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𝓜iami, Flórida.
Autora.

𝓝aquela manhã, o sol mal começava a despontar no horizonte quando Cassie acordou com luzes vermelhas e azuis pela sua janela aberta. Ela sabia que não tinha escolha, que aquela viagem estava decidida antes mesmo que pudesse ter uma palavra a dizer. A casa estava mergulhada em uma quietude inquietante, o tipo de silêncio que precede uma tempestade. Ela se levantou, vestindo a primeira roupa que encontrou, enquanto sua mãe estava na cozinha, preparando um café rápido.

— Oliver disse que você pode me ligar todos os dias — disse Elena, sua voz baixa e triste. — Mas vou ficar aqui para resolver tudo e garantir que você fique bem.

Cassie apenas assentiu, sem conseguir encontrar palavras. Estava claro que sua mãe estava tentando confortá-la, mas havia uma melancolia profunda em seus olhos que fazia Cassie se sentir ainda mais impotente, se sentir frágil sem ter para onde fugir das garras de seu pai.

Quando finalmente saíram, a cena do lado de fora era desconcertante. Em frente à casa, havia vários policiais, uniformizados e com uma postura sobrecarregada. Todos faziam parte do círculo de confiança de Oliver, e ela sabia — não precisava ser um gênio — que não estavam ali apenas para garantir sua segurança. Eles estavam ali para controlar a narrativa, para abafar qualquer rumor ou curiosidade sobre o que estava acontecendo. Esse é o poder que um Delegado da Polícia Federal tem.

O pai de Cassie estava à porta, falando baixo com alguns dos policiais. Quando a viu, ele se aproximou, pegando sua mala sem dizer uma palavra. A frieza em seus olhos contrastava com o calor opressor da manhã. Ele não precisou dizer nada para que Cassie entendesse a mensagem. Não havia espaço para contestação.

Elena veio até ela, segurando suas mãos.

— Lembre-se de que eu sempre estarei aqui para você, não importa o que aconteça — ela a puxou para um abraço apertado, e a garota indefesa sentiu as lágrimas da mãe molharem seu ombro.

Um dos policiais se aproximou, interrompendo o momento.

— Senhora, precisamos garantir que tudo esteja sob controle aqui. Agradecemos sua cooperação.

Elena soltou as mãos da filha, assentindo com uma expressão angustiada. Cassie se afastou lentamente, sentindo um peso no coração. Olhou para trás uma última vez, vendo sua mãe de pé na porta, os olhos cheios de preocupação e tristeza. O carro estava esperando, e seu pai já estava sentado no banco do motorista, impaciente.

A garota entrou no carro e fechou a porta, sentindo o ar-condicionado gelado contrastar com o calor do lado de fora. Os policiais observavam com atenção, suas expressões duras e impassíveis. Ela sabia que, para eles, era apenas mais uma peça em um jogo maior, um segredo que precisava ser mantido. Um segredo que ninguém mais vai saber.

Quando o carro começou a se mover, Cassie se sentiu como uma prisioneira sendo levada para um lugar desconhecido. O peso da situação era esmagador, mas ela tentou se concentrar no fato de que aquilo não seria para sempre.

Enquanto se afastavam da casa, viu sua mãe desaparecer de vista, deixando-a com uma sensação de vazio que parecia aumentar a cada metro percorrido.

— Vou ficar fora por quanto tempo? — ela pergunta, ingênua.

Oliver a olhou brevemente de canto, sua expressão séria e impenetrável.

— Poucas semanas — ele mente.

Mas a garota parece acreditar. Ela queria acreditar. A ideia de que seria apenas uma breve separação a confortava, mesmo que algo em seu íntimo lhe dissesse que havia mais do que seu pai estava relevando.

Mal sabia que dentro dessas "poucas semanas", cinco anos se passariam. Cinco anos de sufoco, vivendo sob rígidas regras, sem seus amigos, e da vida que conhecia.

Ela não sabia o que a esperava, mas tinha certeza de uma coisa, nada seria como antes.

kiss, tori

ℳeu ℰclipse    ,   dark boyOnde histórias criam vida. Descubra agora