𝓔u ainda lembro.
Ainda lembro do dia em que eu soube, aquele... Maldito dia.Antes das confusões, das lágrimas, das dores. Antes de ter todos os meus sentimentos reduzidos a cinzas.
Ainda lembro da brisa gelada daquela noite percorrendo o meu corpo, trazendo o cheiro persistente da maresia. Era feriado de 4 de Julho e as nuvens carregadas tomaram conta do céu.E ela estava lá, deslizando a mão pelo meio dos meus cabelos ao mesmo tempo que mantinha minha cabeça apoiada em suas coxas.
Depois do acidente, poucas coisas eram capazes de me fazer realmente relaxar, e o seu toque era a maior delas.Era engraçado como estar deitado na areia com ela parecia bem mais confortável do que passar horas na minha cama, sozinho.
— Uma coisa eu realmente sabia, sabia com a pontada do meu estômago, no centro dos meus ossos, sabia isso do topo da minha cabeça até as solas dos pés, sabia isso no meu peito vazio, o amor por uma pessoa pode ter o poder de te destruir.
Era mais um capítulo de Lua Nova e —, apesar de amar toda a história de Edward e Bella — eu já não ouvia mais nada depois do primeiro parágrafo. E a garota deve ter notado, porque parou subitamente e deixou o livro de lado antes de fixar os olhos nos meus. Não havia qualquer resquício de raiva ou desapontamento. Na verdade, um sorriso de canto esticou seus lábios e...
Cacete, garota. Foi devastador.
Meu peito inflou como um balão e minhas costelas doíam, como se meu coração estivesse grande demais para caber ali dentro.
Tive a mesma sensação de estar em frente a linha de chegada, nos últimos minutos do final da corrida, quando tudo depende de mim mesmo. O frio se instalou na minha coluna, se alojando no meu estômago e eu só me dei conta do suor nas palmas das minhas mãos quando seus dedos fizeram cócegas na minha pele, dedilhando desenhos aleatórios.E, então, naquela porra de momento, eu soube que estava apaixonado por ela. Eu tive certeza. Não precisei de sexo ou qualquer coisa grandiosa para descobrir.
Tudo o que eu precisei foi de um sorriso de canto e um olhar cansado em uma tarde chuvosa de 4 de Julho.— Você é a única coisa que vale a pena nessa merda de cidade — confessei, afastando seus cabelos cor de chocolate do rosto.
Ela sorriu de canto e aconchegou o rosto na palma da minha mão.
— Gosto do jeito que você é agressivo mesmo quando é fofo — o sorriso se transformou em uma risada aconchegante.
Eu estava fodidamente apaixonado por ela.
Mas esse sentimento nunca fez diferença, porque ela se foi.
Não deixou rastros, nem um telefonema, nem a merda de uma mensagem de texto.
Checava a minha caixa postal todos os dias, mas não havia nada. Ela partiu sem explicação e sem despedida, e levou a porra do meu coração junto. Demorei meses para aceitar que ela não voltaria e, ainda assim, continuei dormindo com o trinco da janela aberto, na esperança de que a mesma decidisse aparecer.Não aconteceu.
O fato dela me conhecer bem me deixou vulnerável ao nível de eu não ter nenhum anticorpo pra me proteger. Quando dizem que amor é fraqueza, eles estão falando disso. Estão falando de confiar ao ponto de deixar os seus pontos fracos expostos, sem medo ou receio algum de que a pessoa que você ama e confia vá te apunhalar bem ali.
Poucas coisas conseguiram me quebrar da forma que a filha da puta fez.
E é por esse motivo que eu imploro:
Não volte.
Nunca mais.
VOCÊ ESTÁ LENDO
ℳeu ℰclipse , dark boy
Teen Fiction❛ 𝗻𝗼𝘄 you're 𝗷𝘂𝘀𝘁 somebady that 𝗶 used 𝘁𝗼 know. ❜ Destruidor na pista e na cama, Tyler Connor é um piloto de racha acostumado a ter adrenalina correndo em suas veias, faz jus à toda fama de cafajeste que carrega. Mas tudo se...