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NALA

Foi muito pesado tudo o que aconteceu hoje.

Marcão conversou um pouco comigo mas eu na verdade queria ficar sozinha, não tava muito com cabeça pra nada.

Não achei que doeria tanto eu ver o pequenininho naquele caixão, mas doeu mais que tudo.

Já veio tantas emoções e tantas lembranças da minha mãe e do meu pai.

Me senti muito afetada com isso...

Voltei pra casa andando e minha vó tava sentada no sofá me esperando.

— Voltei. — Eu chego perto dela e a abraço.

Sentamos no sofá, olhando uma para a outra.

— Como você tá minha filha?

— Não sei vó... Doeu tanto em mim...

— Você o conhecia né?

— Conhecia sim... A gente já tinha se visto e brincamos esse final de semana mesmo... Foi tão legal. Era uma criança tão feliz...

— Todas as crianças merecem ser assim.

— Ele se foi muito novo... — Fico triste novamente e minha vó pega na minha mão e me olha.

— Isso acontece minha querida... Deus sabe de todas as coisas, ponha na mão dele.

— Tudo bem...

— Pensa que ele tá em um lugar melhor protegendo a gente.

— Foi isso que eu falei... — Digo baixinho mas ela escuta.

— Falou pra quem?

— Pra um amigo meu, falei que ele tá olhando lá de cima e cuidando de nós.

— Isso mesmo! Tem coisas que acontecem na vida, que precisam acontecer... Temos que ser fortes e lidar com isso.

— A senhora tá certa...

— Não fique mais chorando, vai ficar tudo bem. — Ela me abraça novamente e me dá um beijo na testa.

Sentir aquele toque me deixou muito mais calma.

Hoje, quando eu e Marcão estávamos juntos, ele me disse que qualquer coisa era só ligar, que ele tava lá por mim.

Ele me abraçou quase o tempo todo...

Puma tava na nossa frente e olhou pra gente apenas uma vez.

Me senti mal com aquilo, por não estar ao lado dele ali...

Tava claro pra todo mundo que ele ficou muito mal com tudo isso...

Puma se sente culpado pelo o que aconteceu e eu juro que não achei que ele agiria dessa forma.

Achei que como ele é o dono daqui, já estaria acostumado a essas coisas, mas acho que com ele foi diferente dessa vez.

Eu cuidei o melhor que pude daquele ferimento na costela...

Quando o vi quase saindo pela janela hoje de manhã, fiquei triste, porque queria ele perto de mim.

Não sei explicar, acho que tô sentindo muita coisa...

Minha vó foi deitar e eu também já vou pro meu quarto.

Escuto meu celular notificar mas eu ignoro e vou tomar um banho.

Depois do banho e de colocar um pijama, eu vejo qual foi a notificação.

— Como tu tá?

— É o Puma.

Duas mensagens dele.

Me deito na cama e já começo a digitar.

— Aceitando melhor as coisas, e vc?

Em poucos segundos ele já me responde.

— Tbm.

Ele manda outra mensagem.

— Mas n sei se aguento essa culpa.

Fico confusa com essa mensagem.

— Cm assim?

— Sei lá, pra falar a real tô meio tonto.

— Vc não tem culpa de nada, fica tranquilo Puma.

— Vô fica.

— Já tá deitado?

Ele não me responde...

Fico esperando ele me responder e voltar a ficar online, mas não acontece.

Já tava ficando tarde e eu estranho esse sumido do nada.

Será que aconteceu alguma coisa?

Ele não pode ter ficado bravo comigo, eu só perguntei se ele tava deitado...

Fico encarando por mais de uma hora aquela mensagem, até que eu decido fechar os olhos e dormir.

***

Acordei mais cedo hoje, antes até do despertador tocar.

Verifiquei meu celular e nada de mensagem.

Ou seja, Puma não me responde desde a madrugada...

Me levanto da cama, coloco uma calça legging preta com uma camisa, porque tá frio ainda.

— Vó? Acordada a essas horas? — Entro na cozinha.

— Já tô sim minha filha, tá cedo mas tenho umas coisas pra fazer.

— Tabom! — Me sento pra tomar café da manhã com ela.

Eu tomo um cafézinho bem rápido.

— Por que tanta pressa querida? E você acordou cedo também, normalmente acorda mais tarde.

— Quero ver uma coisa... Já tô indo já, até depois vó! — Falo saindo de casa e andando até a casa do Puma.

Sanches nem tinha chegado ainda na portaria, tava cedo mesmo...

Abro devagar a porta e ela tá aberta.

O que é um perigo, imagina se fosse qualquer outra pessoa né.

Entro na casa e tá tudo bem silencioso.

Vou pra cozinha e a Leidy também não chegou, o que era de se pensar mesmo.

Subo as escadas e a porta do Puma tá fechada.

Eu chego perto da porta e bato nela.

— Puma?? — Falo meio alto caso ele ainda esteja dormindo. — Puma? Posso entrar? — Ele não responde.

Será que ele tá no quarto mesmo?

Finalmente quando abro a porta, vejo ele deitado na cama.

No começo pensei que tava tudo bem... Até ver as drogas jogadas na mesa.

Mocinha do ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora