!

Eu não quero nada com ninguém e tô feliz pra caralho nessa vida e puto.

Mas sei lá, só a sensação de ter que abaixar um pouco pra dar um simples selinho na boca dela, jamais fiz algo assim.

Eu sei lá que porra tá acontecendo mas eu não tô gostando.

Saio do vestiário e entro na quadra e no jogo de novo.

Bernardo e Marcão me encaram e eu finjo nem ver o olhar deles sob mim.

Incrivelmente, meu time ganha de 10 à 6, com alguns gols meus.

Quando olho pra arquibancada, ela não tá mais lá.

— O Puma, bora trocar uma ideia... — Thomas chega e nois vamo pra arquibancada conversa.

— Qualé? — Pergunto.

— Tu tá pegando a Nala né?

Eu o encaro surpreso com o que ele diz.

— Não...? — Porra, saiu sem convicção nenhuma isso. — Tô nada paizão.

— Aé? Ficou bem claro pra mim depois do soco sem motivo nenhum no Marcão.

— Por que? O Marcão se aproximou demais caralho.

— Eu e o IG nois tava até mais perto que ele e tu foi direto nele. Tu tem que controlar essa tua raiva menor, tu é o dono da parada aqui, tem que ter cabeça pra comandar essa favela.

— Eu tenho cabeça, mas meu sangue ferve vendo umas parada.

— Quando eu e minha muié, nois namorava, eu ficava do mesmo jeitinho que tú mané.

Eu o encaro.

Thomas tá nesse morro à tempos e já tem umas 4 crias com a mesma mulher.

Nunca o vi com outra, ele sempre a respeita e é difícil ir beber com nois.

Querendo ou não, experiência esse bicho tem e até que eu tiro o chapéu por causa disso.

— Eu tô normal!

— Aham, geral sabe que tu não é flor que se cheire, mas agora tu tá que nem um drogado agindo por impulso.

Fico pensativo.

— Vô ser sincero contigo Puma. Ou tu tá se drogando demais e precisa parar com essa porra, ou tu tá amando...

Ouvir ele dizer aquilo foi como um tiro no meu peito.

Amando o meu pau!

Thomas diz aquilo e sai como se não fosse nada?

O que aquele velho idiota sabe sobre amar, amor, se fude!

E vem falar baboseira pra mim ainda? É muita cara de pau!

Tá mais tonto do que sei lá!

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora