PUMA
Ela literalmente bateu com a porta na minha cara?
Essa menina me tira do sério na moral! Que ódio!
Ela nunca se entrega, qual o problema dela?
Volto pro baile andando. Tem gente pra caralho aqui ainda.
Vou pro meu canto com os muleque.
— Fut amanhã chefe?? — Paiva pergunta como se estivesse combinando o fut agora mesmo.
— Jae. Suave Marcão? — Pergunto vendo ele no canto.
— Suave. — Diz meio pra baixo.
Eu deixei umas puta de umas marca na cara dele, tá feia pra caralho.
Quem sabe assim a Nala não queira mais ver esse fudido né.
Fica um climão até o IG puxar um papo sobre as arma e os cop.
— Tu acha que sobem de novo? — Ele me pergunta e eu penso sobre.
— Sei não, ceis que tem que tá mais ligado com isso. Como que tá lá fora?
— Parece de boa, acho que não sobem tão cedo.
— Melhor assim... Que horas o fut?
— Umas 14.
— Fechou. Tô vazando então.
— Já chefe?
— Aham.
Começo a andar e logo chego em casa sem mina nenhuma, o que é uma raridade depois desses baile.
Me deito na cama e fico pensando no beijo da mocinha...
Já sinto meu pau duro só de pensar naquele corpo dela e em eu a prensando contra a parede hoje.
Porra!
É agora que eu não consigo dormir sem bater uma punheta!
***
Acordo dez horas e já vou pra cozinha.
Leidy deixa sempre uns bolo e uns bagulho pra eu comer nos finais de semana, já que ela não fica por aqui.
Eu como um pão com mortadela e um bolo lá que ela fez.
Tomo café também e já subo me trocar.
Fico sem camisa, tá um puta de um sol lá fora.
Coloco minhas corrente, um shorts cinza e um boné virado pra trás.
Hoje o jogo é no campo, então já lanço meu chinelo branco que depois nois tira na hora.
Saio de casa, dou um salve no Sanches, o cara da portaria, e vou pro campo.
Chegando lá, vejo um monte de criança.
Tá de sacanagem né, esses pivete tem pai não? E como que eles sabem exatamente onde nois vai jogar?
Já tem galera na arquibancada, mas nenhum dos mano chegaram ainda.
Sento lá e dou uma olhada em volta.
Porra, essa favela com esse sol fica lindo demais.
Amo pra caralho ter essa visão do meu morro, e saber que quem comanda isso aqui sou eu, é tesão pra caralho.
Dou mais uma olhada e vejo Guizin num canto mexendo todo torto com a arma.
Reviro os olhos e vou até ele.
— Fala Guizin. — Digo e ele me cumprimenta com um toque.
— Fala chefe. — Essa voz fina dele é engraçada.
Esse muleque tem um medo do caralho de mim, consigo ver em seus olhos.
— Bora que eu vou te passar umas visão de cria aqui. — Falo e ele fica de frente pra mim. — Aponta a arma pra mim.
— O que?? — Me olha incrédulo e eu respiro fundo.
— É uma ordem caralho! — Digo e ele ainda não age.
Tiro minha arma e aponto pra ele em um segundo. Ele começa a tremer na base já.
— Vai porra! — Falo alto e o pivete levanta a arma pra mim tudo torta. — Não é assim porra, como tu quer proteger a favela desse jeito? — Abaixo minha arma e fico do lado dele pra mostrar como que se faz. — Assim.
— Ataaaa... Não sabia...
— É melhor saber Guizin, tu não quer ser um dos mais fodas aqui?
— Quero...
— Então tu tem que saber fazer essas porra, tem que saber atirar, saber segurar uma pistola, um rifle, essas parada.
— Tabom...
— E para com essa cara de criança, tu já é quase homem porra! — Bato nas costas dele e ele já arruma a postura e começa a treinar como que segura o pente. — Agora tá melhor! — Falo e ele sorri orgulhoso.
Reparo ele olhando pra alguma coisa.
Acompanho seu olhar e vejo ele de olho nas crianças correndo pelo campo.
— Foco no processo muleque! — Ele volta a prestar atenção. — Tu já não é mais criança pra ficar com essas brincadeira não.
— Aquela mulher disse que eu ainda era uma criança... — Fala meio triste e me olha.
— Aquela porra de mulher é uma idiota! Tu vai na dela que não é nada aqui no morro ou vai na minha?
— Na sua...
— Bom mesmo! Tu tem sempre que ficar do lado que quem manda aqui!
— Então eu tenho que falar pra ela que não posso ir? — Ele me pergunta e eu fico confuso.
— Como assim pivete? — Olho pra trás de novo e vejo Nala chamando Guizin com a mão.
É pra acabar mesmo!
Vejo ele fazendo que "não" com o dedo e ela olha confusa.
Ela literalmente vem lá de longe até onde a gente tá.
Já consigo ver a cara de brava daqui.
— Deixa ele brincar com a gente! — Ela começa.
É brincadeira, só pode!
Que porra eu fiz pra merecer isso?
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Mocinha do Chefe
RomancePuma comanda a quebrada tem um tempo, e desde muito novo teve que aprender a se virar. Frio e sem família, sua vida gira em torno de dinheiro, mulher e droga. Ninguém ousa bater de frente com o chefe. Nala é uma garota simpática que faz de tudo para...